“A violência contra nossas crianças precisa ser enfrentada com coragem, empatia e ação” alerta a coordenadora Luciana Soares durante uso da tribuna da Câmara de Itabira na terça-feira (27)
- DE 8 EM 2022 PARA 213 EM 2024
01/06/2025 – Levantamento realizado pelo Hospital Municipal Carlos Chagas (HMCC), de Itabira, mostra alarmante crescimento nos números de registro de violência sexual contra crianças e adolescentes entre os municípios que integram a microrregional de Saúde de Itabira. De oito vítimas atendidas na unidade de saúde em 2022, os números saltaram para 213 no ano de 2024.
O aumento acende o sinal de alerta e tem dois motivos. O primeiro levantamento considerou apenas metade do mês de novembro e dezembro de 2022 e no seguinte, foi criado um comitê de violência sexual que vai atrás das informações e realiza paralelamente um trabalho de conscientização sobre a importância da denúncia, além de mostrar que existe um canal seguro para ouvir a vítima.
“Subiu porque temos um comitê de violência sexual que vai nas escolas explicando o que é o atendimento de vítimas de violência. O que devem informar e o que deve ser notificado e o que não é permitido. Isso ajuda a fortalecer as denúncias e teve como referência os professores das escolas”, explicou a coordenadora do Hospital Carlos Chagas, Luciana Soares.
Em 2023, o hospital registrou 130 escutas especializadas e 18 coletas de vestígios. Em 2024, foram 213 escutas e 39 coletas de vestígio e nestes cinco primeiros meses de 2025, os números mostram 66 escutas e 4 coletas de vestígios.
De acordo com o levantamento, o ataque é maior entre adolescentes de 10 a 14 anos (173 casos), seguidos pela faixa etária de 15 a 19 anos de idade (90). Crianças entre 0 a 4 anos também aparecem como vítimas. Foram registrados nesses últimos três anos, 52 casos vitimando crianças de até 4 anos de idade. As mulheres ainda são as principais vítimas.
Os números foram mostrados pela coordenadora do hospital em uso da tribuna da Câmara Municipal durante a sessão desta terça-feira (27), em apoio à campanha nacional Maio Laranja.
Ela detalhou os protocolos humanizados utilizados pela instituição para garantir o acolhimento e o cuidado das crianças. A iniciativa visa ainda ampliar a atenção para o tema e fortalecer o acolhimento das vítimas.
Luciana Soares fez um apelo contundente à sociedade e aos parlamentares: “A violência contra nossas crianças precisa ser enfrentada com coragem, empatia e ação”.
Ela reforçou que a denúncia é apenas o primeiro passo. Segundo a coordenadora, é imprescindível fortalecer as redes de apoio, promover escuta qualificada e oferecer suporte contínuo às vítimas para garantir um futuro mais seguro e digno.
No Hospital Carlos Chagas, a vítima, disse a coordenadora, recebe assistência médica e emocional. O acolhimento é realizado em salas reservadas, com foco absoluto na privacidade e no sigilo das informações, proporcionando segurança às vítimas e seus familiares. A coordenadora explica que o espaço do hospital é protegido para preservar a identidade e privacidade das vítimas.
- Matéria publicada na edição 829 do Folha Popular