Mostra gratuita ficará estacionada no Espaço de Eventos José Furtado, de 22 de maio a 1º de junho, com obras de artistas negros e indígenas de Minas Gerais e programação educativa para todas as idades
16/05/2025 – A cidade de Barão de Cocais será a próxima parada da exposição “Oriará – Arte e Educação em Movimento”, que chega ao município no dia 22 de maio, quinta-feira, com abertura oficial às 9h, no Espaço de Eventos José Furtado, onde a carreta expositiva permanecerá estacionada durante toda a temporada. A mostra, com entrada gratuita, segue aberta ao público até domingo, 1º de junho, com visitação de terça a sexta, das 8h às 16h, e aos fins de semana, das 10h às 18h. Com obras de artistas negros e indígenas de diferentes regiões de Minas Gerais, “Oriará” propõe um mergulho nas múltiplas heranças culturais afro-brasileiras e indígenas por meio de três eixos curatoriais: (Re)existências, Cotidianos e Futuros. A exposição integra o projeto Memorial Vale Itinerante e é realizada em uma carreta de 15 metros de comprimento, especialmente adaptada para o transporte e exibição das obras. Além da visitação, o público poderá participar de uma programação cultural paralela que inclui oficinas, apresentações musicais e ações educativas acessíveis a diferentes faixas etárias.
Com curadoria do Programa Educativo do Memorial Vale, a mostra utiliza a arte como ferramenta de diálogo e encontro, buscando aproximar o público de perspectivas importantes sobre a história coletiva e das múltiplas heranças culturais indígenas e afro-brasileiras em Minas Gerais a partir de três eixos: (Re)existências, Cotidianos e Futuros. Além da Itabira, “Oriará” já passou por Belo Horizonte, Congonhas, Jaíba, Curvelo e Itabira. As cidades de São Gonçalo do Rio Abaixo, Barão de Cocais, Brumadinho e Nova Lima também receberão a exposição.
“O Memorial Vale acumula em sua trajetória muitas experiências e práticas que privilegiam as tecnologias e as histórias dos povos originários e afro-brasileiros no território mineiro, como a exposição itinerante Africanidades e Mineiridades, ações com aldeia indígena Katurãma dos povos Pataxó e Pataxó Hã hã Hãe, a instalação educativa Sementes da Diáspora, dentre outras. A exposição Oriará oferece uma oportunidade única de conhecer a produção artística contemporânea mineira e aprofundar o conhecimento sobre as culturas indígenas e afro-brasileiras”, explica Wagner Tameirão, gestor do Memorial Vale.
“Ori” é uma palavra que vem do Yorubá, cujo significado literal é cabeça. É raiz da palavra Orixá, que designa divindades africanas cultuadas nos territórios brasileiros. Pode-se considerar que “Ori” se refere a um orixá que vive dentro das nossas cabeças, manifestando-se como uma faísca de vida que nos habita. “Ará”, conforme o dicionário Tupi-Guarani, tem alguns significados: dia, sol, nascer, surgir, todo ser vivente, tempo. “Oriará” abre caminhos para a transmissão de conhecimentos e compartilhamento de ideias, volta-se aos modos de vida e à própria presença dos povos indígenas e afro centrados.
Para traduzir o conceito da exposição Oriará, a curadoria estabeleceu três eixos fundamentais: Cotidianos, com reflexões sobre o modo de viver e meio em que se vive; (Re)Existências, com estratégias para viver e existir, e Futuros, com elaborações sobre um futuro abundante construído a partir da ancestralidade. Tais eixos representam distintos pontos de partida para as discussões e os diálogos propostos, relativos à força e à importância das presenças indígenas e afro-brasileiras na sociedade.
Obras e artistas
A exposição “Oriará” apresenta um conjunto diversificado de obras que exploram diferentes linguagens e abordagens, conectando o público com as ricas heranças culturais presentes em Minas Gerais. Edgar Kanaykõ Xakriabá, indígena Xacriabá e mestre em Antropologia, utiliza a fotografia como ferramenta de expressão, compartilhando momentos de cuidado, jogos e cultos de seu povo. A obra “Hemba” (fotografia sobre tecido) tensiona preconceitos e visões enrijecidas sobre os povos indígenas, revelando a importância de seus territórios.
Os Tikmũ’ũn, da Aldeia Escola Floresta Maxakali no Vale do Mucuri, apresentam a obra imersiva “O Que Tem na Roça” (animação digital, desenhos em caneta hidrocor e lápis de cor sobre papel). A obra retrata a diversidade de plantas cultivadas na aldeia e denuncia a destruição da mata, preservando saberes e memórias ancestrais.
Froiid, artista multidisciplinar, aborda o cotidiano popular a partir dos jogos. A obra “Os Petelecos” são jogos de tabuleiro feitos com madeira e pregos, que, na obra do artista, assumem vários formatos. Por meio da arte de jogar, o artista traz ao público um pouco da cultura periférica, de ruas e becos que dialoga fortemente com as heranças afro-indígenas de nosso país a partir dos ditos populares e regras de ser e pertencer a uma comunidade.
O artista visual Marcel Dyogo apresenta “Já Quase Esqueci Seu Nome” (caixas de papelão, papel manteiga e iluminação), uma obra sensível que questiona o apagamento de informações sobre as comunidades indígenas em Minas Gerais. As caixas reunidas formam conjuntos com nomes das 14 comunidades indígenas existentes no Estado.
Dayane Tropicaos, artista visual de Contagem, discute questões de gênero, raça e classe em suas obras. A instalação “Abre Caminho” (uniformes, serigrafia e vídeo) questiona os lugares impostos a populações subalternizadas na sociedade brasileira. A obra é composta por 10 uniformes de trabalho que referem-se a diversas ocupações profissionais que são vistas na sociedade como desvalorizadas.
