“Para resolver os problemas, a Prefeitura vai usar caminhões-pipa para captar água no rio Tanque e trazer para Itabira”, informou Carlos Henrique
Abundância de água no rio Tanque muda discurso de vereadores da base
04/09/2024 – O vídeo que circulou na internet mostrando a abundância de água do rio Tanque, previsto como a solução definitiva para o abastecimento de água de Itabira, provocou inquietação entre os vereadores da base governista, durante a reunião ordinária desta terça-feira (3). O material audiovisual com data também de terça, prova que o projeto de captação do rio Tanque resolve em definitivo o problema da escassez de água na cidade e esvazia as justificativas dos aliados do prefeito Marco Antônio Lage (PSB).
“Mas como assim tratar de uma licença ambiental depois de quatro anos se isso já estava definido lá de trás?”, questiona Diguerê sobre informação divulgada pela Prefeitura
O vereador Rodrigo Alexandre Assis “Diguerê” (Republicanos), um dos que tem provocado reiteradas discussões pela busca de soluções do problema da crise hídrica na cidade, acusado de politicagem, fez questão de mostrar as imagens do rio e mais uma vez cobrar do governo ações concretas para a situação.
“Nós tratamos desse assunto aqui na semana passada e por alguns colegas foi mencionado aqui que foi questão de politicagem e eu fiz questão de trazer esse vídeo aqui e mostrar para a população o quanto a água no rio Tanque é abundante e o quanto demonstra que o que houve foi falta de prioridade”, disse Diguerê.
O vereador ainda usou o material para questionar releases distribuídos na internet pela Comunicação da Prefeitura de que o prefeito estava buscando o licenciamento ambiental exigido ao projeto de captação do rio Tanque. O vereador afirma esse licenciamento foi realizado há quatro anos, ainda na gestão passada.
“Mas como assim tratar de uma licença ambiental depois de quatro anos se isso já estava definido lá de trás. Então trouxe aqui para a população ver com os próprios olhos. Esse registro é de hoje pela manhã lá no rio Tanque e é inadmissível que a gente esteja passando por problemas tão graves com água, sem que essa água tenha sido captada lá no rio Tanque com orçamento [municipal] de R$ 3 milhões de reais por dia”.
“Eu imputo responsabilidade para quem assinou o termo com o Ministério Público”, disse Bernardo Rosa se esquecendo que o documento foi assinado em agosto de 2020
Aliado do prefeito, o vereador Bernardo Rosa (PSB), na tentativa de defender o governo e justificar a situação, recorreu a recortes de reportagens e apresentou uma cronologia da demanda para demonstrar que a falta de água na cidade não é problema do atual governo. Ele defende que, pelo menos nas últimas três gestões, o assunto foi foco de discussões sem que fosse resolvido. Entretanto, a cronologia dele comprovou que o atual prefeito, Marco Antônio Lage (PSB), ignorou o projeto de captação do rio Tanque deixado por seu antecessor.
“O que a gente tem que deixar claro para a comunidade é que a responsabilidade e a situação da água não é de ontem. É de muito tempo. Que as coisas foram passando, os dias foram passando, o tempo foi passando e providências não foram tomadas. Por isso, eu falei lá atrás que o termo que foi assinado com a Vale, não imputo responsabilidade a Vale. Eu imputo responsabilidade para quem assinou o termo com o Ministério Público”, disse mostrando recortes de manchetes tendo o desabastecimento como foco nos últimos 12 anos. “Quem assinou tem o compromisso de fazer”, completou.
A captação de água no rio Tanque foi proposta pelo Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) por meio de um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC), assinado em agosto de 2020 pela Prefeitura Municipal de Itabira, Serviço Autônomo de Água e Esgoto (Saae) e a mineradora Vale — responsável por custear e executar todo o projeto, que à época, tinha valor estimado de US$ 30 milhões de dólares (equivalente a R$ 165,8 milhões).
De acordo com o cronograma inicial a obra seria concluída em 2023, garantindo ao município até 600 litros de água por segundo.
Enganação e falta de vontade política é apontada por opositores como causa da perpetuação do problema
O fato de se tratar de um problema crônico, vivenciado por Itabira há muito tempo, não são aceitos como desculpas para a continuidade da falta d’água na cidade.
