Vereadores querem que HNSD expliquem na Câmara falta de gestão apontada por prefeito

“Ali nós temos um problema de gestão muito grave”, teria dito o prefeito Marco Antônio se referindo ao Pronto Socorro

A problemática vivida pelo povo no Hospital Nossa Senhora das Dores, Pronto Atendimento e Pronto Socorro Municipal de Itabira será escancarada brevemente na Câmara Municipal. Pelo menos é o que os vereadores estão propondo, levar representantes dessas instituições e se possível do próprio governo para debater o assunto.

A proposta surgiu de uma reação à declaração do prefeito Marco Antônio Lage (PSB) durante entrevista a um site da cidade, mostrada pelo vereador Luciano Gonçalves “Sobrinho” (MDB) na sessão ordinária do Legislativo do dia 4 deste mês.

O chefe do Executivo, segundo o vereador, teria dito que no Hospital nossa Senhora das Dores “ali nós temos um problema de gestão muito grave”, ao ser confrontado sobre a falta de um pediatra no Pronto-Atendimento e quanto às numerosas reclamações em relação ao atendimento do Pronto-Socorro Municipal, administrado pelo hospital.

Para o vereador, que em princípio tinha a ideia de levar apenas representantes do PA ao Legislativo, o encontro é importante para por fim ao mal-estar provocado pela declaração do prefeito.

O assunto foi longamente debatido durante a sessão ordinária, na Câmara Municipal. Os vereadores da oposição não pouparam críticas contra o prefeito e foram bem duros. Os governistas também reagiram e querem que os demais envolvidos, no caso planos de Saúde e até mesmo o governo, sejam colocados juntos para um melhor esclarecimento da situação.

Luciano Sobrinho defende que com o convite, o Legislativo estará criando um espaço e condição à direção do hospital de defesa do contraditório. Ele fez questão inclusive de frisar que não há intenção de cobrança neste convite.

“Assim como ele [o prefeito] falou em campanha [eleitoral] que o problema de Itabira não era dinheiro e sim ingestão, ele tá falando agora que o problema do hospital é a gestão. Então eu gostaria de convidar algum representante do hospital, não para vir aqui para a gente ficar apertando, sabatinando, nada disso é para ele poder se defender do que falou o prefeito. Nós temos que dar oportunidade do contraditório para que venha alguém do hospital explicar porque no hospital da nossa cidade falta gestão”, justificou.

Para Luciano Gonçalves, na verdade, o prefeito está jogando a culpa da má gestão municipal dele, no hospital. “Então eu gostaria de sugerir aqui ao presidente da casa e aos demais vereadores, a gente convidar o provedor do hospital para vir aqui e falar o que está acontecendo. A gente não pode simplesmente aceitar que um prefeito divulgue no site que o problema do hospital é problema de gestão”.

A proposta encontrou respaldo na bancada opositora. O vereador Sidney Marques “cabeleireiro” rebateu a acusação contra o hospital e mostrou o que ele entende por má gestão e seus reflexos. Para ele a qualidade da assistência hospitalar depende do funcionamento do serviço básico promovido pela prefeitura. “Na verdade a falta de gestão é do governo atual e da Secretaria de Saúde porque os serviços básicos não estão funcionando”, disse apontando para falhas no funcionamento do Programa de Saúde da Família (PSFs).

Para a vereadora Rosilene Félix Guimarães “Rose” (MDB) o problema do prefeito é a insatisfação dele, conforme explicou, com a capacidade ou falta dela, do itabirano.

Ela chamou atenção para os prejuízos causados pelas falas do prefeito em relação à cidade.

“Eu fico muito triste porque o prefeito Marco Antônio causa grandes

prejuízos para Itabira com a suas falas. Itabira não tem nada que presta para o Marco Antônio”, lamentou recordando ações como contratação de médicos por meio de consórcio, contratação de empresas de fora sem licitação para fazer asfaltos em detrimento das empresas locais e outros, além de ir para uma televisão para desabafar, em vez de dialogar com o Legislativo.

Se o prefeito não mudar de atitude, ela disse que o município vai afastar todas as possibilidades de diversificação da economia.

O governista Bernardo Rosa (Avante), com o apoio do vereador Carlos Henrique de Oliveira (PDT) e Weverton Leandro Santos Andrade “Vetão” (PSB), propôs o estendimento do convite aos planos de saúde Vale e Unimed. Ele defende a importância de democratizar o espaço para ouvir cada parte sobre a situação do hospital e suas ações para melhorá-la, já que os planos de saúde têm participação na gestão do hospital e do pronto-socorro.

HNSD terceiriza atendimento pediátrico, diz instituição em nota à imprensas

O Pronto-Atendimento do HNSD suspendeu em janeiro a assistência pediátrica por falta de especialista da área interessado no trabalho na unidade hospitalar. Mas a direção da unidade hospitalar informa que já conseguiu resolver o problema, terceirizando o serviço.

As informações estão em uma nota distribuída à imprensa na terça-feira, onde a direção justifica a dificuldade de contratação de especialista da área e mostrar as providências tomadas para entregar o serviço à população.

“Como é de conhecimento de todos, em janeiro, por falta de pediatra, houve interrupção do atendimento aos pacientes do PA. Sabendo da importância do serviço para a comunidade e com a desistência dos profissionais do corpo clínico, o hospital contratou uma empresa terceirizada, desde o dia 6 de março de 2023, para assumir e manter o atendimento pediátrico, tanto no PA como na Unidade Materno Infantil. A empresa ainda está em fase de adaptação e tem enfrentado dificuldades na captação do profissional para compor a escala de atendimento. Problema esse vivido em todo o país.”, diz um trecho da nota

Ainda na nota, o hospital esclarece que se a saúde primária funcionasse em Itabira, a demanda hospitalar poderia reduzir pela metade ou mais.

“Importante destacar que a maior parte dos casos que chegam à unidade do PA poderiam ser atendidos em nível ambulatorial, nos consultórios, mas não são, o que faz com que o tempo de espera para atendimento no PA possa chegar a 4 horas em período de alta demanda, tempo esse estimado nos casos de atendimento de classificação não urgente”, diz a nota. Independente dos motivos, a unidade hospitalar deixa claro, que todos os pacientes que chegam ao local são atendidos.