Vale confirma remoção de famílias e muro colossal na barragem Pontal

Foto – Região será cercada por muro com 20 metros de altura

A Vale confirmou que o processo de descaracterização das barragens e diques que a empresa possui no Sistema Pontal implicará na remoção de famílias em Itabira. Entretanto, a empresa ainda não precisou em números o impacto dessa obra. O objetivo é atingir o menor número de famílias possível. A quantidade de imóveis a serem removidos será definida por um estudo encomendado pela Vale, cuja conclusão está prevista para junho de 2022.

O assunto foi discutido com a imprensa, convidada para conhecer as obras de construção da descaracterização no complexo do Pontal, durante uma visita promovida pela própria empresa ao local das obras. Na oportunidade, os jornalistas puderam conhecer os trabalhos que estão sendo realizados no local e esclarecer dúvidas numa entrevista coletiva com gestores da mineradora.

O plano da mineradora prevê diversas intervenções para tornar mais seguras as suas operações no local, incluindo a construção de muros de contenção, e considera evacuar imóveis nos bairros Bela Vista e Nova Vista, onde estão os cordões Nova Vista e Bela Vista.

Disposto ao longo da barragem, o muro de contenção terá 20 metros de altura, com base de aproximadamente 30 metros, e é semelhante às estruturas usadas no Japão para conter tsunamis. Com isso, a empresa visa cercar o rejeito num eventual rompimento da barragem.

Segundo a mineradora, o processo vem sendo acompanhado pelo Ministério Público de Minas Gerais e a empresa de auditoria externa independente indicada pelo poder público, a Aecom. O estudo tem por objetivo reduzir ao máximo o impacto para as comunidades atingidas.

A empresa reconhecesse os prejuízos da remoção de famílias. “Se a gente conseguir uma solução que não precisa mexer com a vida de ninguém, é a coisa melhor do mundo, mas os espaços ali são muito estreitos, por isso que a gente está considerando a necessidade de remoção, de forma que a gente possa construir a estrutura, protegendo os dois bairros, mas com o mínimo possível de alteração na vida dessas pessoas”, explicou o assessor de imprensa, Sérgio Costa.

Para ele, a remoção é um impacto negativo. “Não é bom pra ninguém deixar as suas casas. Então, a gente tem que evitar o máximo possível esse processo de remoção”.

Todo o processo de descaracterização será dividido em duas etapas. A primeira já foi iniciada, com a execução de obras que incluem o reforço dos diques 3 e 4, a descaracterização do dique 5 e a implantação do muro de contenção a jusante da barragem Pontal, na região da lagoa Coqueirinho.

A segunda etapa, ainda em estudo, prevê a descaracterização dos diques Minervino e Cordão Nova Vista, do Sistema Pontal, e a construção de uma segunda contenção. Para esta fase, visando à segurança dos moradores, está sendo considerada a remoção de pessoas e imóveis nos bairros Bela Vista e Nova Vista.

A empresa anunciou ainda que retornará com o alteamento de Itabiruçu, mas não falou em data.

Gerentes e engenheiros da Vale que participaram do encontro fizeram uma explanação, explicando a situação das barragens Santana, Itabiruçu e Conceição.

Matéria publicada na edição impressa 746 do Folha Popular