Câmara aprova subsídio de quase R$ 4,4 milhões para Cisne

Com a medida, tarifa que poderia chegar a R$ 5,8, baixa de R$ 4,40 para R$ 4

Oposição alerta que é o próprio povo que está financiando o serviço

Os vereadores de Itabira aprovaram na terça-feira (30), por unanimidade, a ajuda da Prefeitura à Transportes Cisne de quase R$ 4,4 milhões. Na avaliação dos vereadores, a injeção de recursos na concessionária do transporte público é necessária para dar condições à empresa de um atendimento de qualidade aos usuários. Sem o subsídio, além de não conseguir melhorar as condições do serviço à população, a empresa já havia pedido para reajustar o valor da tarifa para R$ 5,80. O projeto precisará ainda de uma segunda votação, que acontece na próxima terça-feira (6).

Em contrapartida, entre outros pontos, a empresa se compromete a abaixar o preço da passagem dos atuais R$ 4,40 para R$ 4 e melhorar a qualidade da prestação do serviço, além de aumentar o número de viagens em dias úteis. O valor total do recurso que será passado para a Transportes Cisne será de R$ 4.387.648,29.

Apesar da aprovação unânime, os méritos pela iniciativa da concessão do benefício geraram polêmica entre os vereadores da base governistas e oposição. O prefeito Marco Antônio Lage foi acusado de estar se aproveitando do projeto de lei para se autopromover. Para os oposicionistas, está faltando humildade do Governo Municipal em dividir esses méritos com pessoas e entidades que lutaram pelo projeto.

A vereadora Rosilene Félix Guimarães (MDB) foi uma das mais incisivas defensoras do que ela chamou de fazer justiça neste caso. “Os ditados existem não são por acaso. E hoje eu vou usar dois deles antes de iniciar a minha fala. ‘Dai a César o que é de César e o outro, dai honra a quem tem honra’”, ressaltou ela, apontando para outras pessoas que defenderam irredutivelmente uma medida que favorece a normalização do serviço.

Integrantes da comissão permanente de Transportes na Câmara, os vereadores Sebastião Ferreira Leite “Tãozinho”, Rodrigo Alexandre Assis Silva “Diguerê” e Carlos Vicente da Silva “Carlinho Motorista” (Avante), também foram defendidos por merecer crédito pelo benefício criado. Foi deles a proposta de condicionar o repasse da verba à redução do valor da passagem.

Líder da oposição no Legislativo, o vereador Neidson Dias Freitas (MDB) foi ainda mais longe e afirmou que o dinheiro que está sendo repassado para a Transportes Cisne é do povo. “não tem ninguém ganhando nada aqui. As pessoas que estão aí achando que agora o prefeito baixou a sua passagem, não, você continua pagando. É o dinheiro do contribuinte que está sendo direcionado para esse fim. Não tem gracinha nenhuma de prefeito fazendo nada para ninguém não”, alertou o emedebista.

O líder do governo na Câmara, Júber Madeira Gomes (PSDB), primeiro a comentar o projeto, discursou enaltecendo a iniciativa do prefeito, sem deixar de reconhecer a participação da Câmara na efetivação do projeto de redução do preço da passagem.
Ele defende não se deixar que os usuários do transporte coletivo continuem sendo penalizados pelos problemas e dificuldades enfrentadas pelo sistema. Para ele, foi a união dos poderes Executivo e Legislativo que resultou no benefício à população.

Depois de ouvir Neidson Freitas tentar retirar todo o crédito do prefeito sobre a medida ao comentar o projeto de lei, o presidente do Legislativo, correligionário de Marco Antônio, Weverton Leandro Santos Andrade “Vetão” (PSB), se posicionou em defesa do prefeito. “É importante que a população entenda que o tributo dela, que sai do bolso dela está bancando isso, corretamente. Mas em governos passados, o tributo saía do bolso dela e ela ainda tinha que pagar uma passagem cara, como é a passagem até hoje. Então, eu não me recordo, até peço que me ajudem os que estão aqui há mais tempo, de uma ação dessas. De uma ação da Prefeitura subsidiando o não aumento”, tripudiou ele.

De acordo com o projeto de lei, de autoria do prefeito Marco Antônio Lage, o valor será repassado à empresa em parcelas mensais.

Matéria publicada na edição 766 do Folha Popular