CPI que apura irregularidades na Itaurb avança e terá testemunha chave

Empresa foi usada na campanha vitoriosa de Marco Antônio e agora é alvo de CPI. Reportagem flagrou, na rua Água Santa, neste mês, colaboradores coletando lixo debaixo de temporal sem proteção adequada

  • SUJEIRA DEBAIXO DO TAPETE?

27/01/2024 – Na segunda semana de escuta, a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) instaurada na Câmara Municipal para investigar irregularidades nas contas e contratações da Empresa de Desenvolvimento de Itabira (Itaurb), responsável pela limpeza urbana, vai ouvir uma testemunha que poderá ser peça chave nos trabalhos. O nome da pessoa ainda está sendo mantido em sigilo para evitar manobras da convocação.

“Remarcamos para esta quinta-feira (25) três das oitivas que deveriam ter ocorrido na última quarta [17] e não ocorreram e uma novata, que ainda está sob sigilo. Não é questão de esconder, mas precisamos fazer a notificação da pessoa e preservá-la até a entrevista. Mas eu estou muito confiante que os trabalhos vão avançar”, afirmou o vereador Weverton Leandro Santos Andrade “Vetão” (PSB), relator da CPI.

Nesta quinta-feira (25), a comissão deverá começar a receber parte da documentação solicitada para análise do colegiado nas investigações. Segundo Vetão, na semana passada, foi emitido um requerimento com prazo de 72 horas, a partir da notificação, para que a empresa envie a primeira relação de documentos, que inclui contratos, notas fiscais e procedimentos recentes.

O prazo para a Itaurb entregar os documentos venceu nesta quarta-feira (24).
Até o momento, Vetão avalia de forma positiva o andamento dos trabalhos. “Eu avalio muito positivamente o andamento dos trabalhos, uma vez que tem poucos dias de efetivação da CPI e nós já avançamos demais. Tivemos três oitivas que foram positivas, que nos deram vários elementos. Dessa super-quarta (17) já saímos com várias solicitações de documentos para a Itaurb, que quando chegar, vão nortear a gente”.

Entre as testemunhas já ouvidas estão Samuel Vitor Ferreira, Sérgio Amaral (ex-presidente da Itaurb) e o empresário Francisco Ermelindo Pereira, que executou o serviço na Estação de Tratamento de Água (ETA).

A chamada super-quarta, primeiro dia de escuta, foi marcada pela quantidade de depoimentos marcados. Foram convocados para o mesmo dia, 10 depoimentos. Desses, três foram feitos e atenderam satisfatoriamente aos conselheiros. Dois, envolvendo ex-diretores da empresa Felipe Thales e Leonardo Ferreira, apresentaram pedido de vista, depois de alegarem falta de acesso ao processo, e tiveram a participação remarcada para quinta-feira (25).

Segundo o relator, o pedido foi acatado para evitar risco de nulidade ou estendimento dos trabalhos. O secretário de governo, Danilo Alvarenga, que presidiu a empresa, e a presidente do Saae Karina Lobo, que contratou a Itaurb para limpeza da Unidade de Tratamento de Resíduo (URT) da Estação de Tratamento de Água (ETA) Pureza, também estavam com depoimentos marcados para a super-quarta. Eles pediram para remarcar devido a outro compromisso que já tinham agendado antes da convocação.

A falta desses depoimentos, de acordo com Vetão, não trouxe prejuízo aos trabalhos. Nesta quinta-feira, as novas oitivas estão marcadas para acontecer a partir das 9h. O colegiado tem ainda cerca de 70 dias para concluir os trabalhos, prorrogáveis por mais 90 dias em relação à data de início das investigações.

A escuta do atual presidente da Itaurb, João Mário de Brito, também relacionado para a primeira sessão de depoimentos, teve que ficar para depois, uma vez que ele está de férias.

O colegiado ainda deixou de ouvir na ocasião o ex-presidente Amilson Nunes, por não ter conseguido encontrá-lo. Nesse último caso, Vetão considerou vantajosa sua ausência. Nesse meio tempo, a comissão pretende juntar mais informações que precisam de esclarecimento, para confrontá-las. “É até importante porque a gente vai levantar mais elementos para chamá-lo”.

  • Itaurb pede mais prazo e CPI diz não

O diretor da Itaurb, Elias Lima, que ocupou interinamente a presidência pelas férias de João Mário de Brito, causou irritação nos membros da CPI ao enviar ao colegiado um ofício pedindo estendimento do prazo para entrega dos documentos solicitados. No documento, ele disse que a empresa vai precisar de 60 dias para providenciar todos os documentos pedidos.

O ofício informa ainda que a Itaurb não tem condições de entregar todo o material impresso, devido à quantidade. Para resolver esse problema, ele solicitou a disponibilização de um HD externo portátil para que o material seja repassado integralmente.
O pedido foi recebido como um deboche. “A CPI tem prazo de 90 dias e o homem vem pedir 60 dias de prazo? Não é um pedido que devemos considerar e já fizemos o indeferimento dele”, disparou o relator.