HIV/Aids: discriminação, preconceito e falta de informação são principais desafios

Diagnóstico e tratamento são oferecidos na rede pública de saúde

  • Dezembro Vermelho

27/11/2023 – O vírus HIV, causador da Síndrome da Imunodeficiência Adquirida (Aids), permanece entre nós e não pode ser ignorado. A doença é uma realidade, mas tem tratamento e é gratuito pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Em Minas Gerais, foram 12.980 casos notificados nos últimos três anos, e tem 55.122 usuários em tratamento.

O principal desafio ainda é a discriminação, o preconceito e a falta de informação

No Dezembro Vermelho, dedicado à prevenção da infecção e do combate ao HIV/Aids, o Governo de Minas, por meio da Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais (SES-MG), reforça as ações para conscientizar a população sobre o diagnóstico e tratamento e reduzir o preconceito e a discriminação às pessoas vivendo com HIV.

Minas Gerais conta com 75 Serviços de Atendimento Especializado (SAE), Centros de Testagem e Aconselhamento (CTA) e Unidades Dispensadoras de Medicamentos (UDM) no estado, distribuídos em 65 municípios mineiros, que oferecem consultas multiprofissionais e distribuição de antirretrovirais a todos os usuários.

Segundo a referência técnica da coordenação estadual de Infecções Sexualmente Transmissíveis (IST)/Aids e Hepatites Virais da SES-MG, Cecília Helena de Oliveira, o serviço público de saúde tem um papel fundamental na qualidade de vida das pessoas portadoras do vírus.

“O SUS disponibiliza e distribui gratuitamente antirretrovirais, medicamentos utilizados para o tratamento, além de promover ações de prevenção como testagens rápidas, estímulo ao uso e distribuição gratuita de preservativos e gel lubrificante, disponibilização de outras profilaxias como a pós-exposição e a pré-exposição. A pessoa que vive com HIV, que utiliza a medicação de forma correta e contínua, tem níveis de vírus circulante no sangue igual a zero, o que contribui para uma boa qualidade de vida”, esclarece.

O diagnóstico é realizado por meio de testes rápidos, disponíveis em qualquer serviço de saúde, como as Unidades Básicas de Saúde (UBS), Unidades de Pronto Atendimento (UPA), clínicas, hospitais ou Serviços de Atendimento Especializado (SAE), e o tratamento é feito pelo SAE mais próximo da residência do paciente. O tempo entre o diagnóstico e o início do tratamento dura em média de sete a 15 dias.

Ainda de acordo com a referência técnica, Minas Gerais, em 2022, realizou a distribuição de 29 milhões de insumos (preservativos masculinos e gel lubrificante) para as ações de prevenção às IST e 1,2 milhão de testes rápidos.

“Dentre as ações de prevenção, destaca-se também a oferta da pré-exposição, que consiste no uso de medicamento diário, em situações de risco para a infecção ao HIV, e a pós-exposição, que é o uso de medicamentos antivirais em caráter de urgência, em até 72 horas, após uma exposição de risco, por 28 dias. Já a implantação do teste rápido nas Unidades Básicas de Saúde dos municípios favorece a oferta da testagem em tempo oportuno e a realização do diagnóstico precoce”, explica.

Em Minas Gerais, foram notificados 4.628 casos de HIV/Aids em 2021, 4.751, em 2022; e 3.601 casos até novembro de 2023.

Assistência especializada

O Hospital Eduardo de Menezes (HEM), da Fundação Hospitalar do Estado de Minas Gerais (Fhemig), é referência estadual em infectologia e dermatologia sanitária. Na década de 1980, a unidade abriu leitos para pacientes com Aids e, pouco tempo depois, tornou-se referência para o tratamento do HIV e de outras doenças infectocontagiosas. O Serviço de Atenção Especializada (SAE) do HEM é hoje um importante prestador de atendimentos ambulatoriais, responsável por uma parcela considerável de primeiras consultas de infectologia em Belo Horizonte.

De acordo com a gerente assistencial da unidade, Tatiani Fereguetti, ainda que a infecção pelo HIV tenha feito uma grande quantidade de vítimas fatais em décadas anteriores, atualmente não é mais uma “sentença de morte” e sim uma doença crônica, que não tem cura, mas tem tratamento.

“Uma vez diagnosticada, a pessoa que vive com HIV deve ser encaminhada para atenção especializada. No HEM, os pacientes são acompanhados por uma equipe multidisciplinar e recebem o tratamento indicado pelo Ministério da Saúde. Os comprimidos devem ser tomados todos os dias, durante toda a vida do paciente. A medicação é altamente eficaz, bem tolerada e proporciona uma vida longa e com qualidade”, explica. “O principal desafio ainda é a discriminação, o preconceito e a falta de informação”, ressalta a gerente.

É importante lembrar que o HIV e outras infecções sexualmente transmissíveis contam com inúmeras opções de prevenção disponíveis no SUS, como o preservativo feminino e masculino, vacinas (como a do HPV e da hepatite B) e até mesmo medicamentos – como é o caso da PEP (profilaxia pós-exposição) e da PrEP (profilaxia pré-exposição), além da testagem regular.

“Chamamos esse conjunto de estratégias de prevenção combinada. Porque, juntas, são capazes de reduzir expressivamente o número de infecções”, afirma a gerente do HEM.

As primeiras consultas relacionadas à infectologia são agendadas via Central de Marcação de Consultas (CMC) de Belo Horizonte. O encaminhamento dos pacientes é realizado pelos centros de saúde.

Após estarem vinculados ao HEM, todos os retornos são agendados na própria unidade. Além disso, depois das consultas, os pacientes podem se direcionar à farmácia ambulatorial dentro do HEM para buscar os medicamentos antivirais disponibilizados pelo Sistema Único de Saúde (SUS), necessários para o tratamento.

De modo geral, as demais infecções sexualmente transmissíveis podem se manifestar com corrimento, coceira, dor, verrugas ou feridas na região genital ou no ânus. “No entanto, algumas doenças podem ter um longo período de silêncio, sem qualquer manifestação de sinal ou sintoma. Por isso, é essencial a testagem periódica para HIV, sífilis e hepatites virais, além da prevenção”, conclui Fereguetti.