Perseguição e tiros em vias públicas expõe onda de violência em Itabira

Delegado afirma que Polícia Civil não está parada e que crimes serão elucidados

Uma perseguição seguida de tiroteio no bairro Campestre levou pânico aos moradores na noite de sexta-feira (18). Os disparos foram feitos pouco depois da meia noite, em uma rua movimentada, próximo ao Belacamp, onde funcionam bares e outros serviços, com os estabelecimentos sempre lotados à noite, além de estarem localizados diversos prédios residenciais. Uma câmera de vigilância residencial registrou o episódio, mostrando uma dupla em uma motocicleta atirando enquanto perseguia uma outra moto. Duas pessoas ficaram feridas, entre elas, uma mulher que estava em um barzinho no momento da perseguição. A Polícia Militar e o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) foram acionados.

Segundo informações, o atirador estava na garupa de uma motocicleta efetuando disparos contra um homem que tentava fugir em outra moto. Ao passarem pelo barzinho, uma mulher, de 35 anos, foi atingida com um tiro na perna esquerda e foi socorrida por populares. A outra vítima, foi um homem que estava sendo perseguido numa moto. Ele caiu do veículo e também foi atingido por um tiro. Ao cair, a vítima correu e se escondeu no interior do estabelecimento. Mesmo sendo perseguido pelo criminoso, ele conseguiu escapar, mas com medo de ser morto, ele deixou o local em direção ao Parque Bela Camp onde aguardou a chegada da Polícia e do socorro.

  • Prevalece a lei do silêncio

A lei do silêncio foi instalada entre as testemunhas, por medo de represália. Entretanto, os policiais que estiveram no local tomaram nota por meio de um vídeo gravado pelas câmeras. A filmagem mostra claramente as imagens da perseguição e facilita a identificação das motos, sendo que a usada pelos bandidos era uma motocicleta Honda Falcon e uma motocicleta Honda CB-300 de cor vermelha, fugia da primeira. Vários disparos foram efetuados.

Essa situação envolvendo motos, perseguição e tiros em vias públicas está se tornando normal em Itabira nos últimos três meses. Em janeiro, adolescentes foram mortos dentro do Pronto-Socorro Municipal, após serem baleados em uma perseguição horas antes pelos mesmos atiradores. O crime aconteceu em plena luz do dia, também em uma das ruas do Campestre, um bairro considerado pacato e familiar.

Somente neste último fim de semana, os crimes deixaram ao menos quatro pessoas feridas. Também na última sexta-feira (18), a Polícia Militar foi chamada para atender uma ocorrência no Jardim das Oliveiras. Por volta das 20h30 daquela noite, populares informaram ter ouvido mais de 30 tiros. Uma pessoa ficou ferida e foi levada ao Pronto Socorro Municipal.

Segundo informações, duas motos de cor preta, com quatro indivíduos desceram pela rua Diamantina e os garupas efetuaram vários tiros, que acabaram atingindo um homem de 35 anos. Duas residências também foram atingidas e tiveram portões, muros e vidros de janelas alvejados, um veículo teve a lataria perfurada.

  • Baleado na porta de casa

Na madrugada de domingo (20), um homem de 38 anos deu entrada no Pronto-Socorro Municipal, após ser baleado. O crime aconteceu no bairro Nova Vista, por volta das 4h45. O homem contou que estava chegando em casa, quando foi surpreendido por dois homens em uma motocicleta. O garupa sacou uma arma e efetuou vários disparos. Em seguida, a dupla fugiu em alta velocidade em direção ao bairro Nossa Senhora das Oliveiras. A vítima não soube falar das características da motocicleta e nem dos autores.
Também no dia 12 de março, na avenida France de Paula Andrade, dois homens em uma moto foram interceptados por ocupantes de um veículo VW Gol e em seguida houve vários disparos de arma de fogo. Um conseguiu escapar e fugir para casas próximas, mas o outro perdeu o controle da motocicleta, teve uma fratura exposta e foi atingido com tiros no tórax e braço.

No dia seguinte, a Polícia Militar registrou outra tentativa de homicídio, desta vez, no bairro Machado. Um homem de 31 anos foi alvo de disparo de arma de fogo e revidou atirando na perna do atirador.

Segundo informações, uma das vítimas foi socorrida por terceiros e e levada para o Pronto-Socorro João XXIII e a outra pela equipe do Samu ao Pronto Socorro Municipal. Toda a confusão foi registrada por uma câmera de circuito de segurança.
No dia 19, um cabeleireiro foi atingido por diversos disparos de arma de fogo na rua João Camilo de Oliveira Torres, no bairro Praia.

  • Mais de 30 disparos

No dia 2 deste mês, populares relataram sobre uma sequência de mais de 30 disparos de arma de fogo na avenida Mariana, entre os bairros Jardim das Oliveiras e Eldorado. Não houve feridos.
No dia seguinte, foram disparados tiros em um portão na rua Porto Velho, no São Bento, e no dia 28 de fevereiro, um carro também teve o parabrisa quebrado durante disparos de tiros ocorridos na entrada do bairro Nova Vista.

Delegado afirma que Polícia Civil não está parada e que crimes serão elucidados

Delegado regional de Polícia Civil Helton Cota

O delegado regional de Polícia Civil Helton Cota Lopes afirma que a Polícia Civil não está parada e em breve terá uma resposta para a sociedade sobre todos os fatos que andam perturbando a paz e segurança na cidade. “Todos esses fatos ensejaram a instauração de inquéritos policiais visando à apuração da autoria.

As investigações já estão em andamento pela equipe de homicídios. Tão logo os autores sejam identificados, solicitaremos ao poder Judiciário as prisões preventivas dos mesmos”, informou o delegado em nota ao Folha Popular.

  • Moradores em pânico

O aumento de ocorrências envolvendo armas de fogo, com tiros nas ruas, está causando pânico e fuga da cidade. O soldador industrial Márcio Magno da Silva, morador do bairro Praia, disse que em sua casa as noites passaram a ser uma tortura. “A gente ouve tiro toda noite e não sabe de onde vem. O medo é uma bala perdida acertar a cabeça de alguém”, disparou ele.

Márcio Silva disse que está em processo para se aposentar e assim que se afastar do trabalho irá morar na roça, para fugir desse tipo de confusão. “Vou embora e não vou nem olhar para trás. Isso aqui virou terra sem lei”, argumentou ele.

Matéria publicada na edição 754 do Folha Popular