Anglo American vai aplicar R$ 1 bi na implantação da etapa 3 do Minas-Rio

Conceição do Mato Dentro e Alvorada de Minas

Obra vai gerar 800 empregos – Produção saltará de 16,8 milhões (2017) para 26,5 milhões de toneladas de minério de ferro por ano após início de operação

A mineradora Anglo American conquistou no dia 26 de janeiro as licenças Prévia (LP) e de Instalação (LI) para a implantação da etapa 3 do sistema Minas-Rio, na região de Conceição do Mato Dentro e Alvorada de Minas.

As licenças foram assinadas pela Câmara Técnica Especializada de Atividades Minerárias (CMI).
Com a autorização, a mineradora poderá iniciar as obras que permitirão a continuidade do negócio, elevando a produção dos 16,8 milhões (2017) para 26,5 milhões de toneladas de minério de ferro por ano após a concessão da Licença de Operação (LO), que deve ser votada em meados deste ano.

O aumento de produção não afeta a previsão de operação da Anglo American na região, que é até 2033.

Segundo a empresa, o investimento estimado do projeto para os próximos 4 anos, é da ordem de R$ 1 bilhão. No pico das obras, serão criados cerca de 800 empregos. Depois de pronta, a fase 3 do Minas-Rio vai criar aproximadamente outros 100 postos de trabalho, que integrarão o atual quadro de empregados próprios da empresa em Conceição.

Os trabalhos de preparação de área e de infraestrutura, como canteiro de obras e acessos, começam imediatamente. Em seguida, as primeiras obras serão a abertura da cava e o alteamento da barragem de rejeitos, em 20 metros, elevando sua capacidade de armazenamento dos atuais 60 milhões de metros cúbicos, para 205 milhões de metros cúbicos.

Esse alteamento já estava previsto desde a concepção do projeto Minas-Rio, o que significa que trata-se de uma obra programada e não de reparo, reforma, conserto ou restauração da estrutura. Ele será feito para jusante, com aterro de solo compactado, tendo o terreno natural como fundação. Essa é forma mais conservadora e segura de se altear uma barragem.
As estruturas que permitirão o aumento da produção englobam, ainda, a instalação de diques de contenção de sedimentos, a expansão da pilha de estéril e as instalações do platô de apoio operacional e de uma nova flotação.

“As novas estruturas necessárias à etapa 3 ficarão situadas em áreas internas ou vizinhas às estruturas já licenciadas. A maior parte delas estará em áreas já adquiridas pela Anglo American”, explica Ruben Fernandes, presidente da Anglo American no Brasil.

As licenças foram concedidas com base no Estudo de Impacto Ambiental (EIA), desenvolvido por consultoria especializada.

A expectativa da empresa é de que a Licença de Operação (LO), que permitirá que o empreendimento comece a operar efetivamente, seja votada no segundo semestre de 2018.

Projeto já aplicou mais R$ 380 mi
Desde o início da implantação do Sistema Minas-Rio, a Anglo American se comprometeu a aplicar mais de R$ 425 milhões em investimentos institucionais. Desse valor, um montante da ordem de R$ 380 milhões já foi executado em prol dos municípios da área de influência do empreendimento. Os recursos foram direcionados a mobilidade urbana, educação e treinamento, saúde e bem-estar, esportes, lazer, turismo, artes, cultura, patrimônio, água e saneamento, segurança pública, desenvolvimento da comunidade, patrocínios, entre outros. Já há previsão de mais R$ 62,6 milhões em investimentos institucionais.

Hoje, o Sistema Minas-Rio possui cerca de 4.800 empregados diretos e indiretos, dos quais aproximadamente 1.600 são mão de obra da região da mina. Junto aos empresários dos quatro municípios mineiros onde atua (Conceição do Mato Dentro, Alvorada de Minas, Dom Joaquim e Serro), a empresa realiza programas sociais como o Programa de Desenvolvimento de Fornecedores Locais de Médio e Pequeno Portes (Promova) e o Crescer, voltado para produtores locais. Juntas, as duas iniciativas já movimentaram R$ 340,5 milhões nos municípios vizinhos ao empreendimento.

De outubro de 2014, início das operações, até dezembro de 2017, o Minas-Rio gerou mais de R$ 151,1 milhões em recolhimento de Compensação Financeira pela Exploração de Recursos Minerais (Cfem). No mesmo período, foram mais de R$ 311,8 milhões pagos sob a forma de impostos, taxas e contribuições. Somente no último ano, o Minas-Rio gerou R$ 70,8 milhões em Cfem, um dos principais tributos pagos pela atividade minerária, sendo R$ 65,5 milhões para Conceição do Mato Dentro e R$ 6,5 milhões para Alvorada de Minas.

Em 2017, também foram pagos mais de R$ 26 milhões em outros impostos, taxas e contribuições como ISS, Taxa de Controle, Monitoramento e Fiscalização das Atividades de Pesquisa, Lavra, Exploração e Aproveitamento de Recursos Minerários (TRFM) e ICMS.

Com a etapa 3 do Minas-Rio em operação e a mudança na legislação da Cfem, subindo de 2% para 3,5% a alíquota do tributo, haverá um aumento proporcional na arrecadação de impostos aos municípios. Outra notícia importante interessa aos municípios vizinhos ao empreendimento, que com a nova legislação, vão ser beneficiados com parte de destes impostos.

Boom imobiliário está de volta em Conceição
Com o anúncio da implantação da etapa 3 do Minas-Rio em Conceição do Mato Dentro, o mercado imobiliário tem motivos de sobra para comemorar. As vendas de lotes, casas e apartamentos tendem a crescer e os aluguéis, dobram de valor.
Rodrigo Costa Lessa, da Brasil Imóveis, contou que quando se mudou para os Estados Unidos há 10 anos, comprou imóveis em Conceição do Mato Dentro como investimento, contudo, não esperava uma transformação tão grande em tão pouco tempo.

“Há 10 anos, tínhamos uma realidade, mas nos últimos três anos, isso mudou muito. Para se ter uma ideia, um pequeno terreno podia ser comprado por R$ 30 a R$ 40 mil antes da mineração. Hoje, um lote de 220 m² não sai por menos de R$ 70 a R$ 80 mil, mesmo com a retração imobiliária de 2017. O aluguel também subiu muito. Um simples apartamento de dois quartos que era locado a R$ 200 em 2008, chegou a R$ 2 mil quando a cidade recebeu quase cinco mil trabalhadores para a implantação do projeto em 2013. O valor caiu para R$ 900 após a conclusão das obras da Anglo e agora vai voltar a subir, creio que não chegue ao que era antes, mas já há casos em que o valor dobrou”, disse o corretor de imóveis Rodrigo Lessa.

Outra observação é que a oferta de imóveis novos em Conceição também cresceu nos últimos anos e ainda assim, os preços estão dentro do mercado e vão se valorizar com o anúncio da nova etapa do Minas-Rio na cidade. Acredita-se que, em alguns casos, em até 300%.