Cobrança irregular no rotativo pode suspender contrato com empresa

Agente da Transita cobra rotativo na região central de Itabira

Passado quase um ano, o novo modelo de controle e cobrança do estacionamento rotativo em Itabira, por meio de aplicativo eletrônico, tem aprovação quase total dos motoristas, a não ser por um detalhe; a fixação da tabela de pagamento.

A praticidade proporcionada pelo dispositivo que dispensa a apresentação do talão analógico é o principal ponto positivo. Em contrapartida, os critérios de cobrança geram insatisfação. A impressão entre os usuários é de estarem sendo lesados. O vereador Júber Madeira Gomes (PSDB) comprou a briga e já articula junto ao governo para garantir que o sistema de cobrança seja revisto. Ele afirma que uma negativa da empresa pode gerar até cancelamento do contrato, já que o Município também é agente controlador do serviço.
“Estamos aguardando [um retorno] e avaliando junto à Transita [Superintendência de Transportes e Trânsito] e não está descartada a possibilidade do Município entrar com um artigo previsto no contrato e considera o Município também o agente controlador do sistema”, informou o vereador, que cobrou da Transita uma verificação do contrato de exploração do serviço, para melhorar o modelo de cobrança.

Líder do governo na Câmara, Júber Madeira disse que tem recebido um grande volume de reclamações em seu gabinete, de pessoas pedindo a intervenção do Legislativo nessa questão.

Segundo ele, uma reunião já aconteceu entre a Transita e a empresa Gerenciamento em Controle de Trânsito (GCT) vencedora da concessão do serviço, que ficou de avaliar a questão. Na opinião dele, o serviço está sendo cobrado mais de uma vez pela mesma hora de utilização da vaga por mais de um veículo.

“Antigamente, tinha o tempo bônus, com a mudança que vigora desde a aplicação do aplicativo, infelizmente, alguns usuários hoje podem estar pagando por um tempo indevido. Vamos supor que você paga R$ 2,50 por 90 minutos, uma hora meia. Se você fica por 20 minutos e vai embora, eu creio que você está pagando e não utilizando 70 minutos que sobraram. Esse é o ponto de vista que eu tenho”, analisou o vereador.
A proposta do vereador visa fracionar a cobrança do serviço. Ele acredita que o ideal seria fixar a cobrança fracionada por um tempo menor de permanência nas vagas, proporcionalmente ao tempo usado.

Monitor do rotativo explica para motorista sistema de cobrança

Na reunião com a Transita, a empresa alegou dificuldade financeira. As medidas restritivas e o isolamento social impostos pela pandemia de coronavírus, que restringiram a circulação, teriam impactado os serviços. Mas ela ficou de analisar juridicamente a possibilidade de atender a proposta do vereador.

Motoristas aprovam serviço, mas reclamam do valor

“O bom agora é que a gente não precisa ficar colocando papel. Tudo hoje em dia é por aplicativo e essa é uma adequação interessante. Mas eles tinham que ver uma forma da gente pagar pelo tempo usado ou de devolver em créditos, o tempo excedido, ou seja, que não foi usado”. Essa é a opinião do eletricista industrial Geovani Gonçalves. Ele explica que geralmente tem que entrar rapidamente em um estabelecimento e é obrigado a pagar por uma hora e meia. “Muitas vezes, a gente sai apenas para comprar ou fazer o pagamento rápido e não demora nem 20 minutos. O talão antigo tinha essa opção. Agora, independente do tempo que usa, você tem que pagar pelos 90 minutos. Você sai da vaga, entra outra pessoa pagando o mesmo valor”, denunciou ele.

A administradora Lara Silviano Machado é outra que insinua duplicidade de cobrança pelo mesmo serviço. A modernização do sistema por mais que preocupa as pessoas que têm dificuldade com os serviços eletrônicos, é defendida por ela como necessária. “É uma questão de adequação. Em todas as cidades o sistema antigo está sendo substituído”, ressaltou. Já a cobrança, para ela, precisa ser ajustada ao tempo de uso, criando pelo menos uma média. “A cobrança é de uma hora e meia hoje. Esse tempo pode até ser ultrapassado no caso de uma entrada numa agência bancária e situações específicas. Mas tinha que ser pensada uma forma para quem usar a metade do tempo, também, por exemplo”.

No modelo atual do rotativo eletrônico, o motorista paga o valor cheio, de R$ 2,50 pela permanência de uma hora e meia, com a possibilidade de trocar de vaga durante a vigência deste tempo. Mas se não precisar usar outra vaga nesse meio tempo, não tem reembolso do valor pago.

Matéria publicada na edição 739 do Folha Popular