Júlio Rufino de Sá tem 45 anos, é produtor rural, casado, pai de três filhos. Ele foi eleito vereador para a legislatura 2017/2020 e reeleito para o quadriênio 2021/2024. Em dezembro de 2021, ele foi eleito presidente do Legislativo para a gestão 2022
- ENTREVISTA
O município de Santo Antônio do Rio Abaixo, famoso pela hospitalidade, agregada a belas corredeiras, cachoeiras e balneário, observa os estudos geológicos para novos empreendimentos minerários na região de Morro do Pilar e Conceição do Mato Dentro, com impacto econômico e ambiental nas cidades vizinhas.
Mas não é isso que vai melhorar a vida dos moradores, e sim a indústria do turismo, que precisa ser vista de forma profissional pelos gestores, com investimentos e novas ideias.
Este é o pensamento do presidente da Câmara de Vereadores, Júlio Rufino de Sá, que falou com a reportagem do Folha Popular. Ele também lembrou da importância do diálogo entre os poderes, da necessidade de resposta em relação ao bárbaro latrocínio que chocou a região e de obras estruturantes.
Folha Popular – Santo Antônio tem como principal fonte de receita o Fundo de Participação dos Municípios e precisa de um choque de gestão, ou seja, de obras um pouco maiores. Quais são essas obras no seu ponto de vista?
Júlio – No meu ponto de vista, o melhor seria investir no turismo, porque nós temos várias cachoeiras, vários pontos de atrativos turísticos. E um dos pontos para gerar renda e emprego seria a indústria do turismo.
Folha – Nesses 14 meses de gestão, você percebeu alguma ação voltada para o turismo?
Júlio – Até agora não. Em nível de realização, tudo dificultou. Teve a pandemia, nós pegamos praticamente cinco meses de chuvas, direto. Não tinha como fazer muita coisa.
Folha – Você disse que a redenção para Santo Antônio seria o investimento pesado em turismo. Vocês têm o balneário com corredeiras, cachoeiras, um povo hospitaleiro. Que tipo de investimento? Seria mais na orla da prainha? O que você pensa para atrair o turista?
Júlio – Até mesmo nas próprias cachoeiras. Melhorar o acesso, incentivar até os proprietários nas margens das cachoeiras fazer algum tipo de quiosque, uma pousada, uma coisa para chamar a atenção. Na verdade, profissionalizar o turismo.
Folha – Entre os turistas, a gente percebe muitos vindos Belo Horizonte, Betim, Contagem, Nova Lima, gente de Itabira e outros. Já pensou em fazer uma campanha publicitária para atrair ainda mais esse público?
Júlio – Isso. Essa seria uma das ações, mas precisamos estar mais estruturados.
Folha – Quando você fala das chuvas, período das águas, vocês perderam pontes, estradas?
Júlio – As estradas, foram praticamente todas danificadas. Aqui dentro da cidade mesmo tem um córrego que abre muita cratera, danificou algumas construções e no entanto, nós estamos correndo atrás para conseguir recursos com o deputado estadual Alberto Pinto Coelho, que também nos acompanhou. Ele já liberou uma parcela de R$ 200 mil, já é uma ajuda.
Folha – Esse recurso já foi depositado na conta da Prefeitura?
Júlio – Vai depositar. Já fez o compromisso com o prefeito e mais três vereadores e ficou de ver se conseguia um repasse maior. O de R$ 200 mil já estava fechado, mas ia ver se conseguia mais. Essa parte do córrego vai precisar de uma obra mais robusta e vai ficar cara.
Folha – Você disse que danificaram residências? Mas vai precisar desapropriar?
Júlio – Não vai precisar desapropriar, apenas obras de correção.
Folha – Quantas residências foram danificadas?
Júlio – Foram umas três ou quatro residências. Mas a Prefeitura já verificou, está correndo atrás mesmo. O engenheiro já até esteve nesse local.
Folha – E a questão da água na região urbana, é problema resolvido?
Júlio – Não está totalmente resolvido, mas já melhorou muito. Eu acredito que vai ter que colocar uma caixa maior e perfurar poços artesianos, pelo menos mais um.
