Grupo no bairro Hamilton – A ajuda mútua é um dos princípios
dos grupos de AA, aliada ao programa dos 12 passos
A presença de público no grupo Alcoólicos Anônimos (AA) em Itabira sofreu drástica redução neste período de pandemia. Por outro lado, o movimento em âmbito nacional acusa crescimento triplicado. Na cidade, pelo menos dois dos seis grupos que funcionavam estão desativados. Antes da quarentena, todos eles mantinham encontros sistemáticos. O desinteresse pelo serviço em Itabira é atribuído à falta de motivação.
A ajuda mútua é um dos princípios dos grupos de AA, aliada ao programa dos 12 passos. Um programa de vida em que a pessoa se encaixa através da história do outro. “O princípio do AA é a troca de experiências. É nos encontros semanais ou diários que aprendemos que não estamos sozinhos no mundo, que somos muitos enfrentando os mesmos desafios e enxergamos um com o outro o que a bebida provoca. Nas reuniões virtuais, a liberdade não é a mesma”, contou um coordenador em Itabira. Ele aceitou dar seu depoimento na condição de se manter anônimo.
De acordo com ele, a mídia mostra que desde o início da pandemia o consumo de bebida e as pessoas com problemas de alcoolismo vêm aumentando de forma crescente. Segundo dados da Associação Brasileira de Estudos do Álcool e Outras Drogas (Abead), desde o início do isolamento social, a venda de bebidas em distribuidoras aumentou 38%, e nos supermercados 27%. Em Itabira, a situação não é diferente. A dificuldade criada pelo isolamento social e a dificuldade ou falta de acesso à tecnologia foram os motivos para o afastamento dos interessados no pedido de ajuda.
A instituição funciona em todo o país, dividida em distritos. Itabira faz parte do Distrito 5 e mantém seis grupos: Grupo Vida Nova (rua Padre Sudário, 88, Centro), Grupo Ramo da Esperança (rua Israel Pinheiro, 257, Alto Pereira), Grupo Viver Feliz (rua dos Engraxates, 103, Gabiroba), Grupo Nova Esperança (rua Floresta, 89, Hamilton), Grupo Um Novo Caminho das Oliveiras (rua Curvelo, 16, Nossa Senhora das Oliveiras) e Grupo Estrada da Esperança (rua Domingos Lage, 181, distrito de Ipoema).
Desde o início do isolamento social, a venda de bebidas em distribuidoras aumentou 38%, e nos supermercados 27%
Com a necessidade de isolamento social, por questões de segurança, os encontros presenciais foram substituídos por reuniões on-line, desde o dia 22 de março de 2020. Mas desde que Itabira subiu para a onda verde, as reuniões voltaram a acontecer.
Para o coordenador, muitas pessoas estão deixando de ir aos encontros por desinformação, mas a irmandade já retomou os trabalhos presenciais, ainda que de forma restritiva. “Estamos fazendo as reuniões, mas seguindo os protocolos de segurança que incluem o distanciamento”.
Um coordenador estadual disse que a irmandade em Minas Gerais não dispõe de uma estatística para informar números, mas garante que a procura pelo serviço é grande. A preocupação agora é resgatar os participantes e divulgar mais o trabalho. Estratégias estão sendo pensadas com o objetivo de sensibilizar as pessoas para o fato de que o problema é uma doença e, portanto, exige acompanhamento e tratamento multidisciplinar.
Entre as propostas de divulgação está sendo cogitada a realização de parcerias com escolas, empresas e instituições para realização de palestras nos locais. E por meio de seminários os grupos itabiranos ainda pretendem apresentar a profissionais das mais diferentes áreas aspectos sobre o alcoolismo.
Outra proposta que a irmandade em Itabira pretende reforçar é o trabalho de abordagem. “Se a família tem alguém com problemas com álcool que não quer ir ao AA, vamos em dois ou três fazer a abordagem e levar para a reunião mais próxima”.
- Al-anon
Os Alcoólicos Anônimos de Itabira também se mobilizam para trazer para a cidade os grupos familiares Al-Anon, uma associação de parentes e amigos de alcoólicos que compartilham sua experiência, força e esperança, a fim de solucionar os problemas que têm em comum. Para o coordenador do Distrito 5, o grupo é imprescindível no acompanhamento dos participantes.
O Al-Anon não está ligado a nenhuma seita, religião, movimento político, organização ou instituição; não se envolve em qualquer controvérsia, nem endossa ou se opõe a qualquer causa.
Para participar dos grupos de AA e Al- Anon basta ter interesse, no caso do AA, ter vontade de parar de beber e no grupo familiar, ter vontade de ajudar o membro da família que tenha dependência alcoólica.
Não existem taxas para ser membro. Os grupos AA e Al-Anon são autossuficientes, por meio das contribuições voluntárias de seus próprios membros.
Matéria publicada na edição 742 do Folha Popular