R$ 100 milhões: Polícia investiga lavagem de dinheiro em parque aquático de Santa Bárbara

Empreendimento turístico foi alvo de operação da Polícia Civil; esquema criminoso envolve contas até no exterior

IMAGEM: Vista áeria do local conforme panfleto

O que era para ser um empreendimento indutor do turismo regional virou caso de polícia. O River Aqua Park, parque aquático anunciado com muita expectativa em Santa Bárbara, entrou na mira das autoridades. O motivo: suspeita de lavagem de dinheiro, sonegação fiscal e outros crimes.

No dia 20 de agosto, a Polícia Civil de Minas Gerais cumpriu nove mandados de busca e apreensão, com a colaboração de policiais de São Paulo, que resultaram no recolhimento de computadores, documentos, celulares, dentre outros itens úteis à investigação. A operação é denominada River of Money, ou Rio de Dinheiro.
A força-tarefa cumpriu ordens judiciais em Santa Bárbara, Barão de Cocais, Belo Horizonte e em Garça (interior de São Paulo). Conforme a Polícia Civil, o foco das investigações é o River Aqua Park, localizado em Barra Feliz, Santa Bárbara.

Lavagem de R$ 100 milhões
O delegado Domiciano Monteiro, da Divisão de Investigação de Fraudes e Crimes contra a Administração Pública da Polícia Civil de Minas Gerais, lidera o trabalho investigativo. Em entrevista à imprensa, ele afirmou que o esquema criminoso de lavagem de dinheiro e falsidade ideológica envolve cerca de 50 pessoas e aproximadamente R$ 100 milhões.
Conforme o delegado, a investigação evidencia “inconsistência fiscal” dos investigados e das várias empresas envolvidas – possivelmente de fachada. “Os valores declarados por essas pessoas não conferem com a realidade”, afirmou Domiciano.
A Polícia Civil informou ainda que alguns empresários suspeitos vieram dos Estados Unidos em 2015. A investigação aponta que dados pessoais de pessoas que recebiam salário mínimo eram usados para abrir empresas que movimentavam milhões de reais.
Até o FBI contribuiu com a investigação, fornecendo dados sobre os investigados que moraram nos Estados Unidos. Conforme o delegado, o trabalho de apuração continua e mira outras empresas e contadores suspeitos de envolvimento no esquema criminoso.

A expectativa era boa
Na época do anúncio do parque aquático, a expectativa era de otimismo. Afinal, um empreendimento de tal porte poderia incrementar o turismo em uma região conhecida pelas riquezas naturais e culturais.

A proximidade com a Região Metropolitana de Belo Horizonte e de outras cidades relevantes, como Itabira e João Monlevade, alimentava as esperanças de um movimento de turistas nunca antes experimentado em Santa Bárbara e região.
Na época, Raul Soares, cidade localizada na região de Caratinga, inaugurava um dos maiores parques aquáticos do estado e estreava um novo momento para o turismo. Por que não poderia acontecer o mesmo em Santa Bárbara?
Entusiasmadas com o projeto, muitas pessoas investiram na compra de cotas e se tornaram sócias do empreendimento de lazer. Se anteciparam à inauguração atraídas pelas belas campanhas de marketing.

O empreendedor à frente do River Aqua Park liderou, inclusive, a criação de uma associação empresarial de desenvolvimento turístico, cujo objetivo era integrar as cidades de Santa Bárbara, Barão de Cocais e Catas Altas. Tendo o parque como carro-chefe, a entidade pretendia trabalhar as potencialidades turísticas da região e oferecer um “cardápio” diferenciado ao turista.

O otimismo, contudo, começou a perder espaço para a desconfiança. Com informações cada vez mais escassas, os cotistas começaram a questionar sobre o andamento da obra e a data de inauguração. O empreendimento, cuja estrutura inacabada contempla piscina de ondas, toboáguas, rio lento, piscina infantil e restaurante panorâmico, nunca foi inaugurado.