“O que for necessário para o funcionamento da fazenda-escola, eu vou doar”, garante o aposentado e produtor de queijos José Liberato
- CREDENCIADA PELO GOVERNO FEDERAL
27/08/2023
A Fazenda São Mateus, em São Sebastião do Rio Preto, em breve vai abrigar uma escola agrícola. O aposentado e produtor de queijos, com formação em engenharia agrícola, agricultura orgânica e agroecologia José Liberato de Sá Moraes, está doando parte da sua propriedade para implantação de uma unidade da Escola Familiar de Agricultura (EFA). Ela será a primeira do programa estadual que será implantada na região Centro-Leste de Minas Gerais. A proposta da escola agrícola é atender cerca de 12 municípios como Passabém, Itabira, Santa Maria de Itabira, Morro do Pilar e outros.
A extensão da área a ser doada para o funcionamento da escola vai depender da demanda e do envolvimento dos municípios. “O que for necessário para o funcionamento da fazenda-escola, eu vou doar. Pode ser 10, 15 ou até mais hectares. Para iniciar os trabalhos será necessário o mínimo de 70 alunos”, informou José Liberato, acrescentando que caberá aos parceiros e Estado a definição de construção e as atividades a serem trabalhadas no local.
Embora seja credenciada pelo Ministério da Educação e Cultura (MEC), a escola funcionará em sistema associativo, a partir da criação de uma associação sem fins lucrativos. Além de receber recursos do governo, como qualquer outra escola credenciada ao MEC, a unidade deverá contar com a contribuição direta dos produtores rurais (comunidade escolar), prefeituras envolvidas, entidades participantes e captação de verbas parlamentares. Já tem sugestão de um dos prefeitos interessados, de criar um consórcio intermunicipal para garantir o funcionamento da unidade. Caberá aos parceiros definir a contribuição por meio de uma associação, seja com obras, equipamentos e recursos aos alunos.
José Liberato destacou que na prática, a escola em estudo não é pública e nem privada. Mas já está definido que não haverá cobrança de mensalidades aos alunos. Ela deverá ser gerida por um sistema de cooperativismo, sem fins lucrativos, constituída de alunos regularmente matriculados na instituição de ensino, professores e entidades vinculadas, que tem como objeto social a cooperação recíproca de seus associados para promover e estimular o desenvolvimento do programa.
Ele explica que a EFA é uma modalidade pedagógica direcionada a estudantes da área rural, que inclui a educação básica e profissional como forma de combater o êxodo rural. De acordo com ele, existem hoje mais de 300 unidades de EFA espalhadas pelo país. Em Minas Gerais, a modalidade também está se popularizando rapidamente.
A escola atende adolescentes dos quatro últimos anos do ensino fundamental e dos três anos do ensino médio, num sistema pedagógico de alternância. Nelas, os estudantes realizam diversas atividades práticas de agricultura e pecuária no campo, integradas ao ensino regular. Eles passarão 15 dias na escola e 15 dias em casa, onde poderão colocar em prática o aprendizado de internato.
Os estudantes vão aprender também a leitura, a escrita, a matemática, a tecnologia e também a trabalhar com a terra, com as plantas, os animais e a conviver e interagir com a realidade agrícola. Em suas casas, ensinarão aos pais a utilizarem as novas tecnologias e a maneira mais adequada de lidar com a realidade do campo”, destacou José Liberato.
Em resumo, ele afirma que a escola agrícola forma empreendedores. Os estudantes sairão capacitados para gerir seus próprios negócios.
Seminário regional vai discutir funcionamento e manutenção da unidade
Para viabilizar a abertura da nova escola, um seminário regional está sendo preparado para reunir todos os interessados e dar corpo ao projeto. José Liberato disse que pretende enviar um ofício com a solicitação do evento para a Prefeitura e Câmara Municipal de São Sebastião. A perspectiva é de que o evento aconteça ainda este ano, visando a agilizar a proposta. Do seminário deverá sair uma comissão para dar andamento ao projeto.
Representantes da Secretaria de Estado da Educação e autoridades estaduais, entre eles parlamentares, serão convidados para o evento para discutir diretrizes e estratégias de execução.
Segundo José Liberato, o projeto já foi apresentado a sete prefeitos dos municípios do entorno de São Sebastião com boa receptividade. Além das disciplinas convencionais, a unidade vai oferecer ensino técnico na área agrícola e incentivo aos alunos para colocar em prática em suas comunidades o aprendizado da Escola.
O objetivo da instalação da unidade escolar é incentivar o jovem a permanecer no meio rural com o aumento do acesso à educação. “A escola agrícola é um centro de cultura, um centro de comunicação, um centro de arte, de modernidade, porque tudo que há de inovação em termos de agricultura moderna, de agroecologia, a gente vai estar construindo na escola”, ressaltou o doador e mentor do projeto na região.
O técnico agropecuário da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural de Minas Gerais (Emater), Fábio Dias Pinheiro, responsável pelos atendimentos em Passabém e São Sebastião conta que o órgão é o principal parceiro do projeto de instalação da EFA. Ele reitera que a formação integral dos alunos e a promoção do meio rural são os principais objetivos da Escola Familiar Agrícola (EFA).
O técnico da Emater, Fábio Pinheiro
Além da formação de profissionais, a escola beneficia a região. “Os filhos de agricultores, após a conclusão dos estudos, regressam às propriedades rurais com capacidade de aplicarem os conhecimentos adquiridos no melhoramento da produção agrícola”, diz.
- Matéria publicada na edição 792 do Folha Popular