A Comissão de Saúde da Câmara Municipal, representada pelos vereadores Revetrie Teixeira (MDB) e Belmar Diniz (PT), se reuniu na última sexta-feira, 17, com funcionários do Posto de Saúde do Novo Cruzeiro. O objetivo do encontro foi ouvi-los sobre a situação da unidade de saúde no que diz respeito ao atendimento aos usuários e, consequentemente, à insatisfação dos pacientes ao procurar o posto, o que tem provocado agressões e ameaças aos funcionários diante da insuficiência de vaga para consultas, falta de medicamentos e vacinas. A reunião também contou com a presença do vereador Lelê do Fraga (PTB) e de representantes da Polícia Militar. Já o vereador Toninho Eletricista (PHS), membro da Comissão de Saúde, não compareceu à reunião devido a questões familiares.
Inicialmente, o vereador Belmar Diniz disse que o intuito maior da reunião era ouvir os funcionários com relação à segurança e o que tem causado a agressão por parte de alguns pacientes. Em seguida, o presidente da Comissão de Saúde, vereador Revetrie Teixeira, comentou que a preocupação da Comissão e da Câmara como um todo diz respeito às reais ameaças e agressões sofridas pelos funcionários por parte de usuários do posto. “O que acontece, na maioria das vezes, é que a polícia não está sendo comunicada das agressões. Sabemos que o medo é grande, mas estamos aqui justamente para encontrarmos um meio termo para que ninguém trabalhe com medo. Por isso, pedimos que diante de qualquer agressão ou atitude violenta cometida por algum paciente, que a polícia seja acionada imediatamente”, explicou.
Outra questão apontada por Revetrie foi que, caso os funcionários se sintam intimidados em denunciar as agressões e ameaças sofridas, que procurem o gerente da unidade de saúde para informar o ocorrido e, a partir daí, ele tomar as devidas providências.
O primeiro a comentar o assunto foi o gerente do posto, José Benísio Werneck. Segundo ele, existe o fato de muitas vezes não comunicar a polícia porque se o funcionário é agredido verbalmente, ele mesmo tem medo de acioná-la e piorar a situação. “Há alguns dias, uma mulher chegou querendo agendar uma consulta e eu não estava no posto. A funcionária explicou à paciente que não havia vaga e ela começou a gritar. A funcionária me ligou e me perguntou o que era para fazer. Eu disse que ela tinha duas opções: ou arrumasse uma vaga para a paciente ou acionasse a polícia. Infelizmente, as agressões acontecem e não há muito o que fazer”, explicou.
Werneck, disse, ainda que muitos episódios de ameaças e agressões acontecem quando o paciente que faz uso de medicamento controlado vai ao posto para buscar o remédio e não o encontra. “Em algumas situações, o médico que está atendendo explica a situação para o paciente. Com isso, ele se acalma e retorna depois. Mas em outros casos não temos esse mesmo sucesso e as agressões verbais, em sua maioria, são inevitáveis”, comentou.
Posição dos funcionários
Ao abrir a palavra para os funcionários do posto, o sentimento era de medo e descontentamento diante da situação. A maior preocupação apresentada por eles é que o prédio não oferece nenhuma segurança. “Quem entra no posto e sobe, nos pega de costas, desprevenidos. Quem está lá embaixo ainda consegue ver quem chega. Mas nós que estamos trabalhando aqui em cima somos pegos de surpresa. O problema maior é que aqueles que vêm até aqui e fazem ameaças podem nos encontrar na rua e cometer algo contra nós lá fora. Ou seja, o único lugar em que me sinto um pouco mais segura é dentro de casa”, relatou uma das funcionárias que teve sua identidade preservada.
Os funcionários solicitaram à Comissão que alguma medida em relação à segurança seja tomada com urgência antes que algo pior aconteça. Revetrie disse que a Comissão de Saúde vai solicitar à Prefeitura a contratação de um vigilante para o posto. De acordo com Werneck, outras ações para tentar coibir atitudes de agressão seria instalar uma cancela na escada que dá acesso ao segundo andar do prédio permitindo, assim, a identificação do paciente, e mudar a portaria do posto facilitando a visualização de quem entra e quem sai da unidade.
Outra funcionária, que também não teve seu nome identificado, disse que a solução seria a abertura de uma unidade de saúde na região do Planalto para atender àquela comunidade que, atualmente, não é totalmente beneficiada pelo posto do Novo Cruzeiro. “O que a Administração precisa fazer é estruturar o posto de forma que os pacientes sejam bem atendidos, que tenha médicos suficientes para atendê-los e que nós tenhamos condições adequadas de trabalho. É só isso o que queremos. Não estamos pedindo nada demais”, explanou. A funcionária afirmou, ainda, que a identificação dos pacientes e acompanhantes por meio de crachá e identidade contribuiria para a segurança de todos.
Por fim, um dos médicos que atendem no posto e que também teve seu nome preservado disse que a questão da segurança é totalmente estrutural. “A agressão que ocorreu nos últimos dias, o dano ao patrimônio, assim com a ameaça generalizada é o ápice de uma situação que vem se arrastando há muitos anos. E aqui nós temos uma particularidade que é o Planalto, um bairro gigantesco, e que não há uma equipe de saúde para atender aquele bairro”, ponderou.
Para esse profissional, enquanto não for ofertado à comunidade do bairro Planalto um atendimento de saúde humanizado, de qualidade, com uma equipe estruturada para atender aos moradores daquela região, os problemas que assolam o posto de saúde do Novo Cruzeiro vão continuar.
Por sua vez, o vereador Belmar Diniz sugeriu aos funcionários do posto que recorram ao gerente da unidade relatando a ele os problemas que cada setor enfrenta e que podem gerar possíveis ameaças e agressões. Por fim, o vereador Revetrie Teixeira solicitou aos funcionários do posto para que seja formada uma comissão e seja elaborado um relatório com os problemas técnicos e estruturais enfrentados pela unidade de saúde com o objetivo de se agendar uma reunião com a prefeita Simone Carvalho a fim de discutir a questão.
Na reunião ordinária dessa quarta-feira, 22, a Comissão de Saúde da Casa apresentou uma indicação solicitando à Administração Municipal intensificar a segurança no posto do Novo Cruzeiro através da instalação de câmeras de segurança na entrada e nos dois corredores da unidade; contratar um funcionário para prestação de serviços de segurança durante o horário de funcionamento do posto; construção de acesso secundário para entrada e saída de funcionários e melhorias no sistema de iluminação interna e externa da unidade de saúde.