Vereadora denuncia mortes de bebês prematuros no HCC

Rose Félix aponta falta da UTI neonatal no município e negligência a mulheres com gestação de risco

12/05/2024 – O presidente da Câmara de Itabira, Heraldo Noronha Rodrigues (Republicanos), apresentou indicação solicitando ao Governo Municipal a instalação de uma Unidade de Terapia Intensiva neonatal (UTI – neonatal) e infantil, no Hospital Municipal Carlos Chagas e no Hospital Nossa Senhora das Dores. A proposta surge em meio ao drama vivido por uma mulher durante esta semana, que teve um parto prematuro no Hospital Carlos Chagas. A criança nasceu com seis meses de gestação e corre risco de morte por falta da estrutura de saúde no município.

A proposta do presidente foi endossada pela vereadora Rosilene Félix Guimarães “Rose Félix” (PSD) que aproveitou o comentário para fazer uma denúncia grave relacionada à falta da UTI neonatal no município e negligência a mulheres com gestação de risco.
“Nós precisamos investigar vários casos que aconteceram na semana passada, de bebês que morreram, de bebês que estão doentes esperando transferência. De mães que estão denunciando, aí nós vamos só justificar que não tem como ter uma UTI neonatal na cidade? E o que pode ser feito?”, disparou a vereadora.

De acordo com a vereadora, no momento, tem pelo menos dois bebês prematuros na maternidade de Itabira aguardando por transferência. Mas a vida dessas crianças depende da liberação de uma vaga no banco de leitos de UTI neonatal do estado. Elas podem não ter a chance de uma tentativa de sobrevivência.

“O que falta na opinião de Herald Noronha é vontade política e disposição de fazer”

Rose Félix levantou o tom para cobrar providências do governo municipal para essa situação. Enquanto não consegue instalar a UTI, ela sugere que seja aperfeiçoado o pré-natal. Para a vereadora, a falha maior em relação a gravidez de risco está no acompanhamento. Ela defende que se a gestante receber as orientações certas durante a gestação, sendo informada dos seus riscos ela poderá procurar uma cidade onde tem a estrutura que vai precisar antes de iniciar o trabalho de parto.

“Se o pré-natal é feito com diligência, se aquela paciente [a grávida] já tem uma comorbidade, se ela é diabética, se ela já sofre um risco, isso tem que ser acompanhado para ser enviada para outro lugar”, enfatizou a vereadora afirmando que nenhum hospital de porta aberta vai negar atendimento a uma gestante em situação de urgência e emergência. Mas para isso, ela terá que ter consciência dos riscos e ser informada de onde buscar a ajuda necessária.

Segundo Rose Félix, as situações de complicação no parto e pós-parto tem sido tema de constantes denúncias recebidas em seu gabinete. Para não causar pânico, ela disse que está evitando levar o problema para as redes sociais e optou por conversar com o governo, o que não tem agradado.

Nos últimos casos oficiados por ela à Secretaria de Saúde, teve como resposta uma mensagem grosseira da secretária, Fabiana Machado. Mas independente da insatisfação da gestora da pasta, ela disse que já está tomando providências e que não descansará enquanto não tirar os responsáveis do comodismo

Rose Félix não se conteve em apontar a falta de interesse e ações dos responsáveis para resolver a situação. Para ela, as justificativas de falta de estrutura ou de profissionais que não existam no mercado já não podem mais ser aceitas.

“É preciso fazer o esforço necessário e não é crítica a um governo ou outro, mas é preciso solucionar o problema. E às vezes as pessoas que estão na gestão, elas se assentam nas suas cadeiras e dizem que estão tomando as providências sem estar tomando as providências necessárias. A gente não vê as pessoas correndo atrás de solução”.

O autor da proposta defende que a cidade está em um bom momento econômico para conseguir a instalação do serviço e que também está precisando mais do que nunca. O que falta na opinião de Herald Noronha é vontade política e disposição de fazer.

“Eles falam que precisam de aprovação, falam que não tem profissional, que não tem isso, não tem aquilo. Outras cidades tem, porque aqui não pode ter”, enfatizou o vereador apontando para o orçamento bilionário da cidade.

A liberação do curso de medicina foi citada por ele como um exemplo para isso. “Eles falam que precisam de aprovação do Governo Federal, mas se tudo estiver instalado não tem dificuldade de conseguir (a aprovação]. Não tivemos [o curso de medicina]. Conseguimos porque tinha tudo preparado. E se nos prepararmos vamos ter a aprovação da UTI”, enfatizou afirmando que Itabira não pode negar isso ao itabirano.

Amiga denuncia na internet sofrimento e falta atenção à mãe e filho em parto prematuro

Na semana passada, um drama vivido por uma mulher na maternidade do Hospital Carlos Chagas foi divulgado em grupos de WhatsApp por uma amiga que vem acompanhando o sofrimento de uma mãe. No vídeo, a amiga busca ajuda narrando os problemas enfrentados pela parturiente, desde sua entrada na maternidade do hospital público e a falta de alternativa. Segundo ela, a amiga entrou em trabalho de parto antes do tempo e acabou tendo o bebê no sexto mês de gravidez, sem que fosse oferecido a ela condição segura para trazer o filho ao mundo.

Após o nascimento, mãe e filho continuam no hospital aguardando por uma vaga no banco de leitos de UTI Neonatal do Estado de Minas Gerais no sistema para tentar uma transferência. Mas não tem qualquer garantia tornando a sentença de morte da criança quase certa.

O estado de saúde da mãe também não é o melhor, devido à debilitação que levou ela a entrar em trabalho de parto antes do período certo de gestação.