A unidade é a mais antiga em atividade no país
19/12/2024 – Faltando menos de 10 dias para a suspensão das operações na usina da mina Cauê, da Vale, em Itabira, o presidente do Sindicato Metabase, André Viana Madeira, voltou a afirmar que a mineradora se comprometeu a manter o mesmo nível de rotatividade de trabalhadores diretos [o chamado turnover], ou seja, existe um acordo entre a Vale e o sindicato para evitar a demissão em massa. Entretanto, o acordo protege os trabalhadores diretos da mineradora. Já no caso das terceirizadas, não existe garantia de emprego.
“O Sindicato Metabase representa o trabalhador da Vale. São eles que representamos. O sindicato apoia as terceirizadas, presta serviços aos trabalhadores e coloca seus serviços à disposição deles, como assistência jurídica para retirar dúvidas, orientações quando necessário. Mas nós [o Metabase] temos limitações legais. Representamos a categoria primarizada”, justificou André Viana.
O próprio sistema de funcionamento das terceirizadas, conforme explicou o sindicalista, é diferente em comparação com o sistema da Vale. Enquanto a mineradora trabalha com quadro fixo com contratos por tempo indeterminado, as contratadas atendem a necessidade do momento, com contratos com prazo limitado.
“Por si só, as empresas já têm um tempo determinado para entregar uma obra. Se o trabalho acaba, o que a empresa vai ficar fazendo com os funcionários aqui?”, ressaltou André Viana, explicando que toda empresa trabalha com projetos, mantendo organização de acordo com sua proposta de atuação.
“As pessoas têm que parar de pensar que a Vale tem que manter 50 mil empresas na cidade. Que tem que manter centenas de pessoas de fora aqui na cidade”, disse, estabelecendo o posicionamento contrário do Metabase à terceirização.
“Eu sempre disse, o sindicato sempre lutou contra essa terceirização. A terceirização vem para retirar direitos, rebaixar salários, reter benefícios”. Ele pondera, entretanto, que enquanto tiver trabalhador precisando, o Metabase vai ouvir, vai apoiar e vai ajudar dentro das limitações legais.
- As suspensões das atividades na mina Cauê estão programadas para ocorrer em um período de cinco meses, entre janeiro e fevereiro de 2025 e no período de outubro a dezembro do mesmo ano.
André Viana destacou que as datas foram escolhidas estrategicamente para que a paralisação aconteça apenas nos meses de chuvas. Nesse período, a produção de minério será concentrada nas duas usinas de Conceição. Além disso, enquanto Cauê estiver paralisada, os empregados da mineradora atuarão como apoio de manutenção ou de operação nas outras minas, assim como passarão por treinamentos e capacitação, sem que haja a demissão de colaboradores devido à pausa produtiva da unidade.
Informações que circulam na chamada “rádio peão”, dão conta de que a Vale já contratou as empresas que ficarão responsáveis pela manutenção da usina de Cauê, mas André Viana se esquivou e disse que somente a própria Vale teria condições de passar esse tipo de informação.
“O que posso dizer é que haverá uma paralisação e nem uma diminuição da produção simplesmente com o foco de fechamento de mina. O que vai acontecer é uma adequação, assim como já aconteceu antes, em 2008 e 2009”.
Em tempo
A exemplo da Gerdau em Barão de Cocais, que encerrou as atividades da siderúrgica na região central da cidade, em maio deste ano, sem avisos claros, impactando a vida de mais de 800 trabalhadores entre funcionários e terceirizados, a paralisação da usina da mina Cauê, a mais antiga em operação no país, é vista como um presságio para o fim das atividades na unidade, fato que ganha força devido a dificuldade de operação na cava e o fim do minério na mina, ou seja, um recado duro ao itabirano de que a cidade está mais próxima do fim da exploração do minério de ferro em todas as minas, começando pela Cauê.
Matéria relacionada:
EXCLUSIVO: mina do Cauê vai suspender operações por cinco meses em 2025