Queda de braço entre Prefeitura e Mais Saúde deixa servidor sem rescisão

No mês passado, servidores promoveram um movimento na porta do hospital com presença de vereadores e membros do Mais Saúde

  • BARÃO DE COCAIS
  • Veja nota do Instituto Social Mais Saúde (Enviada no dia 19/01/2024)
  • Veja também resposta da Prefeitura de Barão de Cocais (Enviada no dia 24/01/2024)

16/01/2024 – Com contrato vencido há um ano e meio, o Instituto Mais Saúde está processando a Prefeitura de Barão de Cocais para continuar administrando o Hospital Municipal Waldemar das Dores e a Unidade de Pronto Atendimento (UPA). Em reunião com os vereadores no dia 21 de dezembro, o diretor jurídico do instituto, Yuri Vasconcelos, disse que conseguiu uma liminar na Justiça suspendendo o processo licitatório realizado no dia 10 de novembro para escolha da nova administradora.

“Nós temos uma sentença que foi dada nesta semana determinando a anulação desse ato que classificou a nossa concorrente e nós entendemos que o passo seguinte seja continuar com o chamamento público. Como eu disse, são dois concorrentes. Se a documentação do instituto estiver tudo certo, a gente ganha a concorrência, porque desclassificou a primeira. Mas como eu disse, a administração pode recorrer. Esse processo jurídico pode continuar seguindo e não ter uma resolução agora e pode ser daqui um mês, daqui dois meses ou daqui a um ano”.

O contrato entre a Prefeitura e o Instituto Mais Saúde, que administrou o hospital durante os últimos sete anos, venceu no dia 31 maio de 2022 e já foi prorrogado duas vezes, passando o encerramento das atividades primeiro para 31 de julho, e depois para 30 de novembro. Na ocasião, o repasse feito pelo Município também subiu de R$ 1.832.757,76 para R$ 1.904.283,49. O objetivo das renovações era manter o funcionamento dos serviços, enquanto acontecia o processo para a escolha de uma nova contratada para gerenciar o hospital e a UPA.

Realizado no final de novembro, o processo licitatório teve como vencedora a Associação de Proteção e Amparo à Saúde (Aspas), empossada como sucessora do Instituto Mais Saúde no dia 29 de novembro de 2023.

No entendimento da diretoria do Instituto Mais Saúde, conforme disseram aos vereadores, o processo de chamamento público ainda não foi finalizado e a instituição tem até o dia 18 de janeiro para apresentar um plano de encerramento do contrato com a Prefeitura e condução do pagamento das dívidas pendentes.

Servidores sem acerto

O Instituto Mais Saúde é acusado pelo Sindicato dos Servidores Municipais de Barão de Cocais (Sindcabasa) de sair sem fazer a rescisão contratual dos trabalhadores. De acordo com o sindicato, os servidores não foram informados do processo de troca de gestão e estão apreensivos com a possibilidade de prejuízos financeiros e desligamento do serviço público.

O assunto foi tema de uma reunião na Câmara Municipal, no último dia 22, onde a instituição foi duramente criticada pelos vereadores enquanto defendia o direito de permanecer gerindo a unidade hospitalar.

Segundo publicação do site da Câmara, no encontro realizado a pedido do Instituto Mais Saúde, os vereadores aproveitaram para questionar sobre a data prevista para o pagamento correto da rescisão contratual dos servidores, das dívidas com fornecedores, os valores investidos pelo Mais Saúde nas manutenções dos espaços, a falta de pagamento dos médicos, o resultado de uma auditoria realizada no hospital, o pagamento do piso da enfermagem e o possível retorno do Mais Saúde para Barão de Cocais entre outros.

Diz o texto ainda que “além de não precisar nenhuma informação concreta, a equipe também não soube afirmar quais são os débitos existentes entre o poder Executivo e o Mais Saúde, porém mencionou que durante os últimos anos houve a falta de ajustes no contrato”.

Outro ponto destacado na reunião foi a falta de planejamento do Instituto Mais Saúde para encerrar sua gestão corretamente, após cinco anos de contrato com o Município. Os vereadores afirmaram que o instituto não respeita os colaboradores que encerrariam o ano com incertezas.