“Faltou pulso, faltou vontade política, faltou experiência. Faltou prioridade por parte do governo para fazer acontecer”, disse a vereadora Rose Félix
Para a vereadora e candidata à vice-prefeita nas próximas eleições, Rosilene Félix Guimarães (PSD), faltou vontade política do gestor municipal para que o projeto fosse executado. Na opinião dela, o prefeito que esteve na gestão a partir de 2021 é que deveria ter dado prioridade em cobrar da Vale.
“Faltou pulso, faltou vontade política, faltou experiência. Faltou prioridade por parte do governo para fazer acontecer. Aí dizer que tem uma legislação para ser seguida. Claro que tem. Mas quando a Vale quer, ela mesma provoca as audiências públicas, ela mesma mobiliza a população. Quando ela quer abrir uma mina em qualquer lugar do Brasil ou do mundo, ela mobiliza a população, ela faz acontecer para que as licenças saiam. E nesse caso, nós não vimos um movimento da Vale e não vimos um mover do governo [municipal]”, disse demonstrando sua experiência em trabalhos de enfrentamento à minerado, quando sindicalista e destacando a ausência do prefeito nas audiências públicas realizadas em Itabira e em Belo Horizonte para tratar da falta de água no município.
“Eu fico muito preocupado quando vejo uma situação dessa na nossa cidade”, diz Neidson Freitas, lembrando das críticas em relação a água e promessa do prefeito em 2020
Neidson Dias Freitas (MDB), candidato a prefeito na mesma chapa que a colega Rose Félix, destacou as mentiras e falta de coerência nos discursos feitos pelo prefeito na campanha passada quando ele afirmava que era fácil resolver o problema da água na cidade e na atual que justifica sua falta de ações a entraves legais.
“Parece que ele está esquecendo que ele ficou quatro anos sentado nessa cadeira como prefeito e na campanha política dele, tem vídeos aí na internet falando que isso era um absurdo, Itabira faltar água. Que era uma vergonha Itabira ter água suja, contaminada e falta nos bairros e que ele não sofria esse problema porque ele tinha fonte de água mineral na fazenda dele”.
Diante da proximidade da nova eleição, o vereador aproveitou ainda para propor uma reflexão de se ter uma pessoa que não tem compromisso com a cidade em sua direção.
“Eu fico muito preocupado quando vejo uma situação dessa na nossa cidade. E a minha preocupação é com a forma como o prefeito tenta enganar as pessoas, assim como fez na campanha passada. Ele enganou muitos itabiranos que escolheram ele com a imagem de que seria um grande gestor. Faltam 30 dias para as eleições. E essa reflexão é importante porque o prefeito está sentado na cadeira colocando o nome dele novamente”.
“E aí agora ele usa de má fé para enganar a população novamente. Um vídeo, na semana que a cidade sofre com essa falta de água, e não era para sofrer se não tivesse faltado esforço político, competência política, responsabilidade com a continuidade das obras, porque está todo mundo falando que é um problema antigo de Itabira, mas esse antigo, é importante deixar claro para a população, como diz Bernardo, ele fez uma cronologia dessa demanda mas foi em 2020 que foi assinado esse TAC”, disse lembrando que o problema é antigo, mas a solução deu início recentemente no governo Ronaldo Magalhães.
“E que já teria avançado esse projeto se o atual prefeito não tivesse feito o que ele mais gosta de fazer, que é ser engenheiro de obra pronta”.
Água será transportada por caminhões-pipa
Na tentativa de encerrar as discussões, o líder do governo na Câmara, vereador Carlos Henrique de Oliveira (PSB), pediu a palavra para informar que as medidas do prefeito para resolver os problemas de desabastecimentos que consiste no transporte de água em caminhões-pipa para abastecer uma lagoa no Distrito Industrial e tratá-la.
“Ainda essa semana o Saae vai trazer do rio Tanque até Itabira através de caminhão-pipa, enquanto não sai a liberação do licenciamento ambiental de 20 a 30 caminhões-pipa por dia para tentar sanar este problema”, disse acrescentando que a água vai ser armazenada na lagoa próximo a Unifei, onde receberá o tratamento para distribuição.
- Matéria relacionada
Conforme previsão, água do rio Tanque já deveria estar nos lares itabiranos