Jorge dos Anjos, com formação na Fundação de Arte de Ouro Preto, transita entre desenho, pintura, escultura e design. “Obra” (pintura sobre lona de caminhão) combina símbolos geométricos e escritas ancestrais, conectando passado e presente. Jorge intersecciona temporalidades que abarcam a genialidade e o requinte técnico desenvolvido pelos povos negros, incluindo a rede de comunicação estabelecida em diáspora, quando suas identidades se ressignificaram no Brasil.
Finalmente, o “Varal dos Saberes” é uma obra interativa que convida o público a refletir sobre os eixos curatoriais da exposição através de perguntas, imagens e um mapa digital com informações sobre a ocupação territorial de Minas Gerais por povos indígenas e comunidades quilombolas. Nesta obra os eixos curatoriais se manifestam a partir de seis perguntas, em que a curadoria oferece um grupo de palavras e imagens de celebrações, alimentos e experiências relacionadas aos povos indígenas e quilombolas.
Memorial Vale Itinerante
“Oriará – Arte e Educação em Movimento” integra uma etapa da renovação do Memorial Vale, que, enquanto realiza a revitalização de sua sede, continua com sua programação através do projeto Memorial Vale Itinerante. “Estamos levando a essência do Memorial para outros espaços, garantindo que o público continue a ter acesso às atividades culturais gratuitas e relevantes, enquanto são realizadas as intervenções de requalificação, como a criação de novas estruturas de acessibilidade e áreas para atender a multipúblicos, com o objetivo de valorizar ainda mais o prédio que abrigou a antiga Secretaria de Estado da Fazenda. Com exposições como esta, estamos cumprindo nosso papel de difundir conhecimento e promover experiências transformadoras”, afirma Wagner Tameirão, gestor do Memorial Vale.
Além da mostra “Oriará”, o Memorial Vale Itinerante conta com outras iniciativas. Entre elas, o Quintal do Memorial que leva à Praça da Liberdade uma série de atividades culturais e educativas.
Programação paralela é voltada à cultura e à diversidade
A cidade de Barão de Cocais também vai receber uma diversificada programação paralela que acompanha a exposição “Oriará”. As atividades, gratuitas e abertas ao público, acontecem no Espaço de Eventos José Furtado e incluem visitas mediadas, oficinas artísticas, apresentações musicais e manifestações da cultura afro-brasileira.
As Visitas Brincantes, marcadas para os sábados, dias 24 e 31 de maio, e para os domingos, dias 25 de maio e 1º de junho, sempre às 10h, convidam crianças a partir de 4 anos, adolescentes e seus acompanhantes a explorarem a arte como uma forma lúdica de aprender sobre as culturas negras e indígenas. Com roteiros que mesclam diversão e conhecimento, as visitas valorizam diferentes aspectos da cultura mineira, promovendo uma experiência interativa. A atividade tem duração de uma hora, é acessível em Libras e possui lotação de até 10 pessoas por sessão.
Nas tardes dos mesmos sábados e domingos (24, 25 e 31 de maio), às 14h, o público poderá participar da Oficina Máscaras Afrofuturistas. Inspirada na obra do artista Jorge dos Anjos, a atividade propõe uma reflexão sobre o afrofuturismo na arte, convidando famílias com crianças a partir de 6 anos a criarem suas próprias máscaras com referências estéticas afro-brasileiras e futuristas. Também com duração de uma hora, a oficina é acessível em Libras e comporta até 20 pessoas por encontro.
No sábado, dia 24 de maio, às 11h, a Orquestra Inconfidência Mineira de Viola Caipira sobe ao palco com um repertório que celebra a música tradicional do estado. Fundada em março de 2024, a orquestra busca preservar as raízes culturais de Minas Gerais e homenageia, em seu nome, o movimento libertário da Inconfidência Mineira.
Ainda dentro das atrações culturais do dia 25 de maio, domingo, às 16h, o Grupo de Capoeira São Pedro se apresenta com uma roda que evidencia a força da capoeira como manifestação cultural e instrumento de inclusão. O grupo, criado em dezembro de 2024 e sob a liderança do mestrando Skin, promove o resgate de valores sociais e identitários por meio da prática da arte afro-brasileira.
No sábado seguinte, dia 31 de maio, às 11h, será a vez do Trio Raiz levar ao público os sons do sertanejo tradicional e do forró. Formado pelos músicos Totó, Juju e Ziziu, o grupo representa a musicalidade popular de Barão de Cocais e reforça o papel da música como elo entre gerações. No mesmo dia, às 16h, a centenária Banda de Música Santa Cecília encerra a programação musical. Registrada como Patrimônio Imaterial do município, a banda completou 120 anos em 2025 e segue sendo um símbolo da tradição e da renovação cultural local.
Memorial Minas Gerais Vale
Um dos espaços culturais que integram o Instituto Cultural Vale, o Memorial Vale faz parte do complexo cultural Circuito Liberdade, em Belo Horizonte. De 2010, ano de sua inauguração, até julho de 2024, o espaço recebeu mais de 1,5 milhão de pessoas. São mais de 3 mil eventos realizados, 106 exposições, quase 9 mil escolas e grupos atendidos e cerca de 240 mil pessoas recebidas em visitas mediadas.
Atualmente, o edifício-sede que abriga o espaço passa por obras de renovação para adotar uma nova estratégia de ocupação museográfica e infraestrutural. Criada a muitas mãos, a nova expografia permanente tem a curadoria de Isa Ferraz e Marcelo Macca e fará uma mistura inédita de obras de arte, objetos históricos e peças audiovisuais criadas especialmente para o Museu, propondo um diálogo entre o ontem, o hoje e o amanhã no qual o visitante é o protagonista.