MORADORES DO BAIRRO ARRASADO PELA CHUVA DENUNCIAM NEGLIGÊNCIA E ABUSO
- Câmara realizou reunião extraordinária nesta segunda-feira (1º) para tratar da situação. Após sessão, vereadores e pessoas da comunidade fizeram oração (foto)
Apesar das perdas irrecuperáveis, pessoas desabrigadas e uma cidade destruída, os moradores de Santa Maria de Itabira e voluntários seguem o caminho para superar a tragédia provocada pela forte chuva no domingo, 21 de fevereiro.
Conforme último boletim, do dia 28 de fevereiro, 1.617 pessoas foram impactadas pelo desastre natural, como classifica a Prefeitura da cidade. Deste total, 1.185 já retornaram para suas residências, 109 pessoas estão em abrigos municipais e 323 seguem desalojadas e acolhidas por parentes e amigos.
A campanha para receber ajuda segue, contudo, com foco maior em captação de dinheiro para reconstruir casas e bens públicos varridos pela água. A agência para depósito é Bando do Brasil número 2584-4, conta 20.221-5, titular Prefeitura de Santa Maria de Itabira.
Uma semana após os estragos, as mazelas do poder público
Durante reunião extraordinária na Câmara de Santa Maria de Itabira, nesta segunda-feira (1º de março), os vereadores receberam moradores do bairro Poção, o mais afetado com desabamento, seis mortes e dezenas de casas interditadas.
Os líderes da comunidade, Pedro Henrique e Vanderlúcio da Silva Féliz e o morador Giovani Alex de Souza, apontaram as mazelas dos órgãos públicos em se tratando de informações, interdições e desocupações dos imóveis de forma truculenta e o mais grave, negligência da Prefeitura que não deu importância aos alertas de tempestades na cidade sexta-feira 26, com o dobro de volume de água previsto para sábado (27) e domingo (28), como, de fato, aconteceram.
Câmara de Vereadores estaria sendo desprezada e sugere o fim da barragem Santana
A Câmara de Vereadores de Santa Maria de Itabira não estaria recebendo informações em relação a tragédia ocorrida no dia 21 de fevereiro na cidade, mesmo enviando ofícios à Prefeitura. A reclamação partiu do presidente da Casa, Umberto dos Santos (PL) e do secretário Rodrigo Antônio da Cruz Reis “do Bar” (PPS).
“Eles não enviaram cópia do decreto de calamidade para a Câmara, não informam como está sendo feita a contratação das empresas, não sabemos oficialmente da situação dos desalojados e desabrigados, onde e de que forma os resíduos da enchente estão sendo depositados e agora a reunião secreta na Vale, nesta segunda-feira, dia 1º. Nós solicitamos esse encontro com a mineradora para tratar da situação da barragem Santana, que pode ter parcela de culpa no alagamento da cidade, fato que causou pânico na população e que nos abriga a exigir, conforme desejo popular, o esvaziamento da barragem, mas a Vale nos ignorou e discutiu o tema com a Prefeitura, dizendo, como sempre, que a barragem é totalmente segura, como fez em Mariana e Brumadinho. Não sei se vocês sabem, mas acima da Santana tem outras três barragens e nós não temos informações oficiais de nada, eles não informam”, disse Vicente.