Temporada de pipas traz de volta preocupação com linhas cortantes

“A linha cortante pode ceifar a vida de uma pessoa”, alerta Ciro Comes

18/07/2023

Dias ensolarados e vento forte são a combinação perfeita para empinar pipa, também conhecida como papagaio, raia, gereba e outros nomes mais. A brincadeira que transcende gerações, também contribui para criar memórias afetivas entre pai e filho e dar asas ao sonho de voar do homem, uma vez que, conforme conta a história, ela foi criada com o objetivo de “voar pelas mãos”.

Os meses de julho e agosto já são aguardados para isso. É com certeza uma brincadeira divertida, mas que pode perder a graça por causa do uso indevido de linhas.
O alerta é feito pelo vendedor do brinquedo, Ciro Gomes de Castro.

Já conhecido entre a criançada, referência na venda dos mais diferentes e estilosos papagaios, Ciro Gomes, há cerca de 30 anos, concilia com as suas vendas um trabalho social e de conscientização quanto ao uso correto da pipa. Durante esses 30 anos, atuou em praticamente todas as escolas da cidade, incluindo a Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (Apae), dando palestras, informando sobre os riscos (e o crime) do uso das linhas com cerol, chilena, e sobre os cuidados com a rede elétrica.

Ele lamenta o crescimento das ocorrências de acidentes envolvendo linhas cortantes. Geralmente, influenciadas pela irresponsabilidade de algum adulto, as crianças buscam essas linhas para a brincadeira, desconhecendo os perigos causados por elas.

“As crianças pedem a linha cortante porque estão sendo ensinadas que devem cortar o papagaio de outros no ar, um ato que pode custar a vida de uma pessoa”, advertiu.
Ele explica que o cerol já vem de longas datas. Com o desenvolvimento das cidades, entretanto, os acidentes vêm se multiplicando. “O cerol se tornou uma arma não só nas mãos da criança, quanto nas mãos dos adultos”.

O trabalho social promovido por Ciro Gomes depende do apoio de empresas e órgãos oficiais. Mas este ano, ele disse que a principal empresa parceira, Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig), ficará de fora da ação.

Segundo ele, a empresa perdeu o interesse por achar que a campanha está surtindo efeito reverso. “Eles disseram que esse trabalho incentiva a prática de empinar pipa e por isso não vai mais fornecer material informativo e vídeo sobre os perigos da rede de eletricidade. Mas esqueceram que a ideia é preservar a brincadeira de modo certo”.
Escolas e empresas que tiverem interesse em receber a palestra educativa contra linhas cortantes podem falar com Ciro Gomes pelo telefone 997587026 ou pelo email – “ciro.gomes2009@yahoo.com.br”.

Palestra mostra riscos de linhas cortantes

Ciro Gomes (foto) explica que o trabalho que faz nas escolas tem como objetivo conscientizar crianças e adolescentes sobre o risco do uso de cerol e da linha chilena através de palestras e oficinas.

Ele explica em sua palestra que os mais prejudicados com o uso do cerol são os motociclistas. Em Itabira, os órgãos oficiais não têm uma estatística mostrando a quantidade de casos já registrados. Entretanto, dados do Corpo de Bombeiros, apontam que neste período do ano, em que é comum a prática de soltar pipas, por semana, aproximadamente dois motociclistas são feridos por cerol ou linha chilena. Cerca de 100% desses acidentes são graves e podem ser fatais.

“Geralmente, o adolescente não tem consciência das consequências em soltar pipa com cerol ou linha chilena e nessas palestras temos a missão de orientar esses jovens, que um corte de artéria pode matar rápido, não dando tempo nem mesmo para a chegada de socorro”.

E pior do que linha com cerol, de acordo com Ciro Gomes, é a linha chilena. O poder cortante dela é quatro vezes superior ao cerol. O acessório geralmente é vendido em carretilha, como linha preparada, sempre colorida.

O uso das linhas cortantes é proibido por lei estadual em Minas Gerais desde 2002. Uma lei federal de 1990 também define a venda ou exposição de linhas como o cerol como crime, prevendo multa e detenção de dois a cinco anos.

Matéria publicada na edição 789 do Folha Popular