Vereadores de Santa Maria voltam do recesso e debatem barragem e linha férrea

Os vereadores de Santa Maria de Itabira retornaram do recesso de janeiro nesta segunda-feira (4), e três temas dominaram a primeira reunião de comissões de 2019: a barragem Santana, que fica na divisa entre Itabira e Santa Maria, assinatura do projeto de construção de porto no Centro Portuário de São Mateus (ES) e linha férrea que passará pela cidade.

A barragem Santana, tema central dos debates, teve como foco a cobrança dos moradores, que não confiam em laudos e licenças da Vale atentando a segurança da barragem que armazena água para atender operações da mineradora na usina de Cauê, em Itabira.

Os vereadores, o presidente Marcelo Coelho da Fonseca (PDT), Jair Lino de Carvalho (PPS), Geraldo Alves (Pros), embalados por Danilo Lage (PPS) e Rodrigo Antônio da Cruz Reis (PPS), cobram mais transparência e novos estudos sobre a real situação da barragem. Francisco Pereira Domingos (PRB) e João Cornélio Filho (PDT), também se posicionaram contrários a Vale.

Uma reunião nesta quarta-feira (6), possivelmente na Fundação Francisco de Assis, com moradores da cidade e representantes de entidades e órgãos públicos, irá aquecer ainda mais os debates. A proposta é exigir o esvaziamento da barragem.

“Parece que sou até funcionário da Vale. Toda hora tem um morador me perguntando sobre a barragem. Sabe o que eu falo? O jeito é correr, porque ela pode sim estourar e inundar nossa cidade”, diz Danilo Lage. Outro que cobra ações efetivas da mineradora é Jair Lino. “Acredito que a Vale deveria reforçar a estrutura da barragem e fazer isso de forma transparente sob supervisão do Ministério Público e órgão competentes independentes. Acredito também que ela deveria pagar uma indenização para nossa cidade, pois estamos expostos a riscos”, sugere Jair Lino. Rodrigo Reis citou como exemplo a barragem em Guanhães, que é toda em concreto e com ferragens reforçadas. “Em Guanhães tem uma barragem que serve de modelo para a Vale. Só estoura se Deus quiser, isso devido a estrutura composta por ferragens e metros de concreto”, disse.

As condições da estrutura da barragem Santana será tema de encontro entre vereadores e Vale, no local onde está a barragem. A mineradora sugeriu um grupo de até 20 pessoas, entre vereadores e pessoas da comunidade. Uma data será definida, em breve.

Viagem para o ES

Outro tema que gerou descontentamento nos vereadores foi a postura da equipe de governo do prefeito Reinaldo Santos (Pros), que viajou para Vitória, no Espírito Santo, dia 17 de janeiro, em companhia de empresários da cidade (45 pessoas no total), para acompanhar a assinatura do contrato da Petrocity com a Odebrecht para a construção do Centro Portuário de São Mateus (ES). O projeto é emblemático em vários sentidos e prevê ainda, para 2020, início da construção de ferrovia com 560 quilômetros entre São Mateus, passando pelas cidades de Barra de São Francisco (ES), Governador Valadares, Santa Maria, Aeroporto de Confins (Grande BH) até Sete Lagoas. Estas cidades receberão uma Unidade de Transbordo e Armazenamento de Cargas (UTAC). A previsão é de que cata unidade terá investimento de R$ 56 milhões.

Para a região Sudeste, será uma grande plataforma logística que dará impulso econômico em todo o seu entorno.

É justamente por isso que os vereadores, que não foram convidados para acompanhar o anúncio das obras do porto, ocorrido no Palácio do Governo Estadual do Espírito Santo, dia 17, que os vereadores assinaram uma nota de repúdio contra a postura do Governo de Santa Maria de Itabira. Os vereadores sustentam que o prefeito Reinaldo Santos se preocupou em fazer política partidária como anúncio, sem pensar na união de esforços com o poder legislativo para garantir que Santa Maria não perca espaço para outras cidades, que foram ao evento em peso, inclusive com grupos de vereadores, para tentar mudar o traçado da linha férrea, passando por suas cidades.

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