Gestante com gravidez de risco passa momentos de horrores em Itabira

Irmã da gestante denunciou descaso do Governo com a saúde e criticou gastos elevados com festas

  • HOSPITAL CARLOS CHAGAS ENVIA NOTA

12/08/2024 – Uma gestante com gravidez de risco em trabalho de parto e a falta de uma ambulância no Hospital Municipal Carlos Chagas (HMCC) mostrou neste final de semana mais uma vez o descaso do governo Marco Antônio Lage (PSB) com a saúde pública do Município, principalmente se tratando de nascimentos precoces.

O caso traz à tona mais uma vez a falta de uma Unidade de Tratamento Intensivo de Internação para crianças (UTI Neonatal) na cidade. A mulher que teve a bolsa rompida precocemente e já estava com quatro centímetros de dilatação, viveu o drama e o medo de perder o bebê e até a própria vida na última sexta-feira (9), por omissão da Secretaria Municipal de Saúde.

O caso foi denunciado pela irmã da vítima, que preferiu não se identificar por medo de retaliações. Ela disse que o parto precoce já era esperado, inclusive pela equipe que acompanhou a gestação da mulher.

Durante o pré-natal realizado na rede pública, o médico havia diagnosticado a mulher com gravidez de risco e indicado sua transferência no momento do parto para uma maternidade de Belo Horizonte, devido os hospitais de Itabira não contarem com suporte de UTI Neonatal. E o próprio médico já tinha avisado que a sobrevivência da criança dependia deste suporte.

“A minha irmã está aqui com uma vaga em Belo Horizonte. Ela é gestante de oito meses, a bolsa já estourou e ela está com quatro centímetro de dilatação. A criança corre o risco de nascer prematura. Aqui em Itabira não tem neonatal. Hoje que a bolsa estou eles estão tentando transferência e não conseguem ambulância. Não conseguem falar com a secretária. Não conseguem falar com ninguém. Cadê a saúde de Itabira”, questiona a familiar em desespero.

A sequência de festas milionárias na cidade, em detrimento da saúde, só aumenta a indignação de quem precisa de um atendimento e não consegue por falta de um investimento mínimo. “Fazer festa é muito bom. Na exposição (Expoita) tem show, tem show de graça. Mas porque não compra ambulância e traz para atender o pessoal”, criticou ela.

Incluindo shows e infraestrutura para a realização da 36ª Expoita, encerrada neste domingo, a prefeitura investiu cerca de R$ 3.6 milhões, com shows contratados por até meio milhão de reais.

Segundo a denunciante, o leito com UTI Neonatal, em Belo Horizonte, já estava garantido. No entendimento dela, o Município não fez sua parte, permitindo que o problema chegasse ao ponto em que chegou, de falta de socorro à gestante.

No HMCC, ela disse que apesar da irmã ter tido a bolsa de líquido amniótico rompida, a unidade de Saúde informou que não tinha como fazer a transferência da paciente para Belo Horizonte, por falta de ambulância. Apesar da irmã ter seguido todos os procedimentos e orientações médicas, não tinha como ser assistida ao final da gravidez.

Diante do sofrimento e risco que a irmã estava sofrendo e depois de ser informada de que o hospital não conseguia nem contato com a secretária de Saúde, Fabiana Machado ou com o prefeito e que não tinha como resolver o problema, a denunciante acionou a equipe de reportagem do VAR para pedir ajuda. Ela temia pela morte da grávida e do bebê que estava prestes a nascer.

“Eu chamei a reportagem porque a gente não tem opção, infelizmente. Como uma maternidade não tem ambulância de plantão. E se precisar fazer uma remoção de uma paciente de repente? E aí, a minha irmã e o meu sobrinho podem morrer aqui por falta de uma ambulância. Por falta de saúde”.

Ainda no vídeo ela aproveitou para fazer um apelo direto ao prefeito Marco Antônio Lage.

“Prefeito para de fazer festa e se preocupa com a saúde. A Cidade precisa de festa, mas também precisa de saúde. Quantas mães vão precisar passar por isso? Quantas vezes ou até mesmo chegar a perder seus filhos por falta de condução pra ir pra Belo Horizonte? E aí, resolve trazer artista para cantar de graça, encher a exposição, fazer Festival de Inverno. E a Saúde?”, disparou ela.

Depois de o vídeo/denúncia da reportagem viralizar nas redes sociais, foi feita a transferência da mulher para Belo Horizonte na madruga de sábado (10).

  • NOTA DO HMCC – ENVIADA ÀS 16H01 DE TERÇA-FEIRA (13)

A respeito da matéria veiculada pelo portal “O Folha Popular”, no dia 12 de agosto, a Fundação São Francisco Xavier (FSFX) esclarece que:

  • A paciente foi transferida, às 0h30, do dia 10 de agosto, para a Maternidade Odete Valadares, em Belo Horizonte, assim que todos os trâmites de transferência, via SUSfácil, foram concluídos. Vale destacar que a paciente recebeu toda a assistência durante todo o período de traslado.
  • A paciente deu à luz um bebê e ambos estão bem. Porém, devido à Lei Geral de Proteção de Dados, bem como em observância ao sigilo médico, o Hospital não pode divulgar informações relativas ao estado de saúde de seus pacientes.
  • Durante o seu período de internação no Hospital Municipal Carlos Chagas, a paciente e familiares receberam todo o acolhimento e os cuidados de forma humanizada;
  • Ressaltamos que o HMCC, desde o início da gestão da Fundação São Francisco Xavier, mantém dois leitos de UTI Neonatal de retaguarda, com equipamentos e equipe qualificada para acolhimento em casos de necessidade.

Reforçamos que o HMCC preza pelo compromisso com a verdade e que a equipe de Comunicação está disponível para eventuais esclarecimentos.

  • Matéria atualizada às 17h10 de terça-feira (13) para complemento.