O Sindcabasa enviou um ofício à Prefeitura, com cópia para a administração do Hospital Waldemar das Dores pedindo esclarecimento sobre a situação dos servidores. Segundo a presidente do sindicato, Lúcia Maria de Sousa, são 15 servidores cedidos pela Prefeitura ao hospital. Além do acerto rescisório, o sindicato quer saber como ficará a pendência de benefícios que deixaram de ser pagos aos trabalhadores e informações sobre a realocação dos funcionários. Segundo a sindicalista, a Prefeitura ficou de dar um retorno sobre os questionamentos até o próximo dia 18.

Por meio de sua assessoria de comunicação, a Prefeitura informou, sem dar detalhes, que o contrato com o Instituto Mais Saúde extinguiu naturalmente. Esclareceu ainda que é parte das obrigações da organização social que geria a unidade realizar qualquer pagamento de rescisão trabalhista. O Município está acompanhando o processo. Os funcionários cedidos ao hospital, por sua vez, estão sendo recontratados.

“A relação e objetivo do Município se mantêm os mesmos, que é garantir e cobrar a melhoria constante dos serviços de saúde ofertados pelo hospital e UPA, paralelamente à manutenção e ampliação das estruturas das unidades para garantir aos cocaienses um atendimento de qualidade”, informou por meio da nota.

NOTA DO MAIS SAÚDE – ASSESSORIA DE IMPRESA (19/01/2024)

O Instituto Social Mais Saúde esclarece que a repactuação do contrato para a gestão do Hospital Municipal Waldemar das Dores e da Unidade de Pronto Atendimento 24h não acompanhou o aumento do custo operacional, fato que gerou uma dívida do município com o Instituto.
Mesmo com as dificuldades geradas por essa situação, o Instituto Social Mais Saúde conseguiu realizar o pagamento da rescisão dos seus colaboradores, de forma parcelada, garantindo todos os direitos trabalhistas.
Como se trata de uma organização sem fins lucrativos, o Instituto Social Mais Saúde depende do recebimento de seus contratos para realizar os pagamentos. Assim, as pendências que o Instituto reivindica serão cobradas do município pelos meios legais para que todo o processo seja finalizado.
O Instituto Social Mais Saúde informa, ainda, que todos os colaboradores que atuaram na gestão das unidades tinham total ciência do encerramento do contrato com o município e que a nova gestora foi contratada de forma emergencial, uma vez que o chamamento público feito pela Prefeitura foi derrubado pela Justiça que viu ilegalidade no processo.
O Instituto Social Mais Saúde tem orgulho dos resultados alcançados em benefício dos pacientes atendidos ao longo de todo o contrato de gestão, assim como tem orgulho e gratidão pelo trabalho realizado por seus colaboradores.
RESPOSTA DA PREFEITURA DE BARÃO DE COCAIS (24/01/2024)
  • Entende-se que, consoante as informações até então apresentadas, os reajustes contratuais foram realizados na medida daquilo que fora demonstrado pela entidade.
  • Em razão de relatório de auditoria externa produzido com base nas prestações de contas apresentadas pelo Instituto Mais Saúde, o Município entende que é a entidade que possuí dívida com Administração, e não o contrário.
  • A finalidade não lucrativa da entidade não se confunde com a ausência de finalidade econômica. Cabe a entidade a geração de riqueza para o desenvolvimento de seus escopos econômicos, voltados à sua finalidade social.
  • Inobstante as alegações de prejuízo e má condução por parte do Poder Executivo em relação ao contrato junto ao Instituto Mais Saúde, a entidade tenta de todas as formas judiciais se manter diante da gestão do Hospital e UPA, de modo que vem ofertando, administrativamente, em mais de uma oportunidade preços mais economicamente vantajosos à Administração ante aos anteriormente praticados, o que causa, no mínimo, estranheza.
  • A administração se pauta pela imparcialidade e impessoalidade nas suas contratações, de modo que sempre haverá a busca pela melhor proposta, financeira e tecnicamente, para alcançar, nesse caso, o interesse público de acesso universal à saúde, ainda que eventuais interesses individuais, em qualquer grau, não sejam atendidos.
  • A Administração serve aos interesses difusos e coletivos dos seus munícipes ainda que diante de dificuldades travestidas das mais diversas formas. Esse é o dever constitucional e também dever moral dessa Gestão.