Cerca de 500 diabéticos em Itabira estão na fila aguardando atendimento

A falta das intervenções médicas para os pacientes mais graves está aumentando a quantidade de mutilações entre os pacientes

“Temos muitos pessoas perdendo pés, pernas e até morrendo na fila”, lamentou.

24/09/2024 – Pessoas com diabetes severa estão tendo dificuldades de conseguir assistência especializada na rede pública de saúde da Prefeitura de Itabira. Com apenas um médico atendendo Centro Estadual de Atenção Especializada (CEAE), na avenida João Pinheiro, a fila de espera já soma 500 pessoas. Segundo denúncia de uma funcionária do centro especializado, Trícia Martins Negrão Martins da Costa, ao mês, estão sendo abertas apenas três vagas para novos pacientes. A situação já dura cerca de nove meses.

De acordo com a denunciante, o centro abre por mês 10 vagas para consultas com endocrinologista. Ela explica que o centro presta assistência aos pacientes referendados pela saúde primária, sendo pacientes em quadro mais grave da doença que dependem de um controle avançado periódico avançado.

O único médico da especialidade, até mesmo para não interromper os tratamentos, dá prioridade aos pacientes já cadastrados.

A falta do especialista no Ceae põe em risco também a vida dos pacientes com histórico de glicose alta, com hemoglobina glicada acima de 9%.

“A hemoglobina glicada neste valor reflete um descontrole severo do diabetes pondo em risco órgãos como os rins, os olhos e os nervos. Além de aumentar a chance de problemas cardiovasculares como infarto e derrame. Recomenda-se que o paciente portador de um exame com estes valores procure um endocrinologista especialista para uma avaliação.”, contou a enfermeira.

Embora, não saiba informar uma estatística real, ela disse, que a falta das intervenções médicas para os pacientes mais graves está aumentando em Itabira a quantidade de mutilações entre os pacientes. “Temos muitos pacientes perdendo pés, pernas e até morrendo na fila”, lamentou.

A falta de endocrinologista na rede pública de saúde preocupa também os médicos da saúde primária. O especialista está em falta também na Policlínica.

A suspensão da assistência de endocrinologista na rede pública, foi alvo inclusive de um abaixo assinado promovido por eles.

Eles exigem a contratação de novos especialistas, com ampliação da assistência no município.

O documento aponta, para risco de morte de pacientes bariátricos, bem como aqueles com suspeitas de neoplasia oculta por obesidade pela falta do profissional de endocrinologia.

“Foi com grande pesar e extrema preocupação que recebi o comunicado sobre o interrompimento da assistência secundária na especialidade Endocrinologia pelo SUS em Itabira. A realidade do território do bairro Bela Vista é especialmente vulnerável nesse sentido”, diz um trecho do abaixo-assinado dos médicos.

Procurada pelo Folha Popular para se posicionar sobre o assunto, por meio de sua assessoria de comunicação, a secretária Fabiana Carvalho informou que o SUS não cortou a especialidade de endocrinologia em Itabira. A falta do profissional foi atribuída à dificuldade de disponibilidade da especialidade médica no mercado.

A mandatária da pasta adianta que antes mesmo de receber o abaixo-assinado dos médicos, a Secretaria já havia iniciado uma busca e promete que o serviço será regularizado assim que conseguir contratar um substituto ao último que ocupava o cargo.