CDL prefere apostar em campanhas locais
- INADIMPLÊNCIA LOCAL PASSA DOS R$ 10 MILHÕES
Apesar do alto índice de inadimplência no comércio de Itabira, a Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL) não aderiu ao Feirão Serasa Limpa Nome. Lançado no último dia 1º, o feirão reúne parceiros, como bancos, telefonia, varejo, universidades e outros segmentos, que oferecem mais de 200 milhões de ofertas com descontos em dívidas atrasadas ou negativadas. Entretanto, a instituição itabirana optou por reativar outras ações que visam o fortalecimento do segmento na cidade e que estavam suspensas ou funcionando de forma limitada desde a pandemia de coronavírus.
De acordo com informações da CDL, a inadimplência no comércio itabirano soma mais de R$ 10 milhões.
“Este é um ano atípico. Depois de dois anos de pandemia, estamos voltando com a realização do Mérito Lojista (evento de promoção dos estabelecimentos da cidade, que celebra e premia os empresários que se destacam). Estamos muito envolvidos na retomada da campanha de Natal premiado e já estamos trabalhando no seu lançamento. Temos muito trabalho e projetos neste momento, depois de ter ficado tanto tempo parados”, justificou a diretora da CDL Eline Moura.
Segundo informações da entidade, o Feirão Limpa Nome do Serasa é voltado para os segmentos de maior porte, como lojas de departamento
De acordo com a diretora, é muito importante promover esses tipos de evento para o comércio local em termos de desenvolvimento financeiro e geração de empregos, direta ou indiretamente. Ela afirma ainda que a entidade reserva muitas novidades que vão agradar o consumidor de forma geral.
Eline Moura explica que o Feirão Serasa é uma ação promovida pelo Serasa e SPC juntos, e tem uma amplitude maior, mais direcionada aos grandes centros. Já a CDL local, quando opta por um programa de renegociação, tem preferência por uma ação mais local, dirigida aos lojistas da cidade.
Embora ligada diretamente ao Serasa e SPC, a Associação Comercial, Industrial, de Serviços e Agropecuária de Itabira (Acita) também dispensou a realização do feirão. Segundo informações da entidade, o Feirão Limpa Nome do Serasa é voltado para os segmentos de maior porte, como lojas de departamento, bancos e outros. Entretanto, a entidade não descarta estudar o lançamento de uma ação semelhante em Itabira. Mas por enquanto, não há nenhuma movimentação neste sentido.
- Campanha divide opinião entre lojistas
A campanha para limpar o nome dos maus pagadores também divide opiniões entre os lojistas em relação à ação. “O problema desses feirões é que deixam o mau pagador folgado. Se a gente começa a adotar esse tipo de ação, muitos são capazes de manter o pagamento atrasado para se aproveitarem dos descontos oferecidos durante esses programas”, ressaltou Lacir Santos, proprietária de uma loja de vestuário.
Na linha oposta, a gerente de lojas de calçados, Patrícia Tavares, conta que a campanha lançada pela própria empresa está tendo bons resultados
A empresária Raquel Pires, disse que também não concorda com a proposta. Ela lembrou que a CDL já até fez esse tipo de ação em Itabira para tentar reduzir a inadimplência, mas ela mesma nunca aceitou participar. “O povo não paga, ganha um desconto enorme e vem para limpar o nome para dar mais golpes no comércio. O lojista com isso perde duas vezes”, concluiu ela.
Já tem empresário que vê na proposta a chance de reduzir um pouco do prejuízo causado pelos maus pagadores. Os proprietários do estabelecimento trabalham com a possibilidade de que muitos deixem de pagar por questões financeiras mesmo e não por interesse de dar o golpe e ao encontrar uma oportunidade esses buscam meios de aproveitar para limpar o nome e se manter ativo no crediário.
Esse é o caso da Esplanada Calçados, por exemplo, que lançou um programa por conta própria, intitulado Feirão da Renegociação. Conforme a gerente Patrícia Tavares (foto), a loja oferece por meio da ação uma chance ao cliente em atraso de colocar suas contas em dia, retirando parte dos juros e correções aplicadas sobre as dívidas. As negociações podem ser agendadas através de Whatsapp ou diretamente na loja.
Matéria publicada na edição 722 do Folha Popular