FOTO: Itabira, com pouco mais de 120 mil habitantes, também enfrenta desafios para vencer pandemia
Apesar da crise, setor na cidade segue de olho nas oportunidades
e otimista com a retomada da economia
A pandemia do novo coronavírus tem afetado todos os setores da economia, com projeções nada animadoras para o Produto Interno Bruto (PIB) deste ano – queda superior a 6%. O impacto é esperado em todos os setores, inclusive no imobiliário, que ensaiava a retomada de um novo ciclo de crescimento após anos difíceis.
Mesmo assim, o mercado está otimista. Em Itabira, apesar do fechamento do comércio e da paralisação das operações da Vale, o setor de imóveis segue seu curso. Segundo Kamila Nascimento, corretora que trabalha com imóveis residenciais, a pandemia mudou a estratégia de vendas e seu trabalho agora se concentra em clientes que se aproveitam do momento para fazer bons negócios.
Corretora Kamila Nascimento
“Antes da pandemia tínhamos uma procura por imóveis de todos os perfis, pessoas ancoradas pela positividade da economia. Buscas por aquisição com a finalidade, tanto de investimento quanto de moradia. Agora, estamos focados nas pessoas que repensaram, talvez forçadamente pela quarentena, o perfil de imóveis e estão tomando a decisão de melhoria, além das pessoas mais visionárias”, afirma Kamila.
Segundo a corretora, a pandemia abriu espaço para a compra de imóveis com desconto. “Há condições diferenciadas, coisa que em um momento normal não haveria. As pessoas atentas às possibilidades podem comprar melhor agora do que depois, em um cenário de mercado aquecido”, afirmou.
Por enquanto, tudo certo
Daniel Kelles, que atua na construção, venda e locação de imóveis, afirma que, por enquanto, não sentiu o impacto do coronavírus no fluxo de caixa da empresa. “Não fez diferença ainda. Mesmo em tempos de pandemia, estamos vendendo bastante. Tínhamos apartamentos no Colina da Praia, de R$ 90, R$ 100 mil, que estão sendo vendidos tranquilamente”, afirmou Daniel Kelles.
De acordo com ele, as pessoas que compram imóveis pensam no longo prazo e acreditam que a crise da Covid-19 será passageira. “São pessoas que planejam, juntam algum dinheiro e buscam os bancos para financiarem uma parte. Acho que o mercado de vendas vai continuar caminhando bem”, declarou.
Em relação aos aluguéis, Daniel Kelles também afirmou que não teve nenhum pedido de desconto ou renegociação ainda. “Por enquanto, todos estão me pagando direitinho”, disse.
Imóveis comerciais
Os imóveis comerciais, por outro lado, apresentam uma realidade diferente, principalmente por causa do fechamento de lojas. Sem vendas, não há como manter uma estrutura de custo fixo, que consome parte significativa do faturamento.
Alguns segmentos do comércio não essenciais já voltaram a funcionar em Itabira. Outros, como bares, lanchonetes e restaurantes, ainda estão impedidos de abrirem as portas. O resultado tem sido uma enxurrada de pedidos de renegociação de aluguel, como desconto e adiamento.
Nazareno Alvarenga, que tem imóveis comerciais alugados, afirma que precisou renegociar com inquilinos e baixar o aluguel para não inviabilizar o negócio. “Negociamos, se não o meu inquilino quebra. Este é um momento de todos se ajudarem, porque estamos vivendo uma realidade complicada”, afirmou.
A Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL) de Itabira divulgou, inclusive, um material informativo orientando os empresários a negociarem com os donos de imóveis neste momento de pandemia. A negociação, segundo a entidade, é a melhor solução: para o empresário, que conseguirá manter suas atividades, e para o dono do imóvel, que evita vacância.
Otimismo com o futuro
No Brasil, o mercado imobiliário entrava em um novo ciclo de crescimento depois de alguns anos complicados. A economia como um todo dava sinais de recuperação, com aprovação de reformas e aumento do grau de confiança dos investidores.
A pandemia mudou as coisas, mas nem tanto. Mesmo com o coronavírus, os investidores do ramo da construção civil continuam otimistas, como mostra uma reportagem do Infomoney publicada em meados de maio com entrevistas de vários especialistas.
Vendas durante a crise
A reportagem cita uma pesquisa da Brain Inteligência Estratégica que inclusive corrobora com a situação de Itabira. Das empresas pesquisadas, 56% venderam na crise – com negociações iniciadas e encerradas durante a quarentena.
Guilherme Werner, sócio da empresa, citou também um outro estudo feito com 600 consumidores em abril que mostra a intenção deles (20%) de comprar um imóvel novo.
Já os aluguéis…
Por outro lado, em relação ao mercado de locação, o impacto tem ficado evidente nos relatórios dos fundos imobiliários. Muitos fundos reduziram significativa os proventos pagos aos cotistas mensalmente (quem investe em Fundo Imobiliário compra frações de imóveis e recebe aluguel todo mês) e outros zeraram temporariamente as receitas.
Como os fundos são donos de imóveis comerciais, de escritórios e de shoppings, era de se esperar o impacto nas receitas. Mas à medida que a ciência avança nas pesquisas sobre uma vacina para o vírus, o mercado vai se acomodando e a situação aos poucos retorna ao normal.