Médicos fazem abaixo-assinado contra suspensão da assistência de endocrinologia em Itabira

Mais de 20 médicos assinaram o documento

A perda da especialidade pegou os profissionais de saúde de surpresa, fato que motivou a mobilização

13/09/2024 – Um grupo de médicos da Atenção Primária de Saúde que atendem nos postos do Programa de Saúde da Família (PSFs) de Itabira, fizeram um abaixo-assinado e entregaram na Secretaria Municipal de Saúde, protestando contra a suspensão da assistência de endocrinologista na rede pública, determinado pela Prefeitura de Itabira.

Mostrando indignação, os médicos exigem uma solução para o problema informado.

A mobilização ocorreu devido a interrupção da assistência secundária na especialidade de endocrinologia aos pacientes da rede pública de Saúde da cidade. A perda da especialidade pegou os profissionais de saúde de surpresa. Eles aproveitaram a reunião gerencial EMESF de 14 de agosto para entregar o abaixo-assinado à Gerência de Atenção Primária para ser enviado à Subsecretaria de Assistência e Promoção da Prefeitura. Em anexo ao documento, um texto explica os prejuízos provocados à saúde dos itabiranos pela falta da assistência endocrinológica.

O documento aponta, inclusive, para risco de morte a pacientes bariátricos, bem como aqueles com suspeitas de neoplasia oculta por obesidade pela falta do profissional de endocrinologia.

“Foi com grande pesar e extrema preocupação que recebi o comunicado sobre o interrompimento da assistência secundária na especialidade Endocrinologia pelo SUS em Itabira. A realidade do território do bairro Bela Vista é especialmente vulnerável nesse sentido”, inicia o texto.

“Somente no Bela Vista temos cerca de 15 pacientes submetidos previamente à operação bariátrica para controle ponderal, muitos dos quais evoluindo com reganho de massa corporal e sem o acompanhamento especializado necessário. Alguns desses pacientes costumam dizer que se sentem abandonados ou com o seguimento incompleto”.

O PSF do bairro tem cadastrado outros casos, conforme descreve o documento, na mesma linha de cuidados necessitando de avaliações extensas para causas secundárias de obesidade. A preocupação é com as doenças por trás da obesidade, como síndrome de Cushing que, em última instância, pode ser consequência de neoplasia oculta.

A orientação da própria Secretaria de Saúde, segundo o texto deixa claro, era para que os médicos da atenção primária se atentassem para diagnósticos precoces de neoplasias, o que coloca a assistência ou falta dela, em verdadeiro paradoxo.

No abaixo-assinado, fica destacado ainda outros problemas incidentes na região e que depende do acompanhamento do especialista, entre eles: tireóide e hipertireoidismo e hiperparatireoidismo que pode levar à osteoporose, fraturas patológicas, internações prolongadas e gastos evitáveis.

“Todo esse cenário é apenas um recorte pálido da nossa realidade. Itabira como vem se destacando como polo em saúde e referência microrregional, não pode se eximir de disponibilizar em seus serviços públicos cadeira médica tão essencial. Dessa forma, sugiro não apenas a pronta reativação do ambulatório de Endocrinologia, mas também a sua ampliação.

Procurada pelo Folha Popular para se posicionar sobre o assunto, por meio de sua assessoria de comunicação, a secretária Fabiana Carvalho informou que o SUS não cortou a especialidade de endocrinologia em Itabira. A falta do profissional foi atribuída à dificuldade de disponibilidade da especialidade médica no mercado.

A mandatária da pasta adianta que antes mesmo de receber o abaixo-assinado dos médicos, a Secretaria já havia iniciado uma busca e promete que o serviço será regularizado assim que conseguir contratar um substituto ao último que ocupava o cargo.

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