Prefeitura deverá liberar ajuda de quase R$ 1 milhão para a Cisne

A empresa já chegou a apontar para o risco de ter que reajustar o valor da passagem dos atuais R$ 4,40 para R$ 9 ou mais

Estão em fase de conclusão as negociações entre a Prefeitura de Itabira e a Transportes Cisne para liberação de subsídio ao transporte urbano. O gerente da empresa, Eli José de Almeida, admitiu que está havendo uma discussão sobre a possibilidade do subsídio, mas afirma que não foram mencionados valores. Ele disse ainda, que na próxima semana, deverá ter informações concretas sobre o assunto. Contudo, há rumores de que a ajuda da Prefeitura para a concessionária não deverá ser inferior a R$ 900 mil.

“A Cisne já vem conversando há algum tempo com a Prefeitura sobre a necessidade de um investimento de recursos para manter o serviço com qualidade para a população. Mas não temos nada oficial sobre um valor de subsídio. Não foram mencionados valores”, explicou o gerente administrativo da empresa.

Eli Almeida disse que a empresa tem mostrado para o Executivo, por meio de suas planilhas, a dificuldade de manter o atendimento à população no momento. E segundo ele, o prefeito Marco Antônio Lage (PSB) está ciente dos custos.

De acordo com o gestor empresarial, a apresentação de valores depende de cálculos específicos sobre a situação econômica atual e as condições em que está sendo feita a prestação do serviço. O relaxamento das medidas referentes ao protocolo de prevenção e controle da pandemia de coronavírus, tiveram uma influência positiva. Com a reativação de alguns horários e a normalização da quantidade de passageiros, amenizou o impacto econômico da empresa. Contudo, não é o suficiente para a concessionária retomar o seu equilíbrio financeiro, até porque, embora tenha sido agravada em função da pandemia, esse não é o único fator que provocou toda a situação.

O subsídio da Prefeitura, segundo vem argumentando a Transportes Cisne ao longo dos últimos dois anos, é uma necessidade para a empresa conseguir manter a qualidade do serviço de transporte coletivo na cidade. A queda na demanda de passageiros no transporte coletivo somada a outros em decorrência da pandemia, resultaram em prejuízos sem precedentes à concessionária. Sem a ajuda da Prefeitura, a empresa tem alegado impossibilidade até mesmo de continuar na cidade, se não recorrer a um reajuste exorbitante.

Pelos cálculos iniciais, enquanto as medidas restritivas ainda estavam em vigor, a empresa já chegou a apontar para o risco de ter que reajustar o valor da passagem em mais de 100%, elevando o custo atual de R$ 4,40 para R$ 9 ou mais. O próprio representante da empresa reconhece a inviabilidade do custo para o usuário do transporte público.
“São momentos diferentes. Com tudo fechado e com a redução drástica de passageiros pagantes, os cálculos envolviam certos itens que não serão considerados no momento”, esclareceu Eli Almeida.

Entretanto, além dos prejuízos acumulados, outros itens como a disparada nos preços de combustível, ainda pesam sobre a manutenção dos serviços. “Não fizemos os cálculos ainda, mas considerando os itens que a gente tem, a estimativa é de que para manter o transporte sem a ajuda da Prefeitura, o reajuste deverá elevar a passagem para R$ 6,50”.

Prejuízos incluem série de fatores
A Transportes Cisne tem 28 rotas de ônibus em Itabira e 1.043 paradas de ônibus. Pelo histórico da empresa, antes da pandemia, com todas as linhas funcionando, eram transportados em Itabira pelo transporte coletivo entre 23 e 27 mil passageiros. Com a pandemia, a demanda caiu para menos de um terço. Com a retirada dos protocolos da covid-19, a recuperação dos passageiros acontece de forma muito mais lenta. E a empresa não consegue se recuperar, assumindo os prejuízos sozinha, conforme afirma o gerente.

Uma das reclamações da empresa muito frequente junto ao Conselho Municipal de Trânsito, é de que as gratuidades e isenções tarifárias, que têm a natureza jurídica de medida assistencial, devem ser sustentadas conforme determina a Constituição: por recursos públicos orçamentários. E se não houver o subsídio, o passageiro pagante assumirá, como sempre, as despesas das gratuidades e outros custeios.

Outro fator preocupante são as altas constantes do combustível. Os itens que compõem a planilha de custo do transporte urbano serão detalhados em documento que será apresentado para a Prefeitura, antes da definição de valores, seja de subsídio ou da nova tarifa.

As condições do repasse também serão acordadas mediante o valor a ser repassado.
A Prefeitura foi contatada sobre o assunto através da Assessoria de Comunicação, mas até o fechamento desta edição não havia dado retorno.

Matéria publicada na edição 760 do Folha Popular

Especial páginas 4 e 5