Nozinho ‘vende’ uma São Gonçalo que não existe

Morro íngreme e terreno argiloso impedem a saída principalmente no período de chuva, mesmo com placa de “rota de fuga”

Prefeitura de São Gonçalo, uma das mais ricas do estado, não consegue levar energia e água encanada e tratada para comunidade

14/08/2023

O prefeito de São Gonçalo do Rio Abaixo, Raimundo Nonato Barcelos “Nozinho” (PDT), no poder há mais de 20 anos, na função de vereador, prefeito por três mandatos e ex-deputado estadual, está sendo alvo de críticas por “vender” uma gestão que não existe, ou seja, uma São Gonçalo que não existe, pelo menos para moradores que vivem sem água tratada e encanada, sem energia elétrica, sem rede de esgoto e com estradas intransitáveis, principalmente nos períodos de chuva.

O contraponto tem como base a entrevista publicada na edição de 6 de agosto do jornal belo-horizontino Estado de Minas, relatando a situação econômica do Município e as inúmeras e louváveis ações do Governo Municipal, com mais de 100 obras.

A matéria informa que a cidade é uma das mais ricas do estado, com Produto Interno Bruto (PIB) per capita (por habitante) de R$ 209 mil, e com invejável arrecadação com o Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) e com o Imposto Sobre Serviços (ISS) do estado por habitante, de R$ 15.617 por ano, conforme o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea).

Ao lado do vereador Cássio Túlio, o casal de idosos José Geraldo e Rosângela Maria mostram as instalações precárias e captação feita por eles para sobreviverem

Com tanto dinheiro, Nozinho mostrou nas páginas do jornal que tudo por lá é um mar de rosas, escondendo que moradores clamam por ações essenciais, como água tratada e encanada, energia elétrica e vias de acesso, como é o caso do aposentado Geraldo José Caldeira “Caiana”, de 70 anos, que mora desde 2019 com a esposa, Rosângela Maria Dias, de 60, na comunidade de Gralhos, a pouco mais de 3km da área urbana.

A reportagem do Folha Popular foi ao local nesta segunda-feira (14) para registrar a dura realidade do casal.

Estrada decente segue como promessa de campanha de Nozinho

“Na campanha para prefeito, em 2020, o Nozinho esteve aqui, prometeu que se fosse eleito a estrada seria a primeira a ser feita. Três anos se passaram e nada. Pode ver aí, na seca já escorrega e se chover, não tem como passar. Sofri um acidente, quebrei a costela, tive que ser carregado até o alto para entrar em um carro e ser socorrido. Sou idoso e não tenho tanta saúde como gostaria”, lamenta o aposentado, ao lado da esposa, também com saúde debilitada. “Só Deus para nos dar força, pois quando escurece, vem um aperto no peito, uma angústia muito grande devido à falta de energia. Tem ponto de luz a menos de 300 metros, falta boa vontade para fazer a extensão até nossa casa. Já em relação à água, temos que trazer de uma nascente que fica a uns 700 metros, sem o mínimo de garantia em relação à qualidade, pois criações e outros animais também fazem uso desta mesma água”, diz Rosângela Dias.

Conforme levantamento, na comunidade de Gralhos moram cerca de 20 pessoas e mais casas estão surgindo com a promessa de energia elétrica e água encanada.

Má vontade: morador mostra que a menos de 300 metros de sua casa passa rede de energia

O vereador Cássio Túlio Rodrigues Silva (PTB) conta que recebe mensagens e ligações de moradores que não têm sequer energia elétrica em casa. Em relação a comunidade de Gralhos, ele enviou ofício para a Prefeitura solicitando serviços [Veja aqui]. “É um absurdo, na verdade é um governo pão e circo, pois investe pesado em festas e dá migalhas para o povo e o essencial, como água tratada, estrada e energia elétrica, fica em segundo ou terceiro plano”, disse o vereador, lembrando que pagou em 2022, com recursos próprios, a análise da água captada na mina de Brucutu em caminhão-pipa e levada para o reservatório municipal para distribuição [REVEJA MATÉRIA AQUI] “Ficou constatado que a água está imprópria para o consumo humano, com cor aparente, turbidez, ferro, coliformes totais (fezes) e Escherichia coli (bactéria responsável por infecções de urina), lembra o vereador, que espera providências, por via judicial.

  • Desespero encoraja moradores a cobrar por direitos

Além do casal José Geraldo e Rosângela Dias, outros moradores, antes silenciados por medo de perseguição, estão dispostos a cobrar por direitos. Cassio Túlio lembra que existem mais moradores passando pelo mesmo problema nas comunidades do Recanto Verde e Mãe D’água.

  • Mais informações na edição impressa.

A reportagem do Folha Popular enviou pedido de informações para a Assessoria de Imprensa da Prefeitura e aguarda resposta.