Tragédia em Brumadinho: Vale se pronuncia oficialmente

FOTO: Lama interditou ruas da cidade

A Vale informou na noite de sexta (25) que disponibilizou mais dois postos para atendimento aos atingidos pelo rompimento da barragem 1, em Brumadinho (MG), totalizando três postos: Faculdade Asa, Estação Conhecimento de Brumadinho e Centro Comunitário Córrego do Feijão. Nesses locais, empregados da empresa estão atuando na prestação de serviço de acolhimento e identificação.A empresa disponibilizou também canais telefônicos para apoio e atendimento à população. Os números para atendimento são: 0800 285 7000 (Alô Ferrovia – prioritário) e 0800 821 5000 (Ouvidoria da Vale). As ações são do Comitê de Ajuda Humanitária, formado por uma equipe de assistentes sociais e psicólogos que fazem o atendimento aos atingidos e seus familiares.

A Vale colocou à disposição 40 ambulâncias e um helicóptero para o apoio ao resgate, além de um caminhão frigorífico e um caminhão-pipa com água potável para a comunidade.

O acidente

O rompimento da Barragem 1 da Mina Feijão, em Brumadinho (MG), ocorreu no início da tarde. No momento em que a área administrativa foi atingida pelos rejeitos havia empregados e terceirizados da Vale no local. O resgate e os atendimentos aos feridos estão sendo realizados no local pelo Corpo de Bombeiros e pela Defesa Civil. Ainda não há confirmação sobre a causa do acidente.A Vale lamenta profundamente o acidente e está empenhando todos os esforços no socorro e apoio aos atingidos. A prioridade máxima da empresa, neste momento, é apoiar nos resgates para ajudar a preservar e proteger a vida de empregados, próprios e terceiros, e das comunidades locais. A estrutura estava em processo de descomissionamento, e não recebia mais rejeitos.

Sobre a barragem

A Barragem I da Mina Córrego do Feijão tinha como finalidade a disposição de rejeitos provenientes da produção e ficava situada em Brumadinho (MG). A mesma estava inativa (não recebia rejeitos), não tinha a presença de lago e não existia nenhum outro tipo de atividade operacional em andamento. No momento, encontrava-se em desenvolvimento o projeto de descomissionamento da mesma.

A barragem foi construída em 1976, pela Ferteco Mineração (adquirida pela Vale em 27 de Abril de 2001), pelo método de alteamento a montante. A altura da barragem era de 86 metros, o comprimento da crista de 720 metros. Os rejeitos dispostos ocupavam uma área de 249,5 mil m2 e o volume disposto era de 11,7 milhões de m3.

A Barragem I possuía Declarações de Condição de Estabilidade emitidas pela empresa TUV SUD do Brasil, empresa internacional especializada em Geotecnia. As Declarações de Condição de Estabilidade foram emitidas em 13/06/18 e em 26/09/18, referentes aos processos de Revisão Periódica de Segurança de Barragens e Inspeção Regular de Segurança de Barragens, respectivamente, conforme determina a portaria DNPM 70.389/2017. A barragem possuía Fator de Segurança de acordo com as boas práticas mundiais e acima da referência da Norma Brasileira. Ambas as declarações de estabilidade mencionadas atestam a segurança física e hidráulica da barragem.

A Barragem passava por inspeções de campo quinzenais, todas reportadas à ANM (Agência Nacional de Mineração) através do SIGBM (Sistema Integrado de Gestão de Segurança de Barragens de Mineração). Sendo que a última inspeção cadastrada no sistema da ANM foi executada em 21/12/18. Adicionalmente, a mesma passou por inspeções em 08/01/19 e 22/01/19, com registro no sistema de monitoramento da Vale. O cadastramento da inspeção na ANM, conforme legislação, deve ser executado até o final da quinzena seguinte. Todas estas inspeções não detectaram nenhuma alteração no estado de conservação da estrutura.

