Vale admite plano de fechamento das minas de Itabira, sem alarde

Usina Cauê: com o fim do minério, estrutura não tem finalidade definida

  • UM FUTURO DUVIDOSO

21/06/2024 – Foi no mínimo superficial a apresentação do Plano de Fechamento das Minas (PFM) de Itabira e de uso futuro das estruturas ao Conselho Municipal de Meio Ambiente (Codema), durante a reunião de sexta-feira (14), no auditório da Secretaria Municipal de Meio Ambiente.

O plano é exigência da Agência Reguladora da Mineração e já está pronto há mais de 10 anos, conforme publicou o site Vila de Utopia. O documento já foi inclusive apresentado para a Agência Reguladora da Mineração e mantido depois sob segredo.

De acordo com os representantes da Vale que estiveram no Codema, a apresentação deste plano aos órgãos municipais de meio ambiente e à população é obrigatória apenas faltando dois anos para a desativação de uma mina, o que garantiu não ser o caso.

De acordo com o relatório Form-20, encaminhado à Bolsa de Valores de Nova York, Estados Unidos das Américas (EUA), em 2023, a previsão de exaustão das minas do complexo minerador de Itabira é para 2041. A data ainda está mantida. Com base no histórico dessas projeções, que já mudaram a data pelo menos duas vezes, a empresa não descarta a possibilidade de ficar mais tempo na cidade. Mas a realidade tem sido outra, e os conselheiros, bem como os itabiranos em geral, têm motivos para desconfiar.

A exaustão mineral já foi comprovada em pelo menos duas minas da cidade, sem que a mineradora viesse a público discutir o assunto com os órgãos ambientais do município. Em 2016, conforme lembrou o vice-presidente do Codema, Sidiney Lage, o que mais se exaltou com a postura da empresa, exauriu o minério da mina do Chacrinha e, em 2023, foi a vez da mina Cauê.

Para trazer o plano para o Conselho de Meio Ambiente, a mineradora precisou ser provocada pelo colegiado, que ficou sabendo da sua existência através da matéria publicada pelo site itabirano.

O plano, com as mesmas informações repassadas ao conselho, foi postado no site da mineradora. Os representantes da Vale, se restringiram a informações bem genéricas, sem acrescentar sequer uma vírgula ao que se pode ver no portal da Vale. Os conselheiros até tentaram entender, mas os representantes da Vale não conseguiram responder os questionamentos levantados.

Para piorar a situação, o aparelho de retroprojeção utilizado estava com defeito e os slides em letras minúsculas e desfocadas não ajudaram muito. À imprensa, os funcionários da Vale foram categóricos, afirmando que a mineradora tinha um departamento para atender.
A condução do assunto pela empresa causou indignação entre os conselheiros. Sidney Lage cobrou mais responsabilidade da empresa e intimou os representantes da Vale a voltar ao conselho para dar continuidade à discussão. Porém, não teve uma resposta.

Em justificativa à demora por apresentar o plano para o município, os representantes Vale alegaram que o fechamento de mina começa a ser tratado em paralelo à sua operação. “Quando a mina é aberta, a empresa já faz uma provisão do seu tempo de vida”.

“Todas as nossas operações possuem planos de fechamento de mina que atendem às boas práticas preconizadas pelo Conselho Internacional de Mineração e Metais (ICMM, na sigla em inglês) e a legislação minerária vigente no Brasil”.