Vítima de acidente sendo colocada em maca por populares
A falta de equipe de saúde em uma ambulância socorrendo um homem vítima de acidente na MGC 120, município de Ferros, provocou revolta nas pessoas que estavam no local. O homem sofreu ferimentos graves depois de bater com sua moto em um caminhão. O acidente aconteceu na tarde de quarta-feira, 9.
Com dificuldade de conseguir sinal no celular, um cidadão que chegou ao local gravou um vídeo mostrando a vítima ainda sangrando no chão e contou que só conseguiu fazer contato em uma unidade de saúde de Ferros. A unidade de saúde atendeu o chamado, mas enviou uma ambulância para o local do acidente com apenas com o motorista.
“Teve um acidente aqui agora perto do posto Mangueira. Um acidente grave, um caminhão com uma moto. A pessoa está aqui bem machucada. Pedimos um resgate do posto de saúde de Ferros e veio essa ambulância somente com o motorista. Não veio um médico acompanhando, não veio um enfermeiro. O motorista nem preparo para fazer um socorro estava”.
Ambulância foi enviada, mas sem equipe de socorro
Segundo o cidadão, ao reclamar da situação, cobrando a presença de um profissional de saúde, o motorista respondeu que não era Samu (Serviço Móvel de Atendimento de Urgência). “Isso aqui é um absurdo, um negócio desse. Atenção Prefeitura de Ferros. Não é possível que vocês não tenham um médico, um enfermeiro para acompanhar o motorista para prestar um socorro desse aqui. Isso aqui é uma falta de respeito”, disparou o denunciante.
Falta de Samu impede atendimento adequado a vítimas de acidente, diz Prefeitura
O Folha Popular entrou em contato com a Prefeitura. O procurador Jurídico do Município, Conrado Drummond Lage, disse que esse tipo de situação está acontecendo com frequência na região e tudo que a Prefeitura pode fazer, ela faz. Entretanto, o Município não dispõe de estrutura para oferecer resgate a vítimas de acidentes. Todos os atendimentos que faz é na tentativa de ajudar. A falta do Samu na cidade, segundo disse, impede socorros mais ágeis às vítimas, até mesmo um socorro adequado.
Em caso de acidentes ocorridos nas estradas próximas ao município, Conrado Lage atribui a responsabilidade ao Estado e centrais do Samu que atendem Itabira ou Guanhães. As ambulâncias existentes em Ferros são usadas para transporte de pacientes que fazem tratamento fora da cidade por meio do serviço de Tratamento Fora do Domicílio (TFD) e transferências. As ambulâncias, de acordo com ele, são simples, tripulada normalmente pelo motorista.
“Ferros é um município pequeno e pobre. Não temos Samu e não temos condição de manter qualquer outro serviço de resgate”.
Entretanto, diante da notória dificuldade de acesso a comunicação para quem está naquela rodovia, toda vez que recebe um chamado para resgate, quando disponível, a ambulância é enviada como forma de garantir que a vítima tenha pelo menos uma chance de ser transportada, mesmo não sendo ideal. “Não temos recursos e nem condição de manter a ambulância equipada com médicos e enfermeiros, mas também não tem como ver uma pessoa em situação de risco e deixar para lá”.
Conrado Lage disse ainda que o motorista da ambulância está preparado para situações emergenciais iniciais. Segundo ele, esse problema é antigo. E que ele mesmo já foi motorista de ambulância e na época fez o curso de resgate e treinamento em primeiros socorros. Na época, o atual motorista teria feito o curso junto com ele, na mesma turma.
Em 2011, a Prefeitura de Ferros também participou de um processo para implantação do Samu na cidade. Na ocasião, ele participou também de um processo seletivo para atuar no serviço de resgate do Estado, passando em primeiro lugar. Entretanto, o Governo do Estado não cumpriu com o acordo e o município, com isso, continua sem cobertura desse serviço de resgate. “É importante que todos saibam que Ferros tem interesse na implantação do Samu e vem trabalhando para isso, mas não conseguimos por descumprimento de um acordo por parte do Estado”, pontuou.
Imagens enviadas pelo fotógrafo Pretinho Almeida