Mesmo com as atrocidades, Governo Lula não classifica o Hamas como grupo terrorista

Equipe de comunicação do Governo Federal registra Lula hipoteticamente tentando apaziguar o conflito em diálogo com Israel

O governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), segue com a política de não classificar o grupo extremista islâmico Hamas, como organização terrorista.

A informação foi defendida pelo governo brasileiro em matéria publicada no final da tarde desta quinta-feira (13) no portal Agência Brasil, um canal de informação que atente interesses da Esplanada dos Ministérios.

  • Veja matéria do Governo Federal

Os ataques do grupo extremista islâmico Hamas em uma festa rave no último sábado (7), em Israel, deram início a um novo capítulo sangrento no histórico conflito entre esse grupo e o exército israelense. As características do ataque, com centenas de mortes de civis e outras vítimas sendo levadas como reféns, levantou a questão sobre a denominação do Hamas como um grupo terrorista.

Veículos de imprensa de todo o mundo e algumas nações classificam assim o grupo extremista que controla a Faixa de Gaza. Ao lamentar o episódio, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, pelas redes sociais, se referiu ao ataque como terrorista, mas não estendeu tal adjetivo ao Hamas. Assim, o presidente segue a linha adotada pelo governo brasileiro.

  • Paragrafo confuso, pois ao mesmo tempo que classifica o ataque como terrorista, defende que os responsáveis não são terroristas

O Palácio do Itamaraty emitiu um comunicado, nesta quinta-feira (12), para informar que segue as avaliações do Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU) na designação dos grupos considerados terroristas. Pela Carta da ONU, o Conselho de Segurança é o órgão encarregado de zelar pela paz internacional.

“O Conselho de Segurança mantém listas de indivíduos e entidades qualificados como terroristas, contra os quais se aplicam sanções. Estão incluídos o Estado Islâmico e a Al-Qaeda, além de grupos menos conhecidos do grande público”, diz um trecho do comunicado.

Na nota, o Ministério das Relações Exteriores reafirma que, “em aplicação dos princípios das relações internacionais previstos no Artigo 4º da Constituição, o Brasil repudia o terrorismo em todas as suas formas e manifestações”.

Apesar da definição da ONU, países como Estados Unidos, Reino Unido, Canadá, Austrália, Japão, integrantes União Europeia e outras nações classificam o Hamas como uma organização terrorista.

  • Mesmo relatando que a ONU e vários outros países democratas classificam o Hamas como organização terrorista, Governo Brasileiro segue em linha oposta

Já maioria dos países-membros da ONU, incluindo países europeus como Noruega e Suíça, além de China, Rússia, nações latino-americanas, como o próprio Brasil, México, Colômbia, seguem a definição atual da ONU que não classifica o Hamas como grupo terrorista. A ideia de uma posição mais neutra também é uma forma de manter os países como mediadores de conflitos, além de ampliarem a capacidade de proteção a seus cidadãos em áreas conflagradas.

  • Governo Lula acredita que a neutralidade habilita o Brasil a ser um pacificador do conflito, o que nunca aconteceu até o momento em se tratando de outras guerras

“A prática brasileira, consistente com a Carta da ONU, habilita o país a contribuir, juntamente com outros países ou individualmente, para a resolução pacífica dos conflitos e na proteção de cidadãos brasileiros em zonas de conflito – a exemplo do que ocorreu, em 2007, na Conferência de Anápolis, EUA, com relação ao Oriente Médio”, diz ainda a nota do Itamaraty, para reforçar a posição brasileira atual.

  • Deputados de direita pedem que o Governo Federal classifique o Hamas como organização terrorista

Um grupo de deputados de oposição chegou a pedir, essa semana, que o Ministério das Relações Exteriores mude a classificação brasileira sobre o Hamas.

A violência em Israel e na Palestina chegou ao sexto dia nesta quinta, com a continuidade de intensos bombardeios na Faixa de Gaza, onde vivem 2,3 milhões de palestinos. Autoridades locais já contabilizam mais de 2,8 mil mortes (1.530 na faixa de Gaza e 1.300 em Israel) e mais de 5 mil feridos nos dois lados da guerra. Há pelo menos 180 mil desabrigados.

  • Após a campanha de 2022, Lula foi elogiado pelo grupo terrorista

Os cumprimentos do grupo terrorista pela vitória do petista foram divulgados em 31 de outubro de 2022, considerando ter sido “uma vitória para todos os povos oprimidos em todo o mundo, especialmente para o povo palestino, pois ele é conhecido pelo seu apoio forte e contínuo aos palestinianos em todos os fóruns internacionais”.

  • Um resumo sobre o Hamas

O Hamas, nome que significa, em árabe, Movimento de Resistência Islâmica, é um movimento palestino constituído de uma entidade filantrópica, um braço político e um braço armado. Foi criado em 1987, no contexto da 1ª Intifada, que foi uma das revoltas Palestinas contra a ocupação de Israel.

Em 2006, o Hamas venceu a eleição para controlar a Palestina e ‘silenciou’ o grupo oposicionista Fatah. Logo após, em 2007, o Hamas assumiu o controle da controversa Faixa de Gaza, um território composto por uma estreita faixa de terra localizada na costa oriental do Mar Mediterrâneo, no Oriente Médio, que faz fronteira com o Egito no sudoeste (11 km) e com Israel no leste e no norte (51 km). O território tem 41 quilômetros de comprimento e apenas de 6 a 12 quilômetros de largura, com uma área total de 365 km², onde vivem, em situação precária, de cerca de 2,4 milhões de pessoas. Para se ter uma ideia, Santa Maria de Itabira tem 597 km² e 10.491 habitantes.

Devido a divergências internas e o totalitarismo do atual grupo governante, desde 2006 não há eleições presidenciais na Palestina. Antes, elas ocorriam a cada quatro anos.

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