Itabira quer usar trilhos da Vale para fomentar logística e atrair empresas

“Estou muito otimista. Nossa visão é macro. Sabemos do que precisa para promover o desenvolvimento econômico. Vamos trabalhar para isso.

O FIM DO MINÉRIO ESTÁ PRÓXIMO

A PAUTA É UNIÃO PARA TIRAR DA VALE O OLIGOPÓLIO DA MALHA FERROVIÁRIA, PASSANDO A OFERTAR TRANSPORTE SOBRE TRILHOS PARA EMPRESAS QUE AQUI ESTÃO E PARA AS QUE CHEGARÃO

2/02/2025 – Itabira enfrentará delicada transição com o fim do minério de ferro, previsto para daqui a 16 anos, ou seja, 2041. A atividade responde por 80% da economia direta e indireta do município e o maior reflexo será nas finanças públicas, que perderão parcela considerável da Compensação Financeira pela Exploração Mineral (Cfem) e Imposto de Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS), tributos que só neste ano vão contribuir para injetar na Prefeitura R$ 1,311 bilhão. Sem estes recursos, serviços públicos, em sua grande maioria, serão reduzidos. Empregos e os setores comerciais e de serviços também serão duramente afetados.

  • “A MINERAÇÃO, ATÉ POUCO TEMPO ATRÁS, LIMITAVA MUITO OS AVANÇOS DE NOSSA CIDADE”

Para minimizar os impactos, políticos iniciam uma corrida contra o tempo em busca de alternativas. O prefeito Marco Antônio Lage (PSB), recém-empossado como presidente da Associação dos Municípios Mineradores de Minas e do Brasil, biênio 2025/2026, aponta a diversificação e o diálogo para obter uma compensação financeira mais justa da Vale nos próximos anos.

“Se conseguirmos ofertar essa logística da linha férrea, qualquer indústria vai querer vir para Itabira devido ao custo/benefício”

Seguindo pelo mesmo caminho, o presidente da Câmara Municipal, Carlos Henrique Silva Filho “Carlin Sacolão Filho” (Solidariedade), fala em união para tirar da Vale o oligopólio da malha ferroviária, passando a ofertar transporte sobre trilhos para empresas que aqui estão e para as que chegarão. Ele acredita que a oferta de logística é a chave para impulsionar a diversificação da economia em Itabira.

  • “A MINERADORA ESCONDE O JOGO E NÃO FALA ABERTAMENTE QUE DEVERÁ USAR A LINHA FERROVIÁRIA E SUAS ESTRUTURAS DE USINAS PARA RECEBER E MOVIMENTAR MINÉRIO DE FERRO EXTRAÍDO EM OUTRAS CIDADES”

“A mineração, até pouco tempo atrás, limitava muito os avanços de nossa cidade, como por exemplo a construção civil que, devido às detonações nas minas, os prédios não podiam passar de quatro andares. Empresas como BMW, Mercedes-Benz, agregadas da Fiat, não vieram para Itabira devido à falta de logística e pela interferência da própria Vale, que não queria perder o monopólio da mão de obra. Caso contrário, isso aqui viraria um ‘ABC Paulista’ e a Vale teria que pagar bem seus funcionários. Eu, por exemplo, fui funcionário da mineradora e levei nove anos para fazer um salário de R$ 2 mil. A título de comparação, o salário inicial da Vale no Pará é de R$ 4 mil. Isso para você ver qual o compromisso da Vale com o itabirano. É por isso que vamos montar uma agenda para ampliar as empresas aqui existentes, como a Atlas, a Fermag e outras e exigir dos órgãos competentes a quebra do oligopólio da Vale em relação à linha férrea, que sai de nossa cidade com conexões no estado do Espírito Santo e a capital, Belo Horizonte. Vamos começar essa agenda aqui, com todos os vereadores, que têm contatos com deputados e outros políticos como o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira e o ministro dos Transportes, Renan Filho”, disse.

  • EXEMPLO

Outro ponto destacado por Calin Filho é que a mineradora esconde o jogo e não fala abertamente que deverá usar a linha ferroviária e suas estruturas de usinas para receber e movimentar minério de ferro extraído em outras cidades. “A Vale vai acabar com a operação de minério, mas vai aproveitar essa logística para transportar minério de outras cidades. Ou seja, vai colher fruto de uma horta que não é dela. Nós precisamos construir essa agenda em Brasília, vamos unir todos os vereadores, que vão acionar seus aliados para transformar essa pauta em realidade. Se conseguirmos ofertar essa logística da linha férrea, qualquer indústria vai querer vir para Itabira devido ao custo/benefício. Apenas um vagão de carga faz os serviços de duas, três carretas, as quais não serão abandonadas, pois farão trajetos mais curtos e atenderão a mais clientes”, compara.