Cisne pode parar frota em Itabira

Foto – Ônibus 303 da linha Chapada, lotado na ida ao trabalho na manhã de quarta-feira (3)

Média de passageiros transportados caiu pela metade nos últimos dois anos e custos subiram 100%

A pandemia de coronavírus começa a dar sinais de recuperação. Mas depois de dois anos de mudanças gerais no modo de vida das pessoas, a conta chegou. E para a Transportes Cisne, que mantém a concessão do serviço do transporte público em Itabira, a situação parece apertada. Depois de acumular prejuízos por quase dois anos inteiros, perder mais da metade dos passageiros diante de um encolhimento crescente da receita, a direção da empresa alerta para o risco de um colapso do transporte público na cidade.
“Precisamos encontrar um meio de ajuda para conseguir manter os serviços, principalmente para melhorar, mas para melhorar tem que ter um investimento”, esclareceu o gerente de transportes Eli José de Almeida.

O pedido de ajuda, já apresentado durante reunião do Conselho Municipal de Transportes e Trânsito (CMTT), acontece depois do último aumento, em março de 2020, que subiu a passagem de R$ 4 para R$ 4,30 no cartão da empresa e para R$ 4,40 em dinheiro.
Ele também chega junto a denúncias da população e dos políticos da cidade com relação a falha no atendimento à população. Sem um subsídio da Prefeitura para conseguir se reequilibrar dos prejuízos provocados durante a pandemia, a conta teria que ser repassada para os passageiros, que reclamam do serviço ainda manter os horários reduzidos. Em cumprimento a protocolos de prevenção à Covid, o serviço passou a funcionar de forma limitada, com frota, horários e quantidade de passageiros reduzidos.

  • Passagem a R$ 8

Uma soma preliminar dos itens que compõem a planilha de custos usada como principal critério de definição da tarifa, aponta para um aumento de 100% da passagem, conforme o gerente demonstrou aos conselheiros.

O representante da empresa reconhece que não é o momento certo para aumentar o valor da passagem e admite que o valor indicado pela planilha é impraticável. Por outro lado, afirma Eli de Almeida, a empresa não tem como assumir sozinha os prejuízos.
Ele é categórico ao afirmar que a empresa não cogita e nem nunca cogitou colocar a passagem a R$ 8. Diz o gerente, que o que a Transportes Cisne busca é um subsídio do poder público para conseguir continuar prestando o serviço. A ajuda é necessária até para fazer os investimentos de melhoria. “É impossível uma passagem a R$ 8. Mas com a quantidade de passageiros hoje, os preços dos combustíveis e o peso da folha de pagamento, é apresentada uma planilha que mostra que quarenta centavos a mais não resolveria o problema da empresa de transportes hoje. Precisamos discutir uma solução para que não pese muito nem para um, nem para o outro. Para melhorar tem que ter um investimento”, afirmou o executivo.

Devido à crise, empresa reduziu frota e ônibus estão demorando a passar

A redução da demanda de passageiros, conforme aponta, foi o motivo principal dos prejuízos. Para garantir o isolamento social e o atendimento à população, os ônibus continuaram circulando, causando o desequilíbrio entre a redução da oferta e a demanda no número de pagantes e redução drástica da receita tarifária, segundo expôs. Mesmo após muitos serviços voltarem ao normal, a recuperação acontece de forma lenta.
“Nós transportávamos em média 23 a 27 mil passageiros por dia. Hoje, depois que melhorou um pouco, estamos transportando em torno de 12 a 12,5 mil passageiros por dia”, calculou o gerente de transportes Eli José de Almeida.

Para Eli de Almeida, os prejuízos continuarão enquanto a tarifa paga pelo passageiro for a única fonte de financiamento do serviço na cidade. Ele explica que a empresa está tendo dificuldades de manter os serviços de acordo com o contrato de concessão no momento.
Por outro lado, o retorno das aulas presenciais nas escolas e faculdades é visto de forma positiva pela empresa.

Empregos também correm risco na empresa

No caso da mão de obra, apesar de garantir que ainda não foram feitos cortes em grande escala, a direção da Cisne admite que se não obtiver uma ajuda para reduzir os prejuízos, postos de trabalho poderão ser afetados.

Um fator que contribuiu para diminuir as demissões no setor foi a lei federal nº 14.020/2020, que instituiu o Programa Emergencial de Manutenção do Emprego e da Renda, que possibilitou as reduções das jornadas e salários ou suspensões dos contratos trabalhistas.

Eli de Almeida afirma que a empresa tem feito o máximo esforço para manter seus colaboradores. Mas sem o programa emergencial do Governo Federal, encerrado em dezembro passado, e sem recuperação da demanda, provavelmente, terão que fazer ajustes na empresa.

Por enquanto, segundo informou o Sindicato dos Trabalhadores em Transportes Rodoviários de Itabira (Sinttroita), as demissões na Transportes Cisne não sofreram alteração, se mantendo dentro da normalidade.

Matéria publicada na edição impressa 745 do Folha Popular.