Implantação foi discutida em audiência pública em Conceição do Mato Dentro
A Comissão Extraordinária Pró-Ferrovias Mineiras da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) realizou, no dia 2 de junho, na Câmara Municipal de Conceição do Mato Dentro, audiência pública para debater o projeto de construção de uma ferrovia, ligando a região ao porto central do município de Presidente Kenedy, no Espírito Santo. Serão 610 km de extensão, que além do transporte de minério e cargas agrícolas, prevê o transporte de passageiros. A audiência pública serviu ainda para apresentar o projeto do empreendimento para a população.
A vice-prefeita do município, Ivete Ottoni Santa Bárbara de Abreu, representando a Prefeitura, se comprometeu a buscar mais informações sobre o projeto. “Uma ferrovia passando em Conceição do Mato Dentro vai ser muito importante para o desenvolvimento econômico e social da região”, comentou durante a audiência.
O município, que abriga uma das maiores mineradoras brasileiras, a Anglo American, vem se despontando na última década na exploração de minério do estado e a única forma de se escoar a produção atualmente é por um mineroduto que interliga o município ao porto de São João da Barra, no litoral norte do Rio de Janeiro.
O presidente da comissão, o deputado João Leite, aponta inviabilidade de sua sobrevivência. Ele disse que, com a crise hídrica, esse meio tornou-se muito caro. Ele defende ainda que além de mais barato, o transporte por trens é ambientalmente melhor.
O projeto foi aprovado pelo Governo Federal em dezembro do ano passado, com base no novo marco regulatório do transporte ferroviário, por meio da lei federal 14.273, de 2021, que facilita os investimentos do capital privado na construção de novas linhas. A empresa Macro Desenvolvimento conseguiu a autorização para tocar o empreendimento.
Orçado em cerca de R$ 32 bilhões, o projeto informado pela ALMG prevê a construção de um eixo ferroviário dividido em duas estradas de ferro (EF). A primeira extensão ligará o município de Sete Lagoas (Região Central) a Presidente Kennedy (Espírito Santo), atravessando o Vale do Aço e com um ramal passando por Conceição do Mato Dentro. A segunda etapa estenderia as linhas até à cidade de Anápolis (GO), totalizando 1.450 quilômetros de trilhos.
Diretor-executivo da Macro Desenvolvimento, Fabrício Cardoso de Freitas disse que já estão em andamento os trabalhos de planejamento do projeto e detalhamento das obras de engenharia necessárias, para depois passar para a etapa de licenciamento.
Calculados em R$ 15 bilhões, os primeiros investimentos estão sendo feitos com recursos próprios da empresa, que dependerá da captação de recursos para concretização do projeto.
A previsão de início das obras é para os próximos quatros anos, com operacionalização do modal entre 10 e 12 anos. “Nós já estamos investindo nas engenharias necessárias para refinar o traçado e após essa engenharia ser refinada e ser validada, não só por nós, mas também pelo Ministério de Infraestrutura, que a gente dá entrada no processo de licenciamento”, informou Fabrício Freitas.
O diretor da Macro Desenvolvimento assegurou que o transporte de passageiros também está sendo considerado no projeto, especialmente para atender ao turismo, que também é vocação das regiões atendidas. “A ferrovia é um grande eixo de desenvolvimento”, defendeu.
Matéria publicada na edição impressa 761 do Folha Popular (30/06/22)