Segundo parlamentares, depoimento de operador mecânico da Vale traz fato novo à investigação
Um vazamento de lama na grama da barragem da Mina Córrego do Feijão, da Vale, cerca de sete meses antes do seu rompimento em 25 de janeiro deste ano, em Brumadinho (Região Metropolitana de Belo Horizonte), foi relatado pelo funcionário da empresa Fernando Henrique Barbosa Coelho. Ele foi uma das testemunhas da tragédia ouvidas, nesta segunda-feira (8/7/19), pela Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Barragem de Brumadinho da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG).
Segundo Fernando Henrique, funcionário da Vale há quase 18 anos, e que na época do ocorrido atuava como operador/mantenedor mecânico, sendo responsável pelo bombeamento de rejeitos da barragem, esse fato teria sido anterior à constatação de excesso de líquido na estrutura, durante a instalação do 15º dreno no local, em junho de 2018.
O funcionário acrescentou que o ocorrido teria feito com que funcionários da empresa, entre eles a engenheira geotécnica Cristina Malheiros, buscassem seu pai, Olavo Coelho, em casa, às 22h40 daquele dia, para verificar o que estava ocorrendo. Conforme a testemunha contou, seu pai trabalhava há cerca de 40 anos na Vale e, embora não tivesse estudo formal, tinha muita experiência com a barragem.
Fernando acrescentou que seu pai ficou até de madrugada no local, constatou que os danos eram irreversíveis e informou aos presentes, inclusive Cristina Malheiros, que a estrutura poderia se romper a qualquer momento. “Se a barragem estava assim por fora, imagina como estava dentro dela”, disse. Em conversa com o filho no dia seguinte, Olavo falou que, se algo acontecesse, era para ele se deslocar para uma parte mais alta.
Emocionado, Fernando disse não ter dado muita importância para o que ouviu. Ele, que trabalhava em turnos na Vale, não estava no local no momento do rompimento, que acabou vitimando seu pai. Ainda de acordo com o funcionário da Vale, foi comunicado a Olavo, depois de sua constatação, que contratariam uma empresa em caráter emergencial para fazer intervenções na estrutura.
Fernando relatou que essa empresa teria permanecido no local durante uma semana e teria inserido uma lona no espaço, onde nem mesmo os supervisores puderam ter acesso. “Ninguém sabe o que foi feito direito e para onde foi essa lama”, afirmou.
O funcionário acrescentou ainda que, após a ida de seu pai à barragem, diversas medidas foram tomadas, como a instalação de sirenes e a realização de treinamentos.