Morro do Pilar, cidade com população estimada de 3.153 habitantes (foto)
Moradores, comerciantes e gestores públicos das cidades de Morro do Pilar, Conceição do Mato Dentro e Santo Antônio do Rio Abaixo aguardam o desfecho do projeto de extração mineral da Manabi, que virou MLog em outubro de 2015.
A reportagem do Folha Popular cobriu em 2014, no lançamento do projeto, seminários e as primeiras audiências públicas na Câmara Municipal de Morro do Pilar, e em janeiro deste ano, depois de seis anos, percorreu a região e conversou com moradores, gestores públicos e descobriu que entre 2018 e início de 2019, antes da pandemia da Covid-19, a MLog promoveu encontros com prefeitos prometendo milhões em repasses para obras e ações conforme contrapartidas pela licença prévia (LP), licença de instalação (LI) e licença de operação (LO).
Em Morro do Pilar, o prefeito José Matos Vieira Neto “Juca” (PDT) – foto, disse que com a chegada da pandemia, em março de 2020, tudo esfriou. “Não temos mais informações. A MLog tem direitos minerários em nosso município. Cogitou-se que o processo de extração teria início tão logo saíssem as licenças. Outro tema bastante falado seria em relação ao transporte do minério, que deve ser por meio de correia até Itabira, mas parou nisso após a Covid-19”, disse Juca, que foi ao Rio de Janeiro em 2019, a convite da MLog, para conhecer o projeto, orçado em mais de R$ 7 bilhões.
Em Santo Antônio do Rio Abaixo, cidade vizinha a Morro do Pilar, e que será impactada pelo projeto, o prefeito Alexandre Rodrigues de Souza (Patriotas) – foto, disse que ouviu falar de encontros para acertos de contrapartidas para obras e ações na cidade, apenas isso. “Tenho que me inteirar melhor, pois com a pandemia, o processo que vinha sendo tratado com o ex-prefeito parou. Sabemos apenas que o projeto pode ser realidade e que Santo Antônio será beneficiada economicamente”, disse Alexandre Rodrigues.
Vale é inserida na discussão
Outro ponto destacado é a mineração na Serra da Serpentina, com direitos de exploração da Vale, envolvendo as cidades de Conceição do Mato Dentro, Morro do Pilar, Dom Joaquim e Carmésia. Conforme a assessoria, a Vale está realizando apenas estudos de viabilidade técnica e ambiental do projeto de mineração na Serra da Serpentina.
Contudo, não há definições a respeito do possível empreendimento, nem abertura de processo de licenciamento ambiental junto aos órgãos competentes.
Por outro lado, pessoas das cidades no entorno da mina de Serpentina acreditam que a Vale estaria estudando a possibilidade de iniciar o projeto com escoamento do minério para as usinas de Cauê e Conceição, em Itabira, onde ocorreria o beneficiamento e embarque pela malha ferroviária até o porto de Vitória, no Espírito Santo. Cogita-se também possível parceria com a MLog em se tratando do escoamento da produção.
O prefeito de Itabira, Marco Antônio Lage (PSB) – foto, chegou a falar sobre o projeto Serra da Serpentina. “Não participei de nenhuma reunião e não tenho informações oficiais, mas sei que a Vale estuda uma forma de trazer esse minério de Conceição do Mato Dentro para Itabira por meio de correia ou linha férrea. É claro que a linha férrea exige um investimento maior, mas penso no legado que isso pode deixar para o turismo da microrregião. Além do transporte de minério, a linha férrea pode aquecer a indústria do turismo. Estamos preparando uma agenda para discutirmos com a Vale estes e outros projetos importantes para Itabira e região”, disse Marco Antônio.
Matéria publicada na edição 727 do Folha Popular (11/02/2021)