POR QUE NÃO EM ITABIRA? Vale descarta Itabira de megaprojeto

Bernardo Rosa, ao lado de Jordana Madeira, iniciou o debate criticando a postura da Vale

  • MINERADORA ESCOLHE CARAJÁS PARA IMPLANTAR MAIOR FÁBRICA DE CIMENTO SUSTENTÁVEL DO MUNDO, NUM MOMENTO EM QUE ITABIRA BUSCA ALTERNATIVAS ECONÔMICAS PARA SOBREVIVER AO FIM DA EXPLORAÇÃO MINERAL

15/02/2025 – “Vou ter coro também com os nobres vereadores com relação à indicação do André [Viana Madeira – presidente do Sindicato Metabase] no conselho da Vale. A gente precisa de um itabirano lá, precisa de alguém para dar voz a nós aqui de Itabira. O setor da mineração no ano passado foi 47% da balança comercial brasileira. Em contrapartida, Itabira não vê isso da Vale. A gente entra lá no site da Vale e a gente vê que a Vale está ressignificando os locais de fechamento de mina com projetos. Eu não vi até hoje um projeto de fechamento de mina para Itabira”. O desabafo foi do vereador Bernardo Rosa (PSD) ao comentar e reiterar a indicação da vereadora Jordana Madeira (PDT) do itabirano ocupar cadeira no Conselho Administrativo da mineradora diante das notícias que circulam no país de que a Vale vai construir uma fábrica de cimento no Pará, a maior do mundo de argila ativada a partir de rejeitos de mineração.

A fala do pessedista também expressa a indignação por mais uma vez a mineradora ignorar Itabira na implantação de um projeto empreendedor, num momento em que o município busca alternativas econômicas para sobreviver ao fim da exploração mineral. A empresa nunca apresentou um projeto para compensar a cidade por tudo que ela tirou. Agora, quando poderia fazer alguma coisa, escolheu privilegiar outra localidade, onde praticamente está iniciando suas atividades.

“Eu até postei, por que não em Itabira? Se em Itabira em 1940 começou a mineração e em Carajás 1980, ou seja, 40 anos depois e a Vale está privilegiando uma cidade que começou 40 anos depois de Itabira, que obviamente, a finalização com fechamento de mina vai ser muito depois de Itabira, com indústria que ela mesmo noticiou vai ser a maior do mundo”, disse, frisando que não está indo contra a empresa.

“Estamos é pedindo respeito da Vale pelo itabirano e por Itabira”, pontuou.
No entendimento do vereador, a Vale deveria ser solidária com a cidade neste momento difícil que o município busca pela diversificação econômica, ajudando a criar projetos que compensem as desativações das minas na cidade.

“Aquilo que o senhor [o presidente da Câmara de Vereadores, Carlos Henrique Filho “Carlin Filho” (PSB)] falou com relação à linha férrea é essencial [edição 822 do Folha Popular], e é essencial ainda que a Vale faça um entreposto comercial utilizando um porto seco aqui em Itabira. Não só linha férrea, mas que coloque sim, que abra pra gente o que ela vai fazer. É isso, nós precisamos de gente no conselho (da Vale). Para que a Vale possa retribuir tudo aquilo que ela está retirando de Itabira”.

A fábrica utilizará resíduos gerados no processo de extração mineral como insumo para a produção de cimento e está sendo proposta com objetivos de reduzir o volume de rejeito acumulados, diminuir as emissões de CO²‚ no setor de construção, expandir práticas sustentáveis, reduzir impactos ambientais, tudo que Itabira precisava.

O presidente da Câmara de Vereadores afirmou que a escolha de outro município para abrigar a fábrica de cimento neste momento, mostra o descaso da empresa com Itabira. Ele destacou que em 80 anos de exploração, a mineradora nunca implantou um projeto de empreendimento com potencial para garantir a sobrevida da cidade após o fim da exploração mineral.

Carlin Filho concorda com a importância de ter um conselheiro representando Itabira. Mas afirmou que é necessário que esse conselheiro defenda o município, que inclua um legado da mineradora para Itabira como pauta do colegiado.

“Então é importante sim o conselho, mas que seja um conselho que vai tocar nessas pautas de interesse da comunidade. Deixar aí esse recado para que a gente possa ter sim o conselho composto por um itabirano, que vai discutir essas causas, uma vez que a gente está findando o minério de ferro no nosso município”.