Mutirão para cirurgias de reconstrução mamária devolve autoestima a pacientes do Hospital Alberto Cavalcanti

Equipe do hospital da Rede Fhemig e pacientes

23/10/2023 – Seis mulheres atendidas pelo Hospital Alberto Cavalcanti, do Complexo de Especialidades da Rede da Fundação Hospitalar de Minas Gerais (Fhemig), referência estadual em oncologia, foram submetidas a cirurgias plásticas reconstrutoras das mamas nesse sábado (21), durante mutirão realizado pela equipe de cirurgiões plásticos da unidade. A ação integra o Outubro Rosa – mês de conscientização sobre o câncer de mama.

As próteses beneficiaram pacientes com idades entre 40 e 60 anos que tiveram um dos seios, ou parte de um deles, retirado durante o tratamento e que aguardavam pelo procedimento reconstrutor. São mulheres casadas ou divorciadas, que têm filhos e vivem em Belo Horizonte ou na região metropolitana.

O cirurgião plástico e coordenador do setor de Cirurgia Plástica do HAC, Guilherme Greco, ressalta que a reconstrução é importante para a autoestima e a reintegração social dessas pessoas. “As mamas são um símbolo de feminilidade. Sua mutilação compromete a auto-imagem e prejudica as relações interpessoais e profissionais das mulheres”, afirma o médico.

“Nesses casos, é fundamental o acompanhamento multidisciplinar com psicólogos e terapeutas, além de mastologistas, oncologistas e cirurgiões plásticos. A readaptação, geralmente, é tranquila e lenta, com a retomada das atividades entre 15 e 30 dias”, explica.

Presente da medicina

A vendedora Flávia Silene Rabelo, 52 anos, divorciada e mãe de dois filhos, mora em Belo Horizonte. Ela fez a cirurgia para a retirada da mama direita em abril deste ano e desde então aguardava pela reconstrução. Diagnosticada com câncer de mama em julho de 2022, após um acidente de carro em que o cinto de segurança pressionou seus seios, Flávia iniciou o tratamento no Hospital Alberto Cavalcanti em setembro do mesmo ano.

“Fiz quimioterapia e radioterapia. Perdi todo o cabelo durante a quimioterapia e não conseguia usar peruca. Então, optei pelos lenços. A reconstrução da mama vai permitir que eu me sinta uma mulher completa novamente. Não gosto de ver faltando a parte do meu corpo que acho mais bonita. Agradeço a Deus por estar respirando e ao SUS (Sistema Único de Saúde) pela oportunidade. A reconstrução é um presente da medicina”, sublinha.

Flávia conta que está ansiosa para voltar a usar os sutiãs que estavam guardados. Ela também quer comprar uma peça nova e se olhar no espelho. Segundo a vendedora, sua autoestima ficou fragilizada com a tripla perda: peso, cabelos e mama. “Me sentia feia e não gostava de ficar sem lenços, a careca me incomodava, mas me mantive confiante na cura. A retirada do seio foi um choque. Mas, após a mastectomia, percebi que não era o fim do mundo e fui me aceitando”, revela.

Outro aspecto importante para o seu processo de cura foi poder contar com o amor das pessoas que a cercam. “Tive total apoio da minha família e amigos. A vida é um flash. Viva o hoje, faça tudo o que deseja, pois o amanhã é incerto. Tenha fé, a tempestade passa. Deus existe. Seja positiva e acredite que tudo depende de você querer viver”, ensina.

Oportunidade

Também divorciada e mãe de dois filhos, a agente comunitária de saúde Marcilene Rosa Batista, 41 anos, mora em Contagem. Ao contrário das outras cinco mulheres que participaram do mutirão, ela não teve a retirada total do seio, embora também tenha sido submetida à reconstrução. No seu caso, foi realizada a setorectomia – retirada de parte da mama, indicada nos casos em que o tumor apresenta até 20% de extensão.

“Fiquei muito feliz e ansiosa com a notícia do mutirão. Depois do câncer, eu estava muito desanimada e acredito que a cirurgia vai levantar minha autoestima. Quero voltar a me sentir bem ao olhar no espelho e ver que minhas mamas estão iguais”, relata. Assim como Flávia, Marcilene planeja comprar novos sutiãs.

Paciente do HAC desde seu diagnóstico em novembro de 2020, ela passou pela radioterapia, sem a necessidade de quimioterapia. “Foi um período muito difícil. Eu fazia radioterapia às 7h, chegava em casa às 10h e dormia o resto do dia. Não me levantava nem para comer, porque me sentia muito fraca. Chorei no dia do diagnóstico e encarei a doença como uma oportunidade para lutar pela minha vida, porque muitas pessoas não têm essa chance”, recorda.

Marcilene lembra que conheceu o atual noivo um mês antes do diagnóstico do câncer de mama e que contou com sua companhia e apoio durante todo o tratamento, como também com o amor de toda a sua família e amigos. “Tenha fé e mantenha o pensamento positivo, é muito importante ter a mente sadia. Deus está te dando a oportunidade de lutar pela sua vida, então lute”, recomenda.