A Barragem possuía 94 piezômetros e 41 INAs (Indicador de Nível D´Água) para seu monitoramento. As informações dos instrumentos eram coletadas periodicamente e todos os seus dados analisados pelos geotécnicos responsáveis pela barragem. Dos 94 piezômetros, 46 eram automatizados.

Segundo a Vale, a barragem possuía PAEBM (Plano de Ações Emergenciais de Barragem de Mineração), conforme determina portaria DNPM 70.389/2017. O mesmo foi protocolado nas Defesas Civis Federal, Estadual e Municipal, entre os meses de junho e setembro de 2018. O PAEBM foi construído com base em um estudo de ruptura hipotética, que definiu a mancha de inundação. Além disso, a barragem possuía sistema de vídeo monitoramento, sistema de alerta através de sirenes (todas testadas) e cadastramento da população à jusante. Também foi realizado o simulado externo de emergência em 16/06/2018, sob coordenação das Defesas Civis, com o total apoio da Vale, e o treinamento interno com os funcionários em 23/10/18.

Governador vai ao local

O governador Romeu Zema, acompanhado do ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, esteve no local do rompimento da barragem em Brumadinho, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, na início da noite de sexta (25)

Segundo dados confirmados pelo Corpo de Bombeiros, já foram localizados sete corpos de vítimas mortas. Ainda não há a identificação das pessoas que morreram. 

Foram retiradas nove pessoas com vida da lama e cerca de 100 pessoas ilhadas foram resgatadas. Segundo dados transmitidos pelo representante da Vale ao governador mineiro, havia 427 pessoas no local, sendo que 279 foram resgatadas vivas. E são cerca de 150 pessoas desaparecidas, no momento, com vinculação à empresa. Bombeiros já solicitaram o nome dos desaparecidos à empresa. 

“No momento a grande medida é ver sobreviventes, e informar às famílias dos atingidos”, diz o governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), sobre o rompimento da barragem da Vale, em Brumadinho.

São quase 100 bombeiros atendendo a ocorrência no local e o contingente será dobrado a partir desta madrugada. Dezenas de helicópteros do aparato estadual e de outros órgãos participam das buscas por sobreviventes. O posto de comando foi montado em uma faculdade de Brumadinho e será mantido pelos próximos dias. 

De acordo com a empresa proprietária da barragem, um número 0800 para envio de informações sobre pessoas desaparecidas na região será criado. Segundo a Copasa, não há risco de desabastecimento de água na Região Metropolitana da capital. São cerca de 2 mil pessoas sem energia no momento e a Cemig trabalha para retomar a ligação elétrica na área. Mas há cinco torres de iluminação para auxiliar os trabalhos de salvamento durante a madrugada. Mais informações a qualquer momento.

Nota oficial da ALMG

Assembleia de Minas vai acompanhar desdobramentos do rompimento da barragem da Vale
A Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) lamenta profundamente o rompimento da barragem de rejeitos da mineradora Vale em Brumadinho (Região Metropolitana de Belo horizonte), ocorrido nesta sexta-feira (25/1/19). Em nome dos parlamentares mineiros, a ALMG se solidariza às vítimas. A Presidência está formando uma comissão de deputados para acompanhar os desdobramentos do desastre, em conjunto os demais Poderes do Estado. Desde 2016, a ALMG debate o tema da segurança de barragens para aprimoramento da legislação estadual. Foi aprovada a Lei 22.796, que destina a integralidade dos recursos da taxa de fiscalização minerária (TFRM) para reforçar as atividades de fiscalização ambiental. Estão em tramitação projetos de lei apresentados pela Comissão Extraordinária das Barragens e outros parlamentares, que tratam do licenciamento ambiental e da fiscalização de barragens (PL 3.676/16, já aprovado em 1º turno), além de uma política estadual de atendimento aos atingidos por esses empreendimentos (PL 3.312/16).