Projeto de mineração em Barão de Cocais será a seco, com geração de 160 empregos diretos

Orlando Rocha mostra área que será explorada na primeira etapa do projeto, que prevê extrair 300 mil toneladas de minério de ferro a seco por ano

A oferta de emprego e renda em Barão de Cocais por meio da mineração volta a fazer parte da vida dos moradores depois do fim da mineração em Gongo Soco, em 2016.
O município, com pouco mais de 32 mil habitantes, vive a expectativa do projeto apresentado pela Bassari Mineração, que está em fase de licenciamento para retirar minério de ferro em reserva na Fazenda Bela Vista, próximo à Estrada de Ferro Vitória a Minas.

Os sócios do empreendimento, Jorge Michel Iabrud e o geólogo Orlando Rocha receberam a reportagem do Folha Popular no local e contaram detalhes do projeto.
Pelas informações, a área é de 68 hectares, sendo oito para mineração, em área de expansão urbana e de onde serão extraídas por ano 300 mil toneladas de minério de ferro a seco por ano, portando, sem barragens de rejeito e de água e detonações. Toda a operação será feita superficialmente, sem necessidade de cava. A previsão é de gerar 160 empregos diretos por um período de cinco anos, apenas na primeira fase. Conforme os sócios, o desejo é de iniciar as operações logo após as audiências públicas com os moradores das áreas impactadas, obtenção das licenças e início das ações comunitárias como o aproveitamento da mão de obra local, capacitação profissional de jovens, construção de creche e de um posto policial. Estas e outras reivindicações foram registradas por meio de pesquisa com 506 moradores dos bairros Garcia I e II, São José, Cohab e Nacional I e II. Neste levantamento, 93,9% das pessoas aprovam o projeto.

Após mineração, área dará lugar a loteamento

Mata e lagoa não serão afetadas com a extração do minério, garantem empresários

O local de onde será extraído o minério será urbanizado e loteado, conta Orlando Rocha.
“Iniciamos há dois anos nesta área um projeto de expansão de loteamento por meio do nosso grupo Vila Forte, contudo, após sondagens descobrimos que 30% da área destinada ao empreendimento imobiliário está sob uma cobertura de minério com teor de ferro superior a 60%, o que é comercialmente viável, foi quando requeremos os direitos minerários na Agência Nacional de Mineração. Na verdade, resolvemos unir as duas coisas, pois o loteamento nos obriga a remover entre cinco e seis metros desta cobertura com serviço de terraplanagem, o que agora será feito com a retirada do minério seguindo todas as normas de extração mineral, pois queremos deixar um legado em Barão de Cocais”, diz Orlando Rocha.

Transporte

Geólogo e sócio-diretor Orlando Rocha mostra material que está na superfície

O material retirado será processado em uma usina no local e toda a vegetação natural será preservada, como também as nascentes e uma lagoa, que receberá uma praça para compor o futuro loteamento. Quanto ao transporte do produto, ele será realizado por meio da futura MGC-262 Caeté/Barão de Cocais, que passa dentro do empreendimento, conforme projeto do Governo de Minas já aprovado e licenciado, podendo ser reiniciado a qualquer momento. “É bom lembrar que já fizemos todos os estudos ambientais envolvendo poeira, ruídos, preservação das nascentes. Pretendemos entrar com toda a documentação para licenciar o empreendimento até outubro próximo”, explica o sócio-diretor Jorge Iabrud.

Licenciamento

O processo para habilitar o empreendimento em Barão de Cocais segue na Superintendência Regional de Meio Ambiente (Supram). Em nível municipal, caberá à Câmara de Vereadores aprovar a regulamentação da Zona de Expansão Urbana (ZEU), desvinculada do Plano Diretor. Recentemente a Prefeitura retirou o projeto de pauta para novas adequações, devendo ser reenviado ao Legislativo ainda meste mês de setembro.

Conforme o vereador Leonei Pires (PSB), este pedido tramita há mais de um mês na Câmara e não discute apenas a mineração, mas as atividades agropecuárias, extração vegetal, ecoturismo e indústria.

Ainda, em se tratando do Legislativo, os vereadores de Barão de Cocais acataram convite da mineradora, conheceram o empreendimento e esclareceram dúvidas.
Outro detalhe importante é que todas as propostas da empresa serão registradas em cartório, conforme sugerido pelos empreendedores.

O que dizem os moradores
Deisy Helena (dona de casa)
Ouvi falar sim do empreendimento. Se acontecer mesmo, vai gerar oportunidade de trabalho para muita gente. Fico preocupada é com o barulho, poeira, gente estranha circulando e a água que abastece muitas famílias. Mas existem normas e a empresa terá que cumprir. Nos alegra saber que o projeto não prevê barragem. Agora é esperar as reuniões com os moradores para decidir o que deverá ser feito pela empresa para compensar os impactos.
Alba Santos (dona de casa)
O projeto parece ser muito bom, com geração de emprego e renda, mas temos que definir as ações nos bairros, tudo deve ser conversado seguindo o que é certo. Temos a água da Copasa e também água das nascentes, que abastece muitas famílias, inclusive a minha, essa é uma das grandes preocupações dos moradores. Precisamos de emprego, mas tem que chegar sem penalizar a população e destruir o meio ambiente.
Expedito Afonso Ferreira (desempregado)

Eu tenho 52 anos e estou desempregado e esta pode ser uma oportunidade. Mas a mineração tem que respeitar o meio ambiente e principalmente as nascentes, que abastecem muitas casas aqui no bairro, mesmo tendo a Copasa. A mineração é o carro-chefe de nossa economia, todos sabem disso, mas deve ser com responsabilidade. A cidade precisa de faculdade e de investimentos em infraestrutura e mais qualidade de vida.