Bernardo Mucida perde eleição pelo sistema proporcional de votos

O parlamentar alcançou mais votos do que 10 deputados eleitos

Apesar da expressiva votação recebida em Itabira e região, o ex-vereador e deputado estadual de Itabira, Bernardo Mucida de Oliveira (PSB), não conquistou vaga para a Assembléia Legislativa de Minas Gerais, gestão 2023/2026.

A sua derrota se deve ao formato de sistema proporcional de votos, em que prioritariamente os votos vão para o partido. A vitória do candidato depende do resultado de um cálculo que envolve a quantidade de candidatos por legenda.

Com mais de 40 mil votos nominais, Bernardo Mucida superou pelo menos nove candidatos eleitos. Somente em Itabira, o ex-vereador obteve 16.482 votos. Embora tenha obtido um resultado inferior ao número de votos alcançado pelo ex-prefeito João Izael Querino Coelho (PMN), somado aos votos da região, o socialista encerrou a eleição com 40.815 votos. Já os votos computados por João Izael em toda região somaram 18.833. Em Itabira, foram 16.779.

No estado, Bernardo Mucida perdeu para deputado que entrou com 28.270 votos, sendo o caso de Rodrigo Lopes, eleito pelo partido União Brasil.

Outros oito candidatos eleitos receberam menos de 40 mil votos, com variação entre resultado de 31 mil a 38 mil votos, mas que foram favorecidos pela proporcionalidade de suas respectivas legendas.

No sistema da proporcionalidade, para ser eleito deputado federal ou estadual, além de obter votos para si, o candidato depende dos votos que são dados ao partido ou à coligação a que pertence. Depende do cálculo dos quocientes eleitoral e partidário.

Devido a esses quocientes, quando um eleitor vota em um determinado candidato, mesmo se o escolhido não for eleito, aquele voto vai contar para eleger outro candidato daquele partido ou da coligação.

A proporcionalidade não foi a única causa de Itabira deixar de fazer um representante próprio para a Assembleia Legislativa ou Câmara Federal. Os políticos chamados de paraquedistas, fizeram a festa entre os itabiranos. Os deputados federais de outras cidades, e até de regiões distantes, levaram quase 40 mil votos de Itabira, mais da metade dos votos válidos contabilizados nas urnas da cidade. Entre os deputados estaduais, a quantidade de votos para os forasteiros foi menor, mas também muito expressiva, cerca de 40% de um total de 63.590 votos válidos.

Fenômeno de votação nestas eleições, o deputado eleito Nikolas Ferreira de Oliveira (PL) foi o forasteiro mais prestigiado pelos itabiranos. O eleitor de Itabira contribuiu com 7.808 votos para que ele alcançasse a marca de 1.492.047 votos totalizados nas urnas.
Citada pela mídia como a primeira mulher trans a se eleger para a Câmara Federal, Duda Salabert Rosa (PDT), levou de Itabira 1.369 votos.

O deputado estadual eleito com maior número de votos, Bruno Engler, também contou com grande colaboração do eleitorado itabirano. Embora, pouco conhecido na cidade, ele levou de Itabira 2.600 votos, se confirmando como o forasteiro mais bem votado no município para compor a Assembleia Legislativa. O monlevadense Tito Torres (PSD) também não foi esquecido pelo itabirano, que manteve a tradição, passando os votos de pai (Amauri Torres) para filho. Ele obteve na cidade 2.073 votos.

A soma total de votos a forasteiros é mais do que o deputado estadual Bernardo Mucida precisaria para dar continuidade à representação de Itabira no Legislativo estadual.

Matéria publicada na edição 769 do Folha Popular