Mineradora também não ofereceu compensações em troca do projeto de ampliação de cavas de minério conforme audiência pública nesta segunda-feira
13/05/2025 – A reunião pública convocada pelo Conselho Municipal de Meio Ambiente (Codema) para discutir a ampliação das cavas de Conceição e Minas do Meio pela empresa Vale, lotou o auditório da Prefeitura de Itabira na tarde desta segunda-feira (12). Iniciada pouco depois das 17h30, o encontro se estendeu até as 20h com o público atento a todas as apresentações. Apesar de usar uma narrativa voltada para chantagem, afirmando que a continuidade da empresa na cidade depende da aprovação do projeto, a mineradora não ofereceu nada para Itabira, apenas lembrou de investimentos anteriores, como repasse para obras dos prédios da Universidade Federal de Itajubá (Unifei) no município e parceria para trazer para a cidade o curso de medicina por meio da UniFuncesi.
Pelo processo discutido, Itabira ficará com mais uma devastação ambiental enquanto as compensações serão levadas para fora. Entre as contrapartidas pela ampliação do empreendimento, a Vale oferece doação da área ao Parque Nacional Serra do Gandarela, com sede no município de Rio Acima, região metropolitana de Belo Horizonte, investimento de R$ 576.135 em projetos selecionados pelo ICMBio, que atendam aos componentes do Programa Nacional de Conservação do Patrimônio Espeleológico. Itabira receberá como consolo o plantio de árvores para recomposição das que serão suprimidas durante os trabalhos.
“Esse projeto é importante porque? Porque é ele que vai garantir a continuidade das operações da empresa aqui em Itabira”, disse o gerente de Planejamento Vale, Diogo Prata, reforçando a declaração feita pelo gerente de geotecnia, Quintiliano Guerra logo na abertura do evento.
De acordo com ele, a mineradora tem aprofundado em estudos para encontrar meios para garantir a sua permanência no território itabirano. “Esse é um dos projetos que garante a continuidade das operações [da Vale] aqui. Esse projeto vai manter os patamares atuais de produção que a gente tem aqui em Itabira, que hoje em patamares atuais está em torno de 25 milhões de toneladas por ano”, pontuou.
A geração e manutenção de empregos, bem como a influência econômica e projetos sociais, foram outras vantagens que o gerente de Planejamento citou ao discorrer sobre o projeto e a permanência da mineradora em Itabira. Durante a fase de implantação, serão gerados cerca de 400 empregos temporários no pico das obras, com grande parte preenchida por mão de obra local, segundo ele, além de manter os mais de 10 mil empregados (incluindo colaboradores de contratadas) atuais.
Embora não fosse deliberativa, a pauta da reunião incluiu a apresentação do projeto pela Vale, o parecer técnico do Codema sobre os impactos, como na qualidade do ar e na vegetação, e as medidas de controle e compensação ambiental. O objetivo do encontro, conforme a secretária municipal de Meio Ambiente, Elaine Mendes, que também preside o Conselho Municipal de Meio Ambiente (Codema), deixou claro desde a abertura que foi dar transparência e garantir o engajamento social.
Foi dado à comunidade o direito de fala, com abertura de espaço para questionamentos. Segundo a secretária, os questionamentos e colocações do público integrarão o processo de licenciamento estadual, que é de responsabilidade do Instituto Estadual de Meio Ambiente (Feam).
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