Prefeito vai para as rádios afirmar ter mudado realidade de creches; entidade entra em greve

Declaração denuncia controvérsia de Marco Antônio Lage

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09/07/2024 – Depois de ir para a rádios se gabar de ser o melhor prefeito também para as creches, o prefeito Marco Antônio Lage (PSB) foi apanhado no susto ao enfrentar uma greve e o fechamento de três creches. Ele mesmo admitiu ter sido apanhado de surpresa, mas os servidores afirmam que já vinham tentando evitar a decisão radical há um ano, sem que fossem ouvidos pelo governante. A greve foi decretada pelos monitores das três unidades da Associação de Proteção à Infância Nosso Lar e deixa 175 crianças desassistidas.

Em entrevistas a duas emissoras de rádio na mesma semana, o prefeito afirmou que está fazendo pelas creches o que nenhum outro prefeito fez. Além de reformar, ampliar e dar sequência a construção de obras paradas nos governos passado, ele está valorizando os servidores que atuam no setor. De acordo com ele, o investimento no setor faz parte do programa da primeira infância criado pelo seu governo.

Marco Antônio afirmou que está mudando a realidade das creches na cidade e investiu pesado para um serviço de qualidade. Os servidores públicos, de um modo geral, segundo ele, também nunca foram tão valorizados quanto em sua administração.

“A gente fez obra com qualidade. Porque tem que ser assim. Existe recurso pra fazer com qualidade, duradouro e a gente tem uma grande jornada pela frente, não só pelas vagas, mas pela qualidade e qualidade também dos monitores. O impacto é grande demais”, disse o prefeito ao responder uma pergunta dos entrevistadores sobre as reformas e ampliações das creches.

“Eu ouço isso muito, na Prefeitura, nas ruas que eu fui o prefeito que mais valorizou o servidor público”, disse.

A greve dos monitores das creches indica a controvérsia das declarações do chefe do Executivo que decidiram decretar greve por melhores salários e valorização da classe.

Em entrevista exclusiva ao Folha Popular, a coordenadora da instituição, Maria Bonifácia Gonçalves Barbosa “Margô”, informou que a Creche Nosso Senhor se divide em três unidades (Praia (50), Bethânia (70) e Santa Marta (55). São 48 funcionários e 175 alunos. Todos os funcionários aderiram ao movimento impossibilitando qualquer atendimento às crianças.

Ela explicou que os funcionários decidiram cruzar os braços depois de vir tentando a mais de um ano negociar com prefeito um novo salário justo para a categoria. A principal reclamação é a desvalorização da classe.

Segundo ela, antes de tomarem a decisão, os servidores esgotaram todas as tentativas de negociações visando ao menos uma equalização salarial, sem sequer serem recebidos pelo Executivo. A tentativa de negociação se arrasta desde 17 de março de 2023. Três ofícios foram encaminhados para a Prefeitura. Por último foi apresentada uma proposta, também rejeitada pelo governante.

“Infelizmente nós tivemos que chegar a esse ponto depois de mais de um ano de tentativa de negociação junto ao prefeito, junto a Secretaria de Educação. Depois de várias reuniões. Chegamos como última tentativa fazer um acordo junto ao nosso sindicato para que esse acordo fosse acatado, já que não conseguimos por outros meios e infelizmente já na terça-feira (2) recebemos um ofício da Prefeitura indeferindo o pedido do acordo e só nos concedendo o aumento saído na CCT [Convenção Coletiva de Trabalho] em janeiro. Aumento esse que os nossos funcionários ficarão novamente com salário mínimo. Então a gente não tem condição de continuar”, informou.

Ainda de acordo com Margô, desde que a creche vem tentando negociar com a Prefeitura a valorização salarial dos funcionários, foi registrada uma rotatividade de 22 funcionários devido ao baixo salário. “Não temos como continuar com a nossa excelência do nosso trabalho”.

O presidente do Sindicato dos Servidores, Auro Antônio Gonzaga, disse que ficou sabendo da greve pela reportagem do Folha ao ser contatado na segunda-feira (8). Ele confirmou o movimento dos servidores para melhoria dos salários. Mas não sabia da intenção dos servidores.