Folha – Sabemos que o vereador é muito confundido e cobrado para prestar assistência social. Aqui em Santo Antônio eu creio que não é diferente. Como você lida com essa situação?
Júlio – Cobranças todos têm. A gente mostra qual é a função, qual o papel do vereador. Eu, graças a Deus, não tenho essa dificuldade, porque eu tenho uma boa convivência com todo mundo, então, para mim não tem essa dificuldade, e indico os caminhos, até entro em contato com as secretarias de governo para estarem ajudando, então, graças a Deus, as coisas vão fluindo. A gente tem que entender e fazer as coisas que a gente tem condição para ajudar as pessoas.
Folha – Sobre o latrocínio que vitimou mãe e filho na zona rural. As pessoas cobram de nossa reportagem. Alguma notícia a respeito?
Júlio – Na legislatura passada nós estivemos com o delegado em Conceição e nos alegaram falta de estrutura. Que não tem condições de aprofundar nas investigações.
Folha – Isso foi quando?
Júlio – Entre 2016 e 2017. Mas no ano passado [2021] eu estive com o escrivão da Polícia Civil, Evandro. ele falou que não tinha abandonado o caso. Que estava tendo dificuldades. Quando as pessoas me perguntam, eu falo que o Evandro me disse que ainda vai elucidar o crime e dar uma resposta para a sociedade.
Folha – O turismo é a saída para o desenvolvimento sustentável. Mas em relação as ações na saúde, educação, obras e assistência social?
Júlio – Dessas quatro, a assistência social é a que mais precisa de atenção.
Folha – Que tipo de atenção?
Júlio – Na moradia. Tem muita gente que precisa, que mora em casas de madeira sem muita segurança. A pessoa ganha um salário ou um pouco mais e mal dá para sustentar a família. Vai sobrar o quê para melhorar a casa?
Folha – Divergência Política, como lidar?
Júlio – Na verdade, nós não estamos tendo esse problema, porque a Câmara hoje trabalha em parceria pelo bem-estar da comunidade, da sociedade. Então, eu acho que política é até o dia da eleição. Depois, você tem que manter uma parceria, o diálogo, porque se você ficar mantendo a questão de política, a rivalidade, acho que isso tem que acabar. Tem que trabalhar juntos. Agora, é normal a discordância, a crítica, mas que ela tem que ser vista como construtiva. Isso tem que acontecer, porque se você for apoiar tudo que o prefeito quer, não tiver a sua opinião própria para debater, nada vai fluir, porque se você for concordar com tudo, não justifica.
Folha – Você tem como meta principal a construção da sede do Legislativo. Como está essa proposta. Já tem um projeto?
Júlio – Na verdade, são duas coisas necessárias. A construção da sede e a revisão da Lei de Orgânica do Município, que está desatualizada há anos. Com fé em Deus, vamos atualizar a lei este ano.
Folha – E a sede, já tem um projeto?
Júlio – Tem sim, um projeto. Até então não iniciamos. Só foi feito um muro no imóvel que vai abrigar o prédio. O que temos feito é tentar reter os recursos da Câmara, economizando para conseguir ter até o final do ano um valor para dar um início na obra. Nós vamos investir na construção. Sem chance de devolver dinheiro para a Prefeitura, porque nós temos esse objetivo, vamos iniciar ainda este ano. Estamos fazendo revisão de contrato, inclusive, para diminuir valores gastos para conseguir obter uma reserva maior até o fim do ano, para a obra. Porque como é um projeto grande e a Câmara tem orçamento limitado, não é um projeto que é possível ser concluído em um mandato, nem em quatro anos.
Folha – Vocês devolvem quanto normalmente a cada ano para a Prefeitura?
Júlio – Normalmente, de R$ 25 mil a R$ 40 mil, ou mais. No ano passado foi isso. Mas teve ano que foi mais, teve ano que foi uns R$ 100 mil.
Folha – Considerações finais?
Júlio – O Nosso objetivo é esse. Apostar no turismo e manter um bom diálogo com o Executivo.