Vereador Luciano diz que fumacê está sendo aplicado errado em Itabira

“Eu não quero aqui causar pânico, mas Itabira hoje tem a mesma quantidade de óbitos, pelo menos em investigação, do que tem em Belo Horizonte”

8/03/2024 – O vereador Luciano Gonçalves “Sobrinho” (MDB) usou, dia 5, seu tempo na Câmara para denunciar o uso incorreto da aplicação da pulverização pesada (UBV), o antigo fumacê, pela Prefeitura de Itabira no combate ao mosquito Aedes aegypti, transmissor da dengue. Ele disse que Itabira está na contramão das outras cidades e da forma que está fazendo não obterá o resultado esperado. A aplicação do UBV teve início no último sábado (2), pelos locais onde há maior incidência do mosquito transmissor com a promessa de percorrer toda a cidade. Entretanto, a Prefeitura ignorou as diretrizes para a sua aplicação, comprometendo a sua eficácia.

“Eu não quero aqui causar pânico, mas Itabira hoje tem a mesma quantidade de óbitos, pelo menos em investigação, do que tem em Belo Horizonte, a nossa capital. As diretrizes, eu baixei de um site do Ministério da Saúde, onde diz que as portas e as janelas têm que permanecer abertas durante o uso do fumacê. E a Prefeitura de Itabira está pedindo que fechem as portas e as janelas”, contou o vereador.

Luciano Sobrinho disse que ligou para a Gerência Regional de Saúde (GRS) e foi informado de que a Prefeitura de Itabira nem procurou se informar sobre as diretrizes de aplicação do produto. Ele ainda lembrou que o fumacê visa eliminar o mosquito na fase adulta, que é quando ele pica uma pessoa transmitindo a doença. E o objetivo do mecanismo é a eliminação desse transmissor. Com as casas fechadas, para o vereador, o mosquito é que está protegido.

Outros vereadores da oposição cobraram maior atuação do poder Executivo em relação aos atendimentos realizados nas unidades de saúde. A vereadora Rosilene Félix Guimarães acusou o prefeito Marco Antônio Lage de estar tirando proveito da dengue para fazer teste, sem consultar profissionais envolvidos no trabalho, enquanto pessoas estão morrendo por falta de uma ação eficaz e segura. Ela se refere ao estendimento do funcionamento das Unidades Básicas de Saúde (UBS) para atender o paciente de dengue. As unidades, na opinião dela, não têm estrutura para fazer o atendimento exigido no tratamento da doença.

“O Governo Municipal teve tempo de impedir um agravamento da epidemia no município”. O UBV tardio é um dos exemplos citados

“Eu quero externar aqui a minha preocupação e a minha tristeza de ver o governo fazendo teste com um assunto tão sério, que vale vidas, cada teste vale vidas. Eles implantam, implementam protocolos sem conversar com as pessoas envolvidas. Ontem também eu pude estar num PSF para conversar com profissionais lá e eles não são consultados para elaboração de escala. Às vezes, tem médico que já está escalado para trabalhar no hospital ou no pronto-socorro. Com isso, ele vai falhar no pronto-socorro ou vai faltar no PSF. Então não vai resolver nenhum problema”.

Ela ainda denunciou o envio de informações distorcidas para o Ministério Público, o que em sua opinião pode estar impedindo o Município de receber recursos do Governo Federal para ajudar no combate ao problema.

“Eles não observam as formas de fazer o decreto corretamente de enviar as informações corretamente, para o Ministério da Saúde e isso nos causa prejuízo porque faz com que recursos que poderiam estar sendo enviados pra nossa cidade para ajudar na prevenção dengue, não cheguem”

Não faltou crítica dos vereadores ao suposto atraso na adoção das medidas de prevenção à epidemia. Para a oposição, o Governo Municipal teve tempo de impedir um agravamento da epidemia no município, mas por falta de ações eficazes deixou que a situação ficasse fora de controle. O UBV tardio é um dos exemplos citados por eles.

O líder do governo na Câmara, vereador Carlos Henrique de Oliveira “Carlinhos” (PDT), tentou entrar em na defesa do prefeito, mas confessou que o carro do fumacê que mal chegou, já está quebrado. Com problema na embreagem, o veículo teve que ser devolvido para a Secretaria de Estado da Saúde. Entretanto, ele disse que o serviço será reativado ainda nesta semana, com a substituição do equipamento.

“Sobre a questão do carro, ele realmente se encontra com problemas. Ele está atrapalhado e o Estado já está enviando outro carro para o município. Já deve estar chegando entre hoje e amanhã”.

Tanto vereadores da oposição quanto da situação alertaram sobre o grande índice de infestação do mosquito e cobraram ações tanto do Município quanto dos cidadãos em relação à limpeza de lotes, e extinção de locais propícios à propagação dos focos do mosquito.

De acordo com boletim epidemiológico divulgado pela Prefeitura na terça-feira, com dados de quinta-feira (7), Itabira tinha registrado 19.945 notificações, com 13.904 casos em investigação. O total de positivos era 6.041, com 98 pacientes internados. O número de óbitos subiu para 15.