Repasse ao Valeriodoce depende apenas do prefeito Marco Antônio

Reviravolta acorre após o presidente da Câmara, Heraldo Noronha (foto), condicionar a autorização do repasse ao clube só após a Prefeitura enviar projetos de repasses para outras entidades indicadas pela Câmara

Heraldo propõe adiantar mais de R$ 2 milhões de economia da Câmara para isso

24/04/2024 – Pode estar chegando ao fim a queda de braço entre o prefeito Marco Antônio Lage (PSB) e o presidente da Câmara Municipal, Heraldo Noronha Rodrigues (Republicanos) pelo repasse de recursos ao clube Valeriodoce. Depois de muita gritaria e todo tipo de pressão tanto da plateia organizada quanto do plenário, Heraldo Noronha com uma proposta virou o jogo e transferiu para o prefeito a responsabilidade de pautar o projeto que transfere R$ 1 milhão para o clube itabirano.

Ele aceitou colocar o projeto para votação, sob a condição do prefeito enviar imediatamente para a Câmara outro projeto com repasses para as seis entidades indicadas por ele na semana passada. Num primeiro momento, Heraldo Noronha exigiu o cumprimento da proposta até a meia noite desta terça-feira. Mas acabou por ser mais flexível, estendendo o prazo para a próxima semana.

A proposta inclui o adiantamento do duodécimo da Câmara (sobra de caixa) com devolução de R$ 2 milhões para ser repassado às entidades indicadas por Heraldo Noronha na reunião anterior. “Eu vou fazer um compromisso com vocês aqui. Um compromisso muito grande.

Eu e o vereador Luciano [Gonçalves “Sobrinho” (MDB)] vamos à Brasília em busca de recursos. Eu vou deixar o Diguerê [vereador Rodrigo Alexandre Assis Silva (MDB) aqui, porque ele não é pré-candidato a prefeito, com o Júlio [César Araújo (PRD)] e o Tãozinho [Sebastião Ferreira Leite (PSDB)] a condução da reunião, se o prefeito mandar os outros projetos até meia noite. Eles podem fazer a primeira votação e a segunda votação tanto para o repasse ao Valério, quanto para as outras entidades. Compromisso feito com o presidente. Para isso, o prefeito tem que mandam para essa casa todos os projetos atendendo às outras entidades”.

A proposta foi uma contraproposta à sugestão do vereador Carlos Henrique de Oliveira (PDT) que propôs a votação da verba para o Valeriodoce com o compromisso do governo usado, o duodécimo comumente devolvido ao Executivo no final de ano, para beneficiamento das entidades indicadas por Heraldo Noronha.

“Se ele [o prefeito] mandar todos os projetos, até segunda-feira, eu envio desta casa para ele dois milhões de reais da Câmara, adiantando o duodécimo de março. Eu já adianto prá ele segunda-feira, se ele enviar o projeto de repasse para todas entidades. Isso não está na minha mão, está na mão do Executivo de atender todas as entidades”, flexibilizou, para a próxima semana, Heraldo Noronha.

Plateia ‘organizada’ tentou pressionar aos gritos aprovação do repasse ao Valeriodoce

Em entrevista ao Folha Popular, Heraldo Noronha disse que se o prefeito garantir que todas as entidades serão beneficiadas, ele está disposto a aumentar o valor de devolução do duodécimo.

“Eu vou verificar, mas nós temos condições de devolver esse dinheiro, já temos economia para devolver isso. Temos como devolver R$ 2,7 milhões. A gente tem que verificar minuciosamente, mas creio que já passa de R$ 3 milhões o valor que temos em caixa”, afirmou.

A proposta do presidente é garantir suporte financeiro do Município de R$ 200 mil para a casa de recuperação de pessoas com dependência química, Fazenda Esperança, R$ 1 milhão para o Hospital Nossa Senhora das Dores (HNSD), R$ 500 mil para o Lar de Ozanam, R$ 300 mil para a Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais, R$ 300 mil Polícia Civil e R$ 300 mil para a Polícia Militar.

Para a Oncoviva – associação, responsável por prestar apoio aos pacientes em tratamento de câncer e outras doenças, R$ 100 mil.

Para Heraldo Noronha, todo o tumulto provocado pela torcida do Valeriodoce na Câmara para forçá-lo a colocar o projeto de repasse ao Valeriodoce poderia ter sido evitado pelo Executivo.

“Eu acho que isso aí é culpa do Executivo. Que o Executivo tem que ter responsabilidade de não atender só o Valério, mas atender todas as instituições, porque não existe só o Valério em Itabira. Eu, por exemplo, não sou esportista, mas tem gente que gosta de futebol e outros de taekwondo, tem também aqueles que gostam de ficar lá no hospital fazendo o trabalho social. Tem pessoas que não tem nada a ver com o paciente e está ali no hospital sofrendo, vendo e acompanhando a pessoa sem atendimento por falta de estrutura. Tem gente que precisa do benefício do INSS para sustentar a família, mas quando vai procurar um cardiologista na rede municipal não tem pra atender. A gente vê que o município tem várias prioridades, não é só o futebol, diz, afirmando que não está contra o Valério e que reconhece a importância do Valério para a cidade.

O líder do governo na Câmara, vereador Carlos Henrique, disse que a Prefeitura fez tudo o que podia ser feito e será certificada a questão da legalidade da proposta feita pelo presidente da Câmara. Se não houver impedimento legal, o projeto deverá chegar à Câmara na segunda-feira para que a verba ao Valério seja votada na sessão ordinária de terça-feira em primeira votação e numa extraordinária, em segunda votação no mesmo dia.

A dúvida é se o projeto pode ou não ser enviado para a Câmara antes da devolução do duodécimo. Carlinhos, apostando na aceitação do prefeito quanto à exigência do presidente da Câmara.