Inadimplência atinge índice alarmante em Itabira

Avenida João Pinheiro, um dos principais corredores comerciais da cidade.
Conforme a Serasa, o débito do itabirano chega a R$ 101 milhões

A inadimplência em Itabira atingiu um índice assustador. Até fevereiro deste ano, constam 24.549 registros ativos no Serviço de Proteção ao Crédito (SPC), sendo 23.994 de pessoa física e 555, jurídica, totalizando R$ 14.381.401,72 em débitos, segundo dados apresentados pela Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL) da cidade. A situação é ainda mais grave e chega a chocar, quando os números vêm direto da Serasa.

De acordo com os dados informados pela Serasa, na data em que se comemora o Dia de Defesa do Consumidor, Itabira mantinha registro de 32.116 pessoas inadimplentes, somando 96.132 dívidas. O valor do débito chega a R$ 101 milhões. Mas a CDL tem uma explicação para a discrepância nos números. “Vale ressaltar que tais dados divulgados pela entidade correspondem aos registros efetuados pelos associados ativos da CDL (que são 379) e não ao comércio itabirano de uma forma geral”, escreveu a diretora da entidade, Eline Moura, em nota encaminhada ao Folha Popular.
Já a Serasa se concentra na divulgação de dados amplos que incluem financeiras, transações bancárias e outros.

Com a diretoria administrativa da entidade em fase de transição, Eline Moura explicou que o momento não é propício para uma entrevista com o novo presidente, Eduardo Gomes Moraes, em relação à temática. Ele ainda está se inteirando da situação. Contudo, ela garante que lentamente, depois de quase dois anos da pandemia de coronavírus, a crise vem cedendo e a tendência é que a situação também se estabilize.

Durante os dois últimos anos (2020 e 2021), pressionado pelos protocolos de segurança e decretos de afastamento social adotados pelos governantes para frear a disseminação da covid-19, o setor sofreu uma avalanche de medidas restritivas, que impactaram a economia de forma negativa. A suspensão do funcionamento de diversos segmentos comerciais, por um longo período, aliada às demais medidas restritivas, cortaram empregos e afastaram o consumidor. Os impactos foram sofridos em toda a cadeia produtiva do país, como consequência, veio a crise econômica, inflação e altas de juros, contribuindo para o aumento da inadimplência.

Entretanto, informa a Serasa com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em nível nacional, o volume de vendas do comércio varejista registrou alta de 0,8% em janeiro, na comparação com o mês anterior. Já o varejo ampliado, que inclui, além do comércio varejista, as vendas de veículos, motos, peças e materiais de construção, registrou queda de 0,3%. E em Itabira, o quadro não é diferente.

Um balanço dos últimos dois anos mostra que o desempenho das vendas retornou ao patamar pré-pandemia, mas encontra resistência para avançar além daquele nível. Somente das lojas conveniadas à CDL de Itabira, tem 287 cheques ativos no sistema, sendo 251 de pessoa física e 36, jurídica. O valor total chega a R$ 163.672,72. Segundo a Serasa, o valor médio das dívidas por pessoa é de R$ 3.148.

A queda que houve relacionada a registros no SPC, é referente a prescrição de dívida, isto é, dívidas não pagas que foram canceladas automaticamente pelo sistema passados cinco anos, a contar do vencimento do registro. “Nos últimos seis meses, houve 2.220 registros prescritos, correspondendo a R$ 1.517.737,17.

Uma estabilização do índice desses registros e o avanço da empregabilidade com a retomada dos trabalhos, o setor também começa a recuperar a confiança.

Com base nessa confiança, a CDL de Itabira já está inclusive preparando o Dia das Mães. Considerada a segunda melhor data para o comércio em termos de consumo, a expectativa é de alcançar e conseguir deixar o fantasma da pandemia para trás. “Nós vivemos momentos difíceis, mas agora estamos otimistas. Então, estamos preparando uma campanha boa para o Dia das Mães, que é a nossa segunda melhor data e Dia dos Namorados. Depois, devemos emendar com Dia dos Pais, das Crianças e novamente Natal. É um processo acelerado de retomada mesmo”, afirmou Eline Moura.

Matéria publicada na edição 754 do Folha Popular