Prefeitura contrata sem licitação empresa por R$ 13,9 milhões para capinar Itabira

Haja enxada: pelo contrato, serão 12 milhões de metros quadrados de capina

NEGACIONISTA

‘Governo sabia há 6 meses que o pior estava por vir e infelizmente veio’, aponta Neidson Freitas em relação a sujeira e a explosão de casos e mortes por dengue neste ano na cidade

23/02/2024 – A Prefeitura de Itabira vai pagar quase R$ 14 milhões para uma empresa acabar com a dengue em Itabira por meio de capina. A denúncia foi feita pelo vereador Neidson Dias Freitas (MDB), durante a reunião da Câmara de terça-feira (20).

Segundo o vereador, pelo contrato assinado com dispensa de licitação, a empresa deverá fazer a limpeza da cidade por meio da capina de 12 milhões de metros quadrados na área municipal, num período de seis meses, ao custo de R$ 13,917 milhões.

Para o vereador, a situação é ultrajante e não se justifica diante do próprio histórico observado na trajetória da doença na cidade, considerando que essa contratação veio ocorrer seis meses após o prefeito Marco Antônio Lage (PSB) ter decretado estado de emergência em função da explosão de casos de dengue no município.
“E aí o prefeito usa este decreto assinado em julho do ano passado e contrata agora uma empresa de fora de Itabira por R$ 13,917 milhões, alegando que não precisa de licitação porque era emergência. Ele esperou esse tempo todo. Será que essa emergência é só para contratar sem licitação? Quem será o dono dessa empresa? Será que tem algum vínculo com algum secretário?”, questionou.

“Qualquer mato que o morador vê na frente de sua casa, pode acionar a Prefeitura, pois o valor dá para capinar de Itabira a Santa Maria, a João Monlevade e voltar”. diz o vereador

“A regra desse governo é priorizar gente de fora e contratar empresa de fora sem licitação. Essa empresa foi contratada por seis meses para fazer 12 milhões de metros quadrados de capina. Isso para executar em seis meses. São mais de R$ 2 milhões por mês. Qualquer mato que o morador vê na frente de sua casa, pode acionar a Prefeitura, pois o valor dá para capinar de Itabira a Santa Maria, a João Monlevade e voltar. Fico muito preocupado porque o povo está pagando caro. Pagando com a vida”, disparou ele.

A explosão de casos de dengue na cidade, tendo já uma dezena de mortes como consequência, foi um dos principais assuntos discutidos na reunião da Câmara desta terça-feira (20). Neidson Freitas não poupou acusações ao prefeito Marco Antônio Lage. Para o vereador, o prefeito é o responsável por Itabira ter chegado na situação que está, por omissão. O emedebista afirma que Marco Antônio, mesmo tendo acesso a dados de indicativos do problema, deixou de adotar medidas efetivas para frear o avanço da doença. O estado de emergência foi decretado em julho do ano passado com validade de 180 dias e prorrogado em janeiro para mais 180 dias.

“A dengue mata e infelizmente está matando em Itabira. O Liraa de maio de 2023 que é o Levantamento Rápido de índices [Aedes aegypti] de infestação por dengue, já apontava esse índice, que é uma média de 5,2% de infestação no nosso município. Ou seja, em maio de 2023, o Liraa já tinha índice de infestação 520% maior do que preconiza o Ministério da Saúde, que é de 1%. Isso lá em maio de 2023.

Há 8 meses, ele já estava em 5%. E sabe o que foi feito pelo prefeito Marco Antônio? Nada. Infelizmente. Ou seja, o sinal estava amarelo e ficou vermelho. A Prefeitura sabia que o pior estava por vir e infelizmente veio”.

  • Dengue segue fazendo vítimas na cidade

Enquanto alguns ganham fortuna em cima da situação, a dengue continua avançando em Itabira. Em menos de dois meses, a cidade já contabiliza nove mortes pela doença. O número de casos suspeitos notificados até quarta-feira (21), passava de 12 mil, além de 8.696 casos em investigação e 3.337 testados positivos. Desses, 84 estão internados.
As unidades de saúde, pronto-socorro, pronto atendimento, postos de saúde e laboratórios estão lotados.
A doença atinge crianças e adultos e nos casos mais graves, deixa todos inativos.

Matéria publicada na edição 803 do Folha Popular