Com nódulo no seio e dores nos braços, itabirana espera há um ano e meio para iniciar tratamento

“Esse prefeito não faz nada pela gente. Ele gasta reformando pracinhas, festas, mas não paga um exame, uma cirurgia de urgência”

Ela conta que não recebe nenhum benefício social e que as dores estão interferindo nas suas atividades. Ela precisa do tratamento para conseguir continuar trabalhando

16/08/2024 – Conceição Fernandes Barbosa, com 70 anos de idade, foi diagnosticada com um nódulo em um dos seios e está esperando há um ano e meio para iniciar seu tratamento. A idosa, que trabalha de doméstica, disse que sente fortes dores nos braços e que está perdendo as forças. O problema já está comprometendo inclusive os seus trabalhos.

Ela não é a primeira ou única esperando por um procedimento de saúde especializado em Itabira. No início desta semana, uma mulher de 66 anos morreu de câncer após esperar pela confirmação da doença na fila da saúde pública.

Conceição Barbosa conta que o médico já pediu dois exames para ela. E apesar de reclamar de muita dor e avanço dos sintomas de uma doença que desconhece, ela não consegue ter os exames agendados.

Ela disse que há um ano e meio ela foi diagnosticada com um nódulo no peito. Na ocasião, o médico do Programa Saúde da Família (PSF) do bairro João XXIII solicitou que fizesse um ultrassom do peito.

Recentemente, ela disse que precisou retornar ao médico após começar sentir fortes dores nos dois braços. Na ocasião, com o diagnóstico do nódulo no peito ainda em aberto, o médico pediu novo ultrassom, só que dessa vez, a intenção era avaliar os dois braços. Isso já faz quatro meses e nenhum dos exames foi agendado.

Apesar de não ter recebido um diagnóstico médico certo, ela pensa que seu problema é grave e teme que o avanço da doença sem o tratamento adequado possa interferir nas suas condições físicas para o trabalho.

Em outubro Conceição Barbosa completa 71 anos. Apesar da idade e de morar sozinha, não recebe nenhum benefício estatal, nem da Prefeitura, estado ou do Governo Federal. Morando de aluguel a vida toda, ela se sustenta com os próprios trabalhos. Entretanto, a cada dia está ficando cada vez mais complicado e inviável para ela fazer seus serviços, em função da saúde.

Este último pedido de exame já completou quatro meses e enquanto não é atendida, ela vê seus problemas de saúde se agravando sem conseguir ajuda. “Eu não estou mentindo. Eu moro sozinha com o cachorrinho e Deus. Tenho que trabalhar para pagar o meu aluguel e me sustentar”, disse reclamando também do abandono da saúde pública do Município pelo atual prefeito Marco Antônio Lage.

Na tentativa de agilizar o processo, a mulher disse que está sempre cobrando o PSF e até da Secretaria Municipal de Saúde. “Eu chego lá [no PSF], me falam que vai sair. No Campestre [Secretaria de Saúde] falam que o meu pedido está na frente. Se está na frente, então tem um ano e meio que eles não fazem exame de ninguém, porque senão já era pra ter saído”, ironiza ela.

“Esse prefeito não faz nada pela gente. Ele gasta reformando pracinhas, festas, mas não paga um exame, uma cirurgia de urgência”, conclui.

Sem o tratamento adequado, o medo dela é de não conseguir mais trabalhar para pagar suas contas e sua comida. “Eu tenho que trabalhar. Eu nunca ganhei nenhuma cesta básica. Não ganho nada da Prefeitura. Como eu vou fazer pra pagar meu aluguel, para comer se não tiver força para trabalhar? É o cúmulo do absurdo essa situação. Eu já não aguento mais, não estou bem — conta a empregada doméstica que sofre com as dores nos braços constantemente.

Conceição Barbosa faz parte de uma preocupante lista de espera, apelidada de ‘fila da morte’ pelo vereador Weverton Vetão, devido ao longo tempo de espera dos pacientes pelos procedimentos mais complexos de saúde, como exames e consultas especializadas e cirurgias. Toda semana o parlamentar tem cobrado a publicação quantitativa desta fila e uma ação para resolver os problemas.