R$ 120 MILHÕES: É o montante aderido em atas pela Prefeitura de Itabira e aplicado em empresas de fora

“Pelos valores apresentados nas planilhas de itens, os preços na ata da Homeoffice, de Belo Horizonte, estão com ótimas margens de lucro, o que possibilita a participação de nossa empresa, que emprega e gera riquezas na cidade”, compara empresário

A direção da Associação Comercial, Industrial, de Serviços e Agropecuária de Itabira (Acita), não se posicionou em relação ao tema

  • 28/08/2023

Exatamente R$ 121.171.369,75 milhões em adesões a atas de registros de preços, sem necessidade de licitações, para compras e contrações de serviços diversos. Este é o volume financeiro que o Município de Itabira está aplicando em empresas instaladas em diversas cidades e estados do Brasil.

O argumento é agilidade nas compras de produtos e contratações, sem passar pelos morosos, mas democráticos, processos licitatórios. Por outro lado, a metodologia, além de deixar dúvidas em relação a transparência e isonomia, tira da cidade recursos que poderiam ampliar a grade de emprego, renda e fortalecimento das empresas locais, que assistem, sem poder de reação, o governo Marco Antônio Lage (PSB) optar pela prática que, inclusive, tem sido tema de debates acalorados na Câmara de Vereadores e objeto de denúncia no Ministério Público (MP), cobrando fiscalização.

Além de atas para asfaltamento, uniformes escolares, iluminação de Natal, manutenção em sistema de telefonia, reforma do prédio da Prefeitura, modernização tecnológica da Prefeitura, compra de laboratório educacional, também chama a atenção a adesão a ata produzida pelo Consórcio Integrado Multifinalitário do Vale do Jequitinhonha, na cidade de Diamantina, tendo como empresa habilitada a Homeoffice Móveis Ltda, com sede em Belo Horizonte.

Conforme o termo, que vai custar aos itabiranos cerca de R$ 4 milhões, o governo Marco Antônio contratará a Homeoffice para fabricação e fornecimento de itens planejados em marcenaria, os quais serão aplicados no prédio em reforma da Prefeitura e em unidades do Programa Saúde da Família (PSFs) nos distritos de Senhora do Carmo e Ipoema, sendo R$ 3.439.164,45 na Prefeitura e outros R$ 482.508,51 em móveis para os PSFs dos distritos. Esse tipo de contratação, por adesão a ata, é como se Itabira não tivesse fábricas do ramo, capazes de competir ofertando preços justos.

Empresário lamenta política de compra do governo

Empresário dono de fábrica de móveis com rodízios duplos em nylon e comum nas mãos

“Pelo visto, para Marco Antônio, nada de Itabira presta”. A avaliação é de um empresário do setor de confecção, após saber que o governo habilitou, por meio de ata de registro de preços, sem licitação, empresa de Três Corações para fornecer quase R$ 3 milhões em uniformes escolares. Ele pediu para não ser identificado, para preservar sua liberdade.
“Pelo que estou vendo aqui, o fornecimento e instalação de rodízios duplos em nylon, para móveis planejados para o prédio em reforma da Prefeitura, nossa empresa, do ramo de fabricação e montagem de móveis há mais de 20 anos, poderia, sim, participar e fornecer os produtos com preços até menores”. O empreendedor também pediu para não ser identificado para preservar sua